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Reproduzimos nota publicada pelo coletivo Prisma da UFABC para o mês da visibilidade Trans.

sexta-feira 26 de janeiro de 2018 | Edição do dia

Janeiro é o mês da Visibilidade Trans e o iniciamos com dois assassinatos brutais. Ano passado ocorreram 185 assassinatos de pessoas trans. As mortes de LGBTs aumentaram em ⅓ entre 2013 e 2017, o que segue o avanço de um governo ilegítimo, com políticas de austeridade contra a classe trabalhadora, que busca apoio popular por meio do pânico moral, da ameaça imaginária de por uma suposta ideologia de gênero, intensificando-se ações de vigilância contra escolas e museus, com projetos para controlar o discurso dos professores em projetos como “Escola sem Partido”, retorno dos tratamentos de reorientação sexual (“cura Gay”) e na retirada das discussões sobre gênero nos planos municipais de ensino.

Enquanto a maioria da população LGBT se encontra desempregada ou em subempregos, os avanços da precarização do trabalho com a reforma trabalhista tende a acentuar essa situação de exclusão. A luta LGBT não pode ser vista separada da luta de classes, posto que consiste no elo mais frágil das relações de trabalho, já que o capital relega ao posto de “exército permanente de reserva”. Mesmo em momentos de ascensão do Capital, há apenas uma sub-colocação no mercado, o que faz com que a luta LGBT, e principalmente a luta trans deva se converter necessariamente em uma luta anti-capitalista.

O resultado deste cenário é a reafirmação da exclusão nas escolas e o apagamento de nossas demandas; realidade que contrasta com um avanço inédito da pauta trans na mídia de massa que se deu conta do espaço próprio que a luta foi alcançando e por uma coaptação da mesma via mercado de consumo. Essa falsa visibilidade aparece quando o respeito se dá apenas enquanto nicho específico de mercado, de empresas interessadas no “Pink Money” ou apenas como propaganda de “empresas inclusivas”, mas as demandas vão além dos limites do Capital e sua incorporação marginal de parte da população LGBT em um capitalismo rosa, que esconde a exclusão, a marginalização, o desemprego, a prostituição compulsória, o assassinato e mesmo o direito de utilização de banheiros públicos.

A visibilidade trans se encontra nos noticiários criminais, na prostituição à noite e na indústria pornográfica, mas não está na universidade, por exemplo. A exclusão na escola, na família, se concretiza no mercado de trabalho, onde a única opção que surge é o papel relegado como trabalhadora sexual. Se o desemprego entre LGBTs é maior que em comparação à população cis-hétero, e em relação às pessoas Trans se torna quase que absoluto. Diante deste quadro, falar em visibilidade trans, é pensar em como ter acesso a espaços, à educação, à saúde e ao trabalho.

A Prisma obteve uma vitória em garantir a utilização do banheiro de acordo com identidade de gênero para pessoas trans; obteve cotas para pessoas trans na escola preparatória e se iniciará neste ano, como um programa de Educação de Jovens e Adultos. O direito à educação é um dos pilares para reverter o quadro de marginalização, mas este é apenas um pequeno passo, pois muita luta ainda se encontra na superação da situação de vulnerabilidade e exclusão. Torna-se necessário um movimento LGBT classista, antirracista e feminista por acesso a educação e saúde públicos e gratuitos. Que junto com o movimento operário lute contra a reforma da previdência e aos ataques deste governo golpista.

A PRISMA estará no Ato 27/01 - Sábado - 13h00 - MASP , Paulista, na 3a. Caminhada pela Paz: Sou Trans quero dignidade e cidadania

Venham todas e todos

COLETIVO LGBT PRISMA




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