O sobrinho do militar Brilhante Ustra, doa 1 mil reais para campanha de Bolsonaro. Ustra foi conhecido como um torturador frio e perverso nos anos da ditadura. O valor pode parecer simbólico, mas o gesto é bem concreto. Mostrar que os genocidas, que nunca foram punidos por seus crimes durante os anos de chumbo, estão mais vivos do que nunca na candidatura de Jair Bolsonaro.
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No Brasil, a década de 80 foi marcada pelo fim do regime militar e o começo de um regime democrático, onde o povo poderia escolher via voto seus representantes políticos. Em que pese todos os limites dessa transição de regime, a conquista do voto direto foi muito importante para amplas camadas dos trabalhadores. Porém, dentre alguns avanços, o pacto feito com os militares, garantindo anistia para todos torturadores e financiadores do regime de exceção. Aquele núcleo de torturadores e sua referência dentro das corporações militares e policiais, foi ao longo do período democrático do país, pós constituinte de 1988, se arrastando pelo tempo e se mantendo como hierarquia de doutrina, dentro das forças armadas e da polícia.
A não punição exemplar, de todos os torturadores e financiadores da ditadura, garantiu que esses setores permanecessem livres e se fortalecendo dentro das instituições do Estado. Hoje vemos esses setores ganharem mais força com a candidatura de extrema direita de Bolsonaro, que com muita demagogia e Fake News, faz uma campanha essencialmente moralista, convencendo amplas camadas de trabalhadores a votarem nele, em meio a crise econômica e política que o país atravessa.
O peso simbólico do sobrinho de Ustra doar para campanha de Bolsonaro é muito profundo. Representa toda essa escória autoritária que sobreviveu livre de seus crimes, após o fim da ditadura militar e hoje se vê fortalecida com a possível vitória do candidato que representa esse passado triste da história brasileira.
Bolsonaro quer esmagar os trabalhadores e arrancar os poucos direitos que ainda restam. Para isso, promete um governo autoritário com o apoio de todos os torturadores. Não votar em Bolsonaro e preparar as lutas contra o próximo governo. Essa tarefa é urgente em todos os sindicatos do país.
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