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CAXIAS DO SUL | Contra o cercamento e a militarização da UCS! Reitoria e DCE querem mais elitismo e repressão

A reitoria da UCS vem planejando cercar o campus universitário a fim de proteger seu patrimônio, e isso envolve retirar o transporte público e instituir o estacionamento pago. O DCE mais uma vez faz coro com a reitoria e apresenta uma proposta ainda mais reacionária: a militarização da universidade.

quarta-feira 25 de julho de 2018 | Edição do dia

A reitoria da UCS, para tornar a universidade ainda mais restrita e elitista, fechou o primeiro semestre propondo o cercamento do campus, com a justificativa de melhorar a segurança. Junto ao cercamento quer o fim do transporte público dentro do campus e a cobrança de estacionamento. Medidas de "segurança" que tornam o espaço ainda mais restrito e elitista, ainda mais deserto, e que mostram como a reitoria e o Conselho Universitário - composto pelos grandes empresários locais, a burocracia acadêmica e setores ligados à Igreja - só estão preocupados mesmo com a segurança da sua propriedade. Da mesma forma que a qualidade da formação acadêmica é menos importante que seus lucros, é também menos importante a mobilidade e o acesso ao campus do que seu patrimônio.

O DCE da UCS, dirigido pela UJS, sequer se disse contrário a essa medida elitista da reitoria. Em entrevista ao jornal local, afirmou que não é contra o controle de acesso. Em reunião com o coletivo de mulheres Helenira Rezende e alguns estudantes, fez propostas de "segurança" ainda mais reacionárias: encaminhar ofício ao 12o Batalhão da PM para reforçar Policiamento Comunitário, treinamento, aumento do efetivo e melhor aproveitamento do atual contingente de guardas universitários, além de mais monitoramento do campus por câmeras. O DCE inclusive avança em relação às propostas do reitor no sentido de tornar o espaço ainda mais restrito, elitista, com mais repressão e controle do Estado e do Conselho Universitário. Nada de positivo trará a mesma polícia que reprime e controla greves e manifestações, além de promover um genocídio contra a população negra no nosso país.

Tanto a política do cercamento, quanto o clima de vigilância e opressão, não garantem a segurança na UCS. Servirão somente para dificultar ainda mais o acesso de pessoas mais pobres à universidade, e também para impedir a circulação da população no campus. Além disso tanto a política da reitoria quanto a política do DCE servirão para frear e reprimir o movimento estudantil nos momentos em que se erguer contra os ataques da reitoria, os aumentos de mensalidade e também contra os governos que tiram direitos.

Essas medidas deixarão o campus ainda mais deserto, dificultando a circulação inclusive de quem já estuda lá. Um espaço enorme como o da UCS ser ainda mais restrito e vazio só vai torná-lo ainda mais inseguro. É necessário, ao contrário, abrir as portas da UCS à classe trabalhadora e ao povo de Caxias, desde já, com atividades abertas garantindo que não só uma pequena minoria possa frequentar, utilizar e inclusive circular nesse espaço.

É preciso também questionar mais profundamente esse elitismo. A mesma reitoria que defende e promove isso aumenta mensalidades enquanto sucateia a formação acadêmica na UCS. É necessária a abertura imediata das contas da universidade, de modo que estudantes, funcionários e docentes saibam a realidade dos recursos, e quanto desses recursos vai para os bolsos da burocracia acadêmica encastelada na reitoria e para os empresários do Conselho Universitário. É necessário colocar a universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo, e por isso defendemos a estatização da UCS e de toda a rede privada de ensino, para que seja pública, gratuita e controlada por quem estuda e trabalha neste espaço, democratizando radicalmente o acesso com o fim do vestibular.

A barbárie do machismo não pode justificar mais repressão

A política defendida pelo DCE é uma resposta a um caso absurdo em que uma estudante foi estuprada e teve seu carro roubado no entorno da universidade. O homem apontado como responsável por essa brutalidade foi preso alguns dias depois. Esse é, sobretudo, um caso brutal de machismo, que revoltou principalmente as mulheres da UCS. Entretanto, a polícia no campus não garantirá que casos assim não ocorram, assim como a polícia também não evita que absurdos como esse aconteçam com uma frequência assustadora na sociedade. Em cada curso da universidade temos que nos organizar em comissões de alunas, funcionárias e professoras para impulsionar um combate cotidiano ao machismo e dizer à UCS e à toda a sociedade que nenhuma mulher tem que passar por nenhum tipo de violência, chamando o conjunto dos estudantes a ser parte de combater isso.

O machismo é uma relação de opressão, perpetuada pelo modo de produção capitalista, que incrementa seus lucros através disso. É parte da manutenção desse sistema através da superexploração das mulheres trabalhadoras e de todo tipo de violência, opressão e dominação. Casos como esse são expressão de uma cadeia de opressão e violência muito mais ampla. Ou seja, a violência contra a mulher é um problema estrutural do sistema capitalista, não pode ser reduzida a um caso de “mais polícia”. Inclusive a polícia não serve para combater a violência machista e os dados alarmantes expressam bastante isso. O Estado é responsável e mantém essas relações, portanto um combate consequente contra o machismo só pode ser coletivo e exige enfrentamento também com o capitalismo.

Nós do Grupo de Mulheres Pão e Rosas e da Juventude Faísca defendemos um Plano de Emergência Contra a Violência às Mulheres, que inclui medidas voltadas a garantir que as mulheres em situação de violência possam reconstruir suas vidas. É necessário assistência econômica às mulheres e seus dependentes, além de casas de abrigo, planos de moradia, licença do trabalho e dos estudos no caso das estudantes vítimas de violência machista. Equipes especializadas de prevenção, atenção e assistência devem acompanhar também essas mulheres. Outras medidas como o fim da desigualdade salarial entre homens e mulheres, assim como também a efetivação de todas as terceirizadas sem necessidade de concurso público, a legalização do aborto e a educação sexual em todas as instituições de ensino são parte desse plano. O plano deve ser financiado com a taxação das grandes fortunas dos país, além do confisco dos bens dos políticos e empresários corruptos e do não pagamento da dívida pública.

Na UCS, o DCE está com a reitoria para fazer com que um problema profundo e estrutural se volte contra o conjunto dos estudantes, sem sequer atacar o problema de fato. Por isso não garante espaços democráticos para que os e as estudantes possam se organizar e combater os ataques da reitoria e o machismo do qual as mulheres são vítimas dentro e fora da universidade.

O PCdoB, que está à frente do DCE, governou o país junto ao PT durante 13 anos e preferiram se aliar com setores conservadores, abrindo caminho para o golpe, do que garantir direitos elementares como a legalização do aborto e do que combater o machismo. Isso explica porque PLs como o da “Escola sem Partido”, por exemplo, que visa proibir o debate de gênero e sexualidade nas escolas, sequer são levantados como debate pelo DCE. Esses temas deveriam se tornar disciplinas básicas nos cursos de licenciatura para que a discussão de gênero e sexualidade seja colocada desde a formação de professores.

Defendemos uma universidade aberta, a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, onde o tema de gênero seja parte do debate da universidade. A polícia, assim como o cercamento do campus só podem servir para reprimir e perseguir as e os estudantes que se organizem na UCS.




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