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CRISE POLÍTICA | Crise sem fim, as saídas deles e a nossa

No complexo cenário político que segue sem parecer ter fim, as elites apresentam suas propostas com nuances, a nossa precisa ser radicalmente diferente.

sexta-feira 2 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Michel Temer participou na tarde desta quinta de um evento para investidores feito pelo grupo JP Morgan, no Hotel Hyatt na Zona Sul de São Paulo. Na sua fala, o presidente disse que "não há nenhuma vara de condão que recupere da noite para o dia uma economia que foi golpeada por alguns anos de políticas equivocadas".

De acordo com Temer: "Não posso ignorar o fato de que neste último mês de novembro, a confiança caiu um pouco em face de vários incidentes até de natureza política. As questões relativas à chamada anistia em um dado momento, agora a questão da responsabilidade de juízes e promotores etc, tem criado um natural embate em alguns setores governamentais e além disso, tem criado embates na própria opinião pública. Estes fatos e outros que vão ocorrendo criaram uma instabilidade e toda vez que há instabilidade o investidor coloca o pé atrás".

Michel Temer elogiou o avanço da PEC 241/55 que limita o teto dos gastos, ainda que reconhecendo que esta medida não é suficiente para aumentar a taxa de lucro dos setores imperialistas e da ’’elite’’ nacional que está descontente com o atual governo e prometeu aos investidores que na próxima semana vai levar a proposta da reforma da previdência ao Congresso.

No mesmo dia que Renan Calheiros e Sergio Moro discutiram no Senado temas sobre a crise do Judiciário e o Congresso, Michel Temer mais uma vez pede paciência e demostra que não consegue atender todos os interesses dos empresários. Esses empresários que estão descontentes com Temer querem que as medidas impopulares sejam implementadas com mais rapidez ou mesmo que sejam ainda mais duras.

Na disputa entre os de cima esta o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, que acha que os ataques que Michel Temer vem colocando são insuficientes. A crítica que os tucanos tem feito a Temer, consonantes com os anseios empresariais da FIRJAN por exemplo, é que além de acelerar a implementação das medidas impopulares, elas devem ser mais duras, como a promoção de um grande Black Friday das estatais brasileiras rum à privatização de tudo que seja possível.

Enquanto isso no Senado, Sergio Moro tenta um acordo com Renan Calheiros pra que faça uma emenda adicional à proposta de Renan que prevê a restrição do abuso de autoridade por parte dos juízes. A intenção do juiz de Curitiba é continuar garantindo super-poderes aos juízes e ministros. O objetivo de Renan Calheiros e Sergio Moro é buscar um consenso para focar em um interesse que eles têm em comum, aplicar os ataques contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade e garantir os interesses a burguesia.

Ao mesmo tempo que Renan e Moro fazem acordos para poder atacar mais, o Judiciário sai fortalecido para levar até o final a Operação Lava Jato. Caso Temer continue vacilando em torno das medidas impopulares que o imperialismo deseja, a Lava Jato pode trocar os atuais políticos da ordem por outros que consigam aplicar os ajustes com mais eficiência, incluindo Temer.

Está claro que o Judiciário não pode combater a corrupção, pois por trás da sua aparência de neutralidade, os senhores de toga também fazem os seus acordos com os grandes empresários e banqueiros. Conforme denunciamos aqui, o juiz Sergio Moro tem relações com a Shell, sua esposa advoga para o PSDB e seu pai fundou este partido em Curitiba. Frente a estas denúncias, o ’’deus-todo-poderoso’’ Sergio Moro sequer se explicou publicamente.

Parece matéria do Sensacionalista afirmar que um juiz que possui tantas relações com o PSDB tem algum interesse em combater a corrupção no país. Um combate à corrupção que certamente vai passar por fora do caso do roubo da merenda escolar, muito menos a corrupção no metrô de São Paulo.

Uma luta efetiva contra a corrupção hoje no país passa por enfrentar também as medidas impopulares que estão em curso. É preciso questionar este regime que permite que políticos e senhores de toga façam suas relações espúrias com os grandes empresários e banqueiros. Para que exista uma mobilização com esta finalidade, é preciso que a CUT e CTB rompam com o seu pacto de trégua ao governo e organizem na base uma greve geral que se enfrente contra os políticos corruptos e seus ataques.

A única saída independente que os trabalhadores e os demais setores populares podem dar para a crise política e econômica que o país está passando é por meio de uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta. Só assim que os trabalhadores e demais setores populares poderão discutir medidas que questionem o regime, os privilégios dos corruptos e dos deuses da toga, fazendo com que ganham o mesmo salário de uma professora, por exemplo. Só assim que vamos fazer com que os grandes empresários paguem pela crise e ao mesmo tempo combater a impunidade dos políticos dos ricos.




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