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SEMANÁRIO

Apontamentos sobre o declínio do neo-reformismo e sua influência para o avanço da direita na Europa

Josefina L. Martínez

Apontamentos sobre o declínio do neo-reformismo e sua influência para o avanço da direita na Europa

Josefina L. Martínez

As últimas eleições na Grécia e no estado espanhol mostram um forte retrocesso das organizações neoreformistas, ao mesmo tempo que há um avanço dos partidos da extrema direita. Neste artigo abordamos algumas reflexões sobre o legado que deixam depois de sua passagem pelo poder.

O resultado das últimas eleições na Grécia resultou em uma comoção política para a esquerda neoreformista, e, em grande medida, confirma o fim do ciclo da "hipótese populista de esquerda". Em primeiro lugar, se constata uma recomposição da direita tradicional da Nova Democracia, que obteve 40,5% dos votos e conseguiu a maioria absoluta. Isso foi facilitado graças à aplicação de um mecanismo antidemocrático que concede uma quantidade de deputados "extra" à força vencedora [1]. Syriza ficou em segundo lugar com 17,8%, simplesmente 23 pontos abaixo do ganhador. Está semana, Alexis Tsipras reconheceu a derrota e apresentou sua renúncia à direção do Syriza [2]. Outro fenômeno é a entrada de três partidos de extrema direita no parlamento grego, que somados alcançaram 12,8% [3]. Os socialistas do PASOK, depois de estar a ponto de desaparecer em 2015, tiveram uma recuperação lenta chegando a 11%. O nível de abstenção alcançou um recorde de quase 50%.

Em 2012, a Grécia esteve no centro da resistência operária e popular no sul da Europa contra as consequências da crise capitalista, já em 2015 a chegada do Syriza ao poder despertou expectativas acerca das possibilidades de um "governo de esquerda antineoliberal", posição com a qual polemizando em diversos artigos. Uma década depois, o cenário político tende claramente à direita e está irreconhecível em relação ao ciclo aberto em 2012. O que aconteceu? Além de uma análise do longo ciclo desde a crise capitalista de 2008 até então, queremos pontuar também uma reflexão sobre a conjuntura mais recente. Há alguns meses escrevemos que na Grécia estava se desenrolando um importante processo de mobilizações operárias e populares, com várias greves gerais, como resposta ao acidente de trem no qual morreram 57 pessoas. Então, nos perguntamos, por que este profundo descontentamento e essas mobilizações não se expressaram politicamente pela esquerda nas eleições? Qual relação se estabeleceu entre o aspecto social e o político? Refletir sobre esta relação é chave para pensar o balanço do ciclo político de neoliberalismo na Grécia e em outros países.

De fato, ainda que tenha diferenças, no estado espanhol e em Portugal se pode ver uma tendência no mesmo sentido. No caso do Podemos, o partido foi fundado em 2014 depois do 15M na intenção de servir como expressão política deste movimento. Mas, depois de quatro anos de cogoverno com o PSOE, o partido está em aberta decadência. Os péssimos resultados do Podemos nas eleições regionais foram reconhecidos inclusive pela sua direção. Sua principal figura pública, Irene Montero, foi vetada das chapas de deputados para as eleições de 23J, enquanto Pablo Iglesias retrocedeu ao jornalismo. A nova candidatura de centro-esquerda, (Sumar) é um reformismo mais light que tem objetivo de somar votos para um governo de coalizão encabeçado por Pedro Sánchez [4]. Em Portugal, o Bloco de Esquerda, depois de apoiar "de fora" um governo do Partido Socialista, (social-liberal) acabou retrocedendo eleitoralmente, enquanto o partido de extrema direita Chega! acabou crescendo.

"Syriza desferiu um golpe mais duro na direita do que Thatcher"

O extremismo de economia do governo do Syriza, Yanis Varoufakis, assegurava em uma entrevista [5] que Syriza havia desferido um golpe mais duro na esquerda do que Margaret Thatcher. E defendia que isso era um fato porque uma vez no governo: "Se mostraram mais firmes e eficazes na aplicação das medidas de austeridade, mais impiedosos com as privatizações e, como disse Wolfgang Schäuble, foi o único governo que implementou de fato o programa da Troika." Toda uma definição do legado de Syriza. Varoufakis também dizia que "Podemos perdeu a batalha um dia depois de referendar, através de Pablo Iglesias, a redenção de Tsipras. A sensação de derrota para a esquerda de toda a Europa foi o maior incentivo que o establishment e a internacional fascista poderiam receber."

Voltaremos depois para o caso de Varoufakis, cujo partido não conseguiu alcançar os 3% dos votos necessários para conseguir vagas no parlamento grego nas últimas eleições [6]. O que nos interessa no momento é a definição de quem foi parte central do governo de Alexis Tsipras e as consequências da capitulação de Syriza. A metamorfose do Syriza, que foi da grande esperança da esquerda a melhor aplicador dos planos da Troika (FMK, BCE e UE) em apenas seis meses depois de chegar ao governo, foi talvez o caso mais rápido e brutal de transformismo político (Gramsci) na história recente. No caso do Podemos, trilhou o mesmo caminho mas em tempos mais espaçados e acabou se tornando um apêndice do PSOE na coalizão do governo, o que permitiu uma recomposição deste partido. Já muito antes, quando apoiou a capitulação de Alexis Tsipras, Pablo Iglesias deixou bem claro que não estava a dar nenhuma batalha.

Do populismo de esquerda à esquerda da OTAN

Muito foi escrito sobre o "populismo de esquerda" nos últimos anos, mas poucas reflexões incluíam um balanço concreto do que significou a "prova de poder" para essas organizações políticas [7]. Se a hipótese populista, nos termos de Chantal Mouffe buscava estabelecer um novo "discurso anti-establishment” de um ponto de vista "progressista" para quebrar o "consenso do centro" político e "traçar a fronteira entre o povo e a oligarquia" [8], a experiência destas organizações políticas foram de integração à casta política, favorecendo a recomposição dos regimes políticos e adotando medidas a favor do establishment. [9]

Para Mouffe, o populismo de esquerda significava em teoria "o estabelecimento de uma equivalência entre as demandas dos trabalhadores, dos imigrantes e da classe média precarizada, além de incluir outras demandas democráticas como as da comunidade LGBT." E garantia que o objetivo era a "criação de uma nova hegemonia que permitia a radicalização da democracia".

No caso grego, a realidade é que, muito longe de dar uma resposta às demandas dos trabalhadores, o governo de Tsipras avançou em reformas trabalhistas e em privatizações. Em vez de terminar com o racismo do Estado contra os imigrantes, ele fundou novos centros de refugiados nas fronteiras, promoveu expulsões relâmpago e assinou o pacto europeu com a Turquia para proteger as fronteiras da fortaleza europeia. No lugar de atender às demandas da classe médias precarizada, se dedicou a salvar os bancos, despejar quem não podia pagar as hipotecas e aumentar a precarização. Muito longe de "radicalizada a democracia" e de resolver demandas como as da comunidade LGBTI, manteve os acordos com com a igreja ortodoxa grega e governou em aliança com o ANDL (Gregos Independentes), um partido nacionalista de direita e xenofóbico.

Do mesmo modo, se o Podemos no estado espanhol articulou seu discurso populista em torno da ideia de "acabar com a casta" e avançar em um "processo constituinte" para "recuperar a democracia", sua deriva política terminou em integração ao regime político como uma nova casta de esquerda: eles juraram lealdade à monarquia, não defenderam o direito à autodeterminação do povo catalão e acabou co-governando com o PSOE, um dos pilares do regime político do imperialismo espanhol. Assim como disse com orgulho o próprio Pablo Iglesias, pouco antes de renunciar ao seu cargo de vice presidente: "Nem mesmo o líder do maior partido comunista do Ocidente, Enrico Berlinguer, conseguiu chegar onde eu cheguei: um marxista em um governo da Aliança Atlântica." [10]

E em Portugal? O Bloco de Esquerda (constituído por várias forças políticas) tem sido colocado como exemplo muitas vezes como uma alternativa para "influenciar nas políticas do governo" pela esquerda. Entretanto, nas eleições de janeiro de 2022, este bloco teve um forte retrocesso, enquanto o centro e a direita se fortaleceram. O Partido Socialista (PS) do social liberal António Costa, que está no poder desde 2015, teve maioria absoluta nas eleições legislativas com 41,68% dos votos. Enquanto isso, o partidos ultra direitista e xenofóbico Chega!, se colocou como terceira força política com 7,15% dos votos e 12 deputados. O ascenso desta organização aconteceu em paralelo à queda do Bloco e do PCP, que perderam um enorme peso eleitoral, como consequência de anos de apoio ao governo social liberal de Costa. Em 2015, o Bloco e o PCP apoiaram "de fora" o governo do Partido Socialista, este acordo ficou conhecido como "geringonça". A esquerda reformista foi chave portanto para a continuidade de um governo que militarizou greves operárias e resgatou a banca, ao mesmo tempo que não adotou nenhuma medida para reverter a política de privatizações dos governos de direita anteriores. Neste contexto, nos últimos anos o descontentamento foi capitalizado pela extrema direita, de forma reacionária. Como aconteceu em outros países, a subordinação das forças de esquerda neoreformistas ao governo social liberal abriu caminho para a direita.

Por fim, tanto Syriza (na oposição desde 2019), como Unidad Podemos (Podemos/PCE), o Bloco e a maioria do Die Linke (partido de esquerda reformista na Alemanha, que governou em algumas cidades e estados junto com o PSD e os verdes), têm apoiado neste ano as políticas imperialistas de aumento do aparato militar e o envio de armas para a Ucrânia através da OTAN. E mesmo que Pablo Iglesias advoga por uma política de "paz europeia", seus deputados votaram a favor dos pressupostos militares. [11]

As organizações populistas de direita, nacionalistas e xenofóbicas surgem em meio a um clima de crise social, declínio dos partidos tradicionais e degradação das condições de vida de grandes setores da população. Seus discursos, com retóricas mais ou menos radicais contra o establishment e a "casta política" encontram respaldo em setores descontentes. As políticas anti direitos pretendem canalizar em chave reacionária o mal estar dos "perdedores da globalização", sejam esses setores da classe média ou da classe trabalhadora. Dividem setores das classes trabalhadoras nativas e setores mais precários (imigrantes, mulheres, etc), ao mesmo tempo que colocam de lado os direitos das mulheres e dos LGBTI.

Diante do avanço da direita, alguns setores da esquerda reformista tendem a "disputar" com este setor em seus próprios termos. Neste sentido, utilizam retóricas nacionalistas, restringem as fronteiras para a imigração, e deixam em segundo plano as reivindicações dos LGBTI, adaptando-se a um programa corporativista e economicista. Em outros casos, alguns setores colocam foco exclusivamente nas "guerras culturais" contra a direita, usando a bandeira do feminismo ou dos direitos para os imigrantes, mas em um plano exclusivamente de reconhecimento legal ou cultural. Em ambos os casos, se tem uma estratégia limitada de gerir as migalhas a partir das instituições capitalistas, gerando novas frustrações e descontentamento.

Luta de classes e luta política

Nós começamos este artigo nos perguntando por que as manifestações que aconteceram na Grécia nos últimos meses não tiveram uma expressão eleitoral à esquerda.

As greves e manifestações explodiram a partir do acidente de trem no qual morreram 57 pessoas em 28 de fevereiro. Também tiveram mobilizações massivas em repúdio à política migratória do Estado grego, que provoca sistematicamente a morte dos imigrantes no mar. Desde 8 de março foram chamadas várias greves gerais no setor público, greves no metrô e nos trens. Sobre a greve de 8 de março, a imprensa internacional destacava a massividade das manifestações e uma importante participação da juventude. Em alguns lugares, como Patras, Bolos, Heráclio e Mitilene "não aconteciam manifestações tão grandes desde o final da ditadura em 1974". E então, porque a direita teve a maioria absoluta dos votos?

A primeira coisa que salta aos olhos é que a capitulação do Syriza segue pesando, além da memória viva do debate social que deixou sua decisão de aplicar os planos da Troika. O PIB da Grécia segue 20% abaixo dos níveis anteriores à crise, enquanto a dívida pública alcança 180% do PIB e os salários estão entre os mais baixos da UE. Muitos dos que participaram das manifestações contra o acidente de trem têm a opinião de que o Syriza também é responsável pelo processo de privatização ferroviária que levou o serviço a condições lamentáveis, isso leva a que o descontentamento, mesmo quando culmina em mobilizações, esteja acompanhando de um sentimento de desidentificação política. Segundo Mariana Tsichli, co-secretária da Unidade Popular: "Uma grande parte da sociedade acredita agora que ’todos os políticos são iguas’ e que não existe alternativa." Para Tsichli, isso é "o resultado do recuo e da desmoralização que se sucederam à derrota de 2015". Destaca também o fato de que "a esquerda radical não tem sido capaz de oferecer uma perspectiva política suficientemente confiável para reverter esta situação. Como consequênciaz assistimos a uma desconexão crescente entre o social e o político."

Esta desconexão é notável, mas o surgimento de protestos, mesmo quando se acumula muita raiva, não se vincula automaticamente em uma expressão política, muito menos significa que conduzirá a um crescimento eleitoral pela esquerda. Quais influências políticas a esquerda tinha nos momentos prévios? Qual inserção real tinham em setores do movimento operário, no movimento estudantil e em outros setores populares? Estas são outras variantes que precisam ser levadas em consideração, neste sentido, teria que se pensar por que na Grécia "a esquerda radical não foi capaz de oferecer uma perspectiva política suficientemente confiável". Em especial, se deveria avaliar a influência que teve o fato de que as figuras públicas da Unidade Popular ou o partido de Varoufakis tenham sido também figuras do Syriza e de seu governo. Quando se promovem projetos reformistas e estes fracassam estrepitosamente, fica difícil ser reconhecido como uma "esquerda radical confiável" da noite para o dia [12]. Por sua vez, o KKE (Partido Comunista da Grécia), de filiação stalinista, alcançou 7,6% (20 deputados). [13] Trata-se de um partido com uma retórica radical anti-sistema, com raízes sindicais e estudantis, mas com uma política profundamente sectária. Se negam a construir qualquer frente única, evitam a luta contra as burocracias sindicais por uma unidade da classe trabalhadora. Inclusive, durante as mobilizações contra o acidente, este partido "se negou a pedir a nacionalização do sistema de trens, argumentando que independente de serem privados ou públicos, seguiriam servindo ao sistema capitalista". [14]

Também tem que se observar o estado espanhol. Podemos tentou se alçar como a expressão política de um movimento que tendia a se esgotar na "ilusão social", mas desta forma se transformou em uma nova "ilusão política" que, não nos esqueçamos, teve entre seus entusiastas boa parte da esquerda radical, começando pelo Anticapitalistas (naquele então, Esquerda Anticapitalista). A construção do Podemos era a única alternativa possível? Ou havia uma possibilidade de construir uma perspectiva política de independência de classe? Sim, havia, mas esta era a opção mais difícil, menos "exitosa" no imediato (ou seja, no plano tático eleitoral), mas infinitamente mais proveitosa no plano estratégico, isto porque uma organização independente com uma política revolucionária teria permitido um acúmulo de forças e serviria como uma ferramenta para canalizar o descontentamento ante a inevitável capitulação da esquerda neoreformista. [15]

Na atualidade, o fim do ciclo neoreformista em vários países, parece estar dando lugar ao ressurgimento de ideias que priorizam a "volta ao social" em chave autonomista ou movimentista. Entretanto, nem a desconexão entre o social e o político, nem a subordinação do social aos projetos políticos reformistas, pode dar uma saída à crise capitalista. Se trata de não cair mais uma vez nas mesmas armadilhas. A questão chave, em todo caso, é como desenvolver as potencialidades da luta de classes, articulando o conjunto das reivindicações dos trabalhadores e dos setores oprimidos, para dar passos rumo a uma nova consciência política anticapitalista e socialista.

Enfrentar a direita com luta de classes

A estratégia de gerir o Estado capitalista para acumular "pequenas mudanças", se converteu em um fracasso. Pablo Iglesias reconheceu um pouco antes de renunciar: "Me dei conta de que estar no Governo não é o mesmo que estar no poder". E assim chegava à notável conclusão de que "nenhum rico ou poderoso está disposto a aceitar facilmente uma decisão", mesmo que seja "democrática". Bem vindo ao capitalismo.

Ainda assim, munidos de um conformismo aberto sobre o que se pode esperar, os reformistas apelam cada vez mais ao pragmatismo e ao "realismo político". E se não podem gerar grandes expectativas, reafirmam que só eles podem ser um "freio" ou um "dique" para a extrema direita. Insistem, de maneira degradada, no velho conto do mal menor. O problema é que, diante do agravamento da crise capitalista, as tendências inflacionárias e a guerra, não há espaço para uma moderação. O único dique que os reformistas realmente representam é contra a mobilização, e ao colaborar com a administração dos planos capitalistas, geram frustração e desmoralização. Qual é seu mérito mais duradouro? O de haver passivizado as manifestações de rua e ajudado na recomposição de regimes políticos que estavam em profunda crise, e depois ainda se perguntam porque a direita está se fortalecendo.

Um importante ciclo de luta de classes no sul da Europa seguiu após a crise capitalista de 2008, ele foi neutralizado e desviado pela ação das burocracias sindicais e os partidos neoreformistas. Agora nos encontramos em outro momento político, marcado pelas tensões internacionais renovadas, a guerra da Ucrânia, a alta inflacionária, assim como o surgimento de novos processos de luta e mobilização em alguns países. Estará surgindo uma nova tendência mais geral à luta de classes na França? Podemos observar neste país uma grande batalha pelas aposentadorias e agora estamos assistindo um novo episódio, com o despertar de uma juventude racializada dos bairros da periferia contra a violência policial.

Se a mobilização não se traduz de forma automática no terreno político, então o ponto chave é lutar para desenvolver os elementos mais avançados destes movimentos, fazendo tudo o que for possível para que possam surgir novas instituições de auto-organização, enfrentar as burocracias e desenvolver uma esquerda socialista e revolucionária que defenda uma saída à esquerda para a crise. Na França, os companheiros e companheiras do Révolution permanente estão dando está batalha, propondo a construção de comitês de ação pela greve geral com um programa para unir a luta contra a reforma da previdência e a luta pelos aumentos salariais, a divisão das horas de trabalho e o fim da precarização. Nesta semana, através da Rede Pela Greve Geral manifestaram seu apoio ativo às mobilizações da juventude, defendendo a organização da raiva que hoje se expressar nas ruas, para unificá-la com a força da classe trabalhadora através da greve geral.

Na Argentina, as companheiras e os companheiros do PTS na Frente de Izquierda, estão travando a luta junto com as comunidades originárias, as trabalhadoras da educação e o povo de Jujuy contra a reforma antidemocrática, contra o saqueio do lítio e contra a repressão. Como explicou Eduardo Castilla do PTS, este partido "vem travando uma batalha aberta em todos os terrenos para colocar de pé uma instância que permita unir o conjunto dos setores em luta. Uma assembleia provincial que permita agrupar trabalhadores; trabalhadoras; comunidades originárias; estudantes e outros setores, para a partir desta força impor à CGT, à CTA e aos sindicatos uma imediata paralisação nacional que continue até derrotar a reforma de Morales e do PJ.". Uma luta que se desenvolve a partir das posições conquistadas em momentos anteriores, tanto na juventude como entre os trabalhadores de diferentes setores, bem como a importante intervenção das principais figuras públicas do PTS como Natalia Morales (deputada provincial), Alejandro Vilca, Myriam Bregman e Nicolás del Cano (deputados federais).

São exemplos de que, contra as políticas da direita, há outras alternativas para além da resignação e o mal menor, também podemos nos enfrentar contra eles. O verdadeiro "realismo político" é apostar no desenvolvimento destes processos de luta de classes e batalhar pela construção de uma esquerda revolucionária com uma estratégia para vencer.


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FOOTNOTES

[1Este mecanismo, totalmente antidemocrático, foi retomado em 2020. Mas, não podia entrar em vigência já na próxima eleição. Para resolver este problema, Mitsotakis chamou novas eleições imediatamente depois das realizadas em 23 de maio deste ano, nas quais também havia ganhado. As últimas eleições aconteceram em 25 de junho.

[2O retrocesso do Syriza deu um salto, depois de 2019 quando perderam as eleições legislativas (através das quais se elege o primeiro ministro). Então obtiveram 31,5% dos votos frente a 39,8% da Nova Democracia

[3A extrema direita tem representação no parlamento através do Espartanos (4,67% e 12 deputados); do partido ultraconservador Solução Grega (4,45% e 12 deputados); do fundamentalista cristão Movimento Patriótico Democrático Victoria (Niké, 3,7% e 10 deputados).

[4Podemos compõe o Sumar, mas agora com um papel subordinado à camarilha de Yolanda Díaz, o errejonismo e o PCE. Seus ex militantes usaram contra os dirigentes podemistas os mesmos métodos de vetos e expulsões "a dedo" que Pablo Iglesias impôs ao Podemos durante todos estes anos

[5George Souvlis entrevista Yanis Varoufakis; “Syriza desferiu um golpe mais duro na esquerda do que Thatcher”, CTXT, 14/03/2020.

[6O partido de Varoufakis Mera25 concorreu às últimas eleições em aliança com a Unidade Popular, que foi fundado em 2015 por um grupo de deputados e dirigentes do Syriza que eram parte da chamada "ala esquerda" do Syriza

[7Para aprofundar a polêmica com o populismo de esquerda e as elaborações de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, ver Maiello, Matías, Da mobilização à revolução, Edições IPS, 2022.

[8Chantal Mouffe, Por um populismo de esquerda, Siglo XXI Editores

[9Recomendamos a leitura de: Cinatti, Claudia; “Del populismo de izquierda a la revolución democrática verde. A propósito del último libro de Chantal Mouffe”,em Contrapunto, 16/04/23

[10Josefina Martínez, “Pablo Iglesias e Enrico Berlinguer: do Eurocomunismo à video-política”, em Contrapunto, 15/05/2021, disponível em: https://www.izquierdadiario.es/Pablo-Iglesias-y-Enrico-Berlinguer-del-Eurocomunismo-a-la-video-politica

[11Santiago Lupe; A Guerra na Ucrânia, uma posição independente e socialista, em Contrapunto, 26/02/23.

[12Stathis Kouvelakis e Costas Lapavitsas defendiam, no começo deste ano, que o partido de Varoufakis não tinha nenhuma raiz no movimento operário em entre os movimentos sociais, e que era apenas um partido "midiático" de um líder. Mas a proposta "superadora" de ambos era emular a coalizão Nupes de Melenchon na França, ou deja, um novo Syriza "das origens". Ver: Stathis Kouvelakis e Costas Lapavitsas; A esquerda grega precisa de uma alternativa ao Syriza; Jacobin, 24/01/23

[13Isto representa um aumento de 2 pontos em relação a 2019, e um retorno a uma cifra que alcançavam antes de 2012.

[14Stathis Kouvelakis; Grécia: triunfo conservador, derrota de Syriza; Jacobin, 16/06/23.

[15Santiago Lupe, assim Podemos abriu as portas para a restauração do regime e da direita, em Contrapunto. 03/06/23. E ver também: Diego Lotito; Debate: ‘Anticapitalistas’ del estado Español a la luz de la crisis del NPA francés; en Izquierda Diario, 20/05/21.
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Josefina L. Martínez

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