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Argentina
Extorsão: Milei, assim como sua ícone Thatcher, repetiu que não há alternativa ao ajuste
Redação Internacional

O presidente argentino de extrema-direita sublinhou que devido à herança recebida, nesta nova era a redução de impostos sem gradualismo recairá sobre o Estado e não sobre o setor privado. Antecipou meses de inflação alta e repetiu que “não há dinheiro”. Milei disse que não há alternativa, mas não é verdade. Para passar a motosserra no poder econômico e garantir que o ajuste não seja pago pelos trabalhadores, devemos organizar a resistência nas ruas.

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Num camarote na escadaria do Congresso nacional, rodeado por líderes internacionais de direita, Javier Milei confirmou um plano de guerra contra os trabalhadores. Fez isso em frente a uma praça com pouca gente.

“Hoje começa uma nova era”, disse o presidente argentino. Enquanto os detalhes do choque econômico e do plano de ajuste fiscal serão conhecidos na manhã de segunda-feira, em conferência de imprensa dada por Luis Caputo. “Não há alternativa ao ajuste, nem ao choque”, disse Milei ao rever com números grandiloquentes a pesada herança recebida para ameaçar com uma hiperinflação. Vejamos os eixos econômicos de seu discurso:

A herança. O novo presidente argentino sustentou que este é o pior legado deixado por um governo, “o Kirchnerismo, que no seu início se vangloriava de ter superávits fiscais e externos gêmeos, hoje nos deixa com déficits gêmeos de 17% do PIB”. E detalhou que 15 pontos se dividem entre o Tesouro (5 pontos percentuais) e o Banco Central (10 pontos percentuais).

A solução para Milei passa por um ajuste fiscal no setor público nacional. Alguns jornalistas vazaram possíveis medidas do plano econômico que incluem a prorrogação do Orçamento de 2023, e desta forma liquefazer rubricas orçamentais face à inflação crescente. Em sintonia, o presidente declarou num grito de guerra que “ao contrário do passado, recairá quase inteiramente sobre o Estado e não sobre o setor privado”.

Em relação a um tema que tem sido prioritário nas suas declarações, a “bomba” das Leliqs, limitou-se a dizer que é preciso “limpar o balanço do Banco Central”. Milei deixou para trás a ideia de queimar o Banco Central, que ficará sob a direção de Santiago Bausili, outro responsável pelo endividamento fraudulento de Macri.

O espectro da hiperinflação

Milei afirmou que “esse é o legado que eles nos deixam: uma inflação de 15 mil por cento ao ano que vamos lutar para erradicar. Esse número, que parece absurdo, indica uma inflação de 57%. Hoje está entre 20 e 40 para Dezembro e janeiro. Não há outra solução senão o ajuste". Os últimos dados de inflação publicados pelo Indec em outubro foram de 142,7% na comparação anual. Se a inflação fosse de 20% ao mês em novembro e dezembro, terminaria este ano em 217%.

O presidente acrescentou que “o governo cessante nos deixou com a hiperinflação” e que devemos evitar esta catástrofe que levaria a pobreza acima de 90% e a indigência para 50%”.

Milei comparou a situação atual ao “Rodrigazo” e alertou para o risco de a inflação atingir os 3.600% anuais.” Na realidade, Milei quer convencer as maiorias de que é uma etapa dolorosa, mas necessária para estabilizar a economia.

Entretanto, Milei repetiu mais uma vez que a única causa da inflação é a emissão monetária, como consideram os economistas liberais ou de direita. Assim, tentam justificar o ajuste nos gastos públicos. Mas indiretamente, incentivam o financiamento do Estado através do endividamento com os abutres financeiros, ao mesmo tempo que evitam discutir a “estabilidade fiscal”, atacando o sistema fiscal regressivo e aumentando os impostos sobre os grandes empresários. O presidente afirmou que a inflação não vai diminuir e o seu argumento é que “a política monetária atua com um desfasamento entre 18 e 24 meses, mesmo que deixemos de emitir dinheiro hoje continuaremos a pagar os custos do caos econômico do governo cessante”. "No entanto, como apontam consultorias como a PxQ, o único objetivo que foi cumprido no acordo com o FMI foi a redução das emissões econômicas.

A política que Milei promoverá será inflacionária já que foi noticiado na mídia que haverá desvalorização, eliminação de subsídios aos serviços públicos, e portanto as tarifas de eletricidade, gás e transporte público aumentarão. Estas medidas irão colocar mais lenha na fogueira e os preços irão acelerar. As consequências recairão sobre os ombros dos trabalhadores.

Não há outra alternativa?

Margaret Thatcher na Inglaterra, quando começou a aplicação das políticas neoliberais, cunhou precisamente aquela frase “não há alternativa”, foi chamado de “pensamento tina” o de que não havia outra escolha senão aplicar políticas neoliberais. E agora Milei, que considera Thatcher uma grande líder, repete essa frase para justificar o mega ajuste e que se não se ajustar é pior, pois seria uma catástrofe.

Milei prometeu ajustar a casta, mas em seu discurso de posse afirmou que o ajuste será ao Estado, e não para o setor privado, ou seja, pode afetar a saúde, a educação pública e os trabalhadores públicos. Os bancos, os grandes empresários podem continuar festejando, a “casta econômica” festeja já que não será afetada.

Sim, existe outra alternativa ao ajuste. O que deve ser debatido para sair da decadência nacional e evitar uma nova catástrofe para os trabalhadores é um programa de uma outra classe, que afete os interesses das grandes empresas, dos bancos e das patronais agrárias.

São necessárias medidas emergenciais, como aumentos salariais, aposentadorias e programas sociais.

Para reconstruir as reservas do país e atacar as causas da inflação, é necessária a mobilização para o desconhecimento soberano da dívida, a nacionalização do sistema bancário, a criação de um banco estatal único e a nacionalização do comércio exterior sob a administração do trabalhadores. Basta de emprego precário, trabalho com direitos para todos: redução da jornada de trabalho para 6 horas, 5 dias por semana, sem prejuízo salarial, entre outras medidas.

É necessário reorganizar a economia sobre outras bases, colocando em primeiro lugar as necessidades das maiorias sociais e não a sede de lucros poderosos de sempre.

 
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