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Machismo | 10 vezes que Bolsonaro e a extrema-direita mostraram que são inimigos declarados das mulheres

sábado 22 de outubro de 2022 | Edição do dia
Foto: Reprodução

Durante esses quase 4 anos de governo Bolsonaro, especialmente durante a pandemia, a situação de violência contra as mulheres aumentou vertiginosamente. A cada 5 minutos uma mulher é agredida. O país é o que mata mais mulheres trans, sendo responsável por mais de 40% das mortes do mundo. Além disso, as políticas aprovadas pelo governo, com a ajuda da direita e do mal chamado centrão, significaram ataques brutais às condições de vida e trabalho das mulheres. Na fila do osso e do lixo, são as mães a maioria a esperar pelos restos dos açougues e das mesas dos ricos. A fome, a maior das violências nas palavras de Betinho, tem rosto de mulher, de mulher negra e nordestina. As reformas, como a da previdência e trabalhista, as medidas verde-amarelo que precarizam as relações de trabalho, o aumento da terceirização, são parte da violência contra as mulheres que as mantém sendo maioria absoluta entre os mais pobres.

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1 - “Uma fraquejada”

Em abril de 2017, Bolsonaro destilou seu reacionarismo e sua misoginia afirmando que teve uma filha após ter tido quatro filhos porque deu “uma fraquejada”. Durante palestra no Clube Hebraica, ele disse: “Fui com os meus três filhos, o outro foi também, foram quatro. Eu tenho o quinto também, o quinto eu dei uma fraquejada. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher”.

2 - “Não merece ser estuprada”

Em dezembro de 2014, após uma fala de Maria do Rosário em sessão do plenário da Câmara dos Deputados de homenagem às vítimas da Ditadura Militar, Jair Bolsonaro disse pela segunda vez que não a estupraria pois ela “não merecia”. A primeira vez em que fez o mesmo comentário criminoso foi em 2003, quando supostamente foi chamado de estuprador por Maria do Rosário. Após tal sessão do plenário, o deputado ainda disse novamente em entrevista para o Zero Hora que não estupraria a deputada por ela não merecer, por ser “muito ruim” e feia.

Os casos de estupro aumentaram e bateram recorde durante o governo de Bolsonaro, chegando ao abismante número de um caso a cada 8 minutos, isso se tratando de casos registrados. Sendo 85,7% dos casos contra as mulheres, essa é uma das mais grotescas demonstrações do machismo e da misoginia do Estado capitalista aprofundadas no governo Bolsonaro.

3 - Bolsonaro cortou 90% da verba de combate à violência contra a mulher

O Brasil é o país que ocupa o 5º lugar do ranking de países que mais assassinam mulheres no mundo. Isso não são apenas números, todos os dias vemos casos de violência contra a mulher nos noticiários e nosso ódio só aumenta a cada declaração machista e misógina da extrema-direita, que não fica apenas nas palavras.

Jair Bolsonaro destinou para 2022 apenas R$ 9 milhões de orçamento, quando em 2020 esse número foi de R$ 100 milhões, uma redução de absurdos 90%. Isso afeta diretamente as unidades da Casa da Mulher Brasileira e de Centros de Atendimento às Mulheres, que atendem vítimas de violência doméstica, com serviços de saúde e assistência, e ameaça a existência do serviço “Ligue 180”, canal de denúncias de violência doméstica.

4 - Bolsonaro foi autor de PL que visava impedir atendimento a vítimas de estupro pelo SUS

Enquanto deputado, durante mais de duas décadas, Bolsonaro tinha um objetivo claro: representar o que existia de mais degradante e reacionário do capitalismo, um agente da burguesia no parlamento que odeia os trabalhadores, as mulheres, negros, LGBT’s, etc. Ele não só viveu às custas do povo trabalhador nesse período como foi autor de leis e ataques inomináveis.

Um deles quando foi um dos 13 autores do Projeto de Lei (PL) 6055/2013, que tinha como objetivo diretamente PROIBIR o atendimento médico para vítimas de abuso sexual por via do Sistema Único de Saúde (SUS), que era garantido pela lei 12845 de 2013. Ou seja, uma lei para impedir o SUS de realizar o atendimento por exemplo para crianças que sofrem estupro, quando estas representam mais de 70% das vítimas.

5 - “Não empregaria uma mulher com o mesmo salário”

Numa entrevista ao Jornal Zero Hora em 2014, Bolsonaro disse achar justo uma mulher ganhar menos que um homem para fazer o mesmo trabalho. O motivo seria o de que uma mulher pode engravidar e tirar licença maternidade, deixando claro que quer acabar com todos os direitos dos trabalhadores e que está do lado dos patrões sangue-sugas.

“Eu sou um liberal, se eu quero empregar na minha empresa você ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! (…) Eu que estou pagando, o patrão sou eu”, disse. No mesmo ano, ao ser entrevistado na Rede Tv!, Bolsonaro voltou a ser questionado sobre o tema e disse que, se fosse empresário, “não empregaria (uma mulher) com o mesmo salário“.

6 - Apologia ao “turismo sexual” no Brasil

“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. Parece surreal, mas Bolsonaro afirmou isso em abril de 2019, esbanjando machismo e LGBTfobia ao se colocar contra a vinda de turistas do público LGBTQI+ para o Brasil, gerando uma reação com várias campanhas contra a exploração sexual.

7 - Bolsonaro VETOU a distribuição de absorventes a estudantes e pessoas em situação de rua

A comoção na internet com relação ao veto ao projeto que prevê distribuição de absorventes gratuitos a mulheres pobres foi enorme. A proposta era fornecer absorventes e itens básicos da saúde menstrual para escolas, pessoas de situação de rua e outros grupos em vulnerabilidade social.

Segundo dados da Unicef e da UNFPA, mais de 4 milhões de jovens não têm itens básicos de higiene nas escolas quando estão menstruadas e 713 mil delas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio. Muitas vezes essas mulheres e homens trans acabam usando absorventes improvisados, como miolos de pão ou papéis variados, que escancaram a pobreza menstrual que assola milhares no país.

8 - “Foi bem educado”

Unindo machismo, patriarcado e racismo numa mesma frase, no programa CQC, em 2011, ao ser perguntado por Preta Gil: “o que você faria se seu filho se apaixonasse por uma negra?”. Bolsonaro respondeu: “Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”.

9 - Ministra de Bolsonaro vazou dados de menina de 10 anos estuprada por um parente

Esse governo desde o seu primeiro dia escolheu as mulheres como seu principal alvo para ataques de todo tipo, fazendo uma verdadeira cruzada reacionária. Vale alongar um pouco mais o texto para explicar mais esse caso que gerou muito ódio e comoção.

O caso chocou o país. Uma menina de 10 anos, que foi sistematicamente estuprada por um parente, ao tentar realizar o aborto legal, sofreu todo tipo de violência. De acordo com a reportagem da Folha, foi Damares a responsável por vazar os dados da menina e do hospital. Damares articulou uma rede de representantes do seu ministério e políticos para coagir e subornar médicos e conselheiros tutelares. Foi graças a Damares que a reacionária Sara Winter moveu sua tropa de fundamentalistas para gritar assassina contra essa criança que foi vítima de uma violência brutal, no hospital onde realizaria o procedimento.

Damares, que foi ministra do Governo Bolsonaro, é uma verdadeira inimiga das mulheres, já se posicionando contrária à legalização do aborto. O aborto é uma realidade no Brasil e no mundo, sendo hoje a 4ª causa de morte materna, penalizando principalmente as mulheres pobres e negras, sendo que de cada 4 mulheres que morrem, 3 são negras. Isso porque são as que mais carecem de dinheiro para pagar procedimentos em clínicas particulares, já que as negras são também as que recebem em média 60% a menos que os homens brancos. Se encontram jogadas à própria sorte recorrendo à métodos caseiros, medicamentos e abortos cirúrgicos em clínicas clandestinas. Ao se posicionar contrária à legalização do aborto, Bolsonaro, Damares e toda a trupe reacionária incentivam o aborto clandestino no Brasil, pauta que inclusive agora a chapa Lula-Alckmin fazem questão de se levantar contrários.

A negação do direito ao aborto no centro das disputas eleitorais

10 - “Pintou um clima”

Agora, durante as eleições de segundo turno de 2022, uma fala abjeta, machista, xenófoba e misógina gerou grande repercussão na mídia e nas redes sociais, obrigando Bolsonaro a ter que fazer um vídeo mais uma vez esdrúxulo de retratação.

O grande “defensor da família e dos bons costumes” associou meninas venezuelanas de 14 e 15 anos à prostituição, desmentindo a si mesmo depois, e soltou a barbaridade dizendo que “pintou um clima”:

"Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas; de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, ’posso entrar na tua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, [num] sábado de manhã, se arrumando —todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora. E como chegou neste ponto? Escolhas erradas”.

Todos esses fatos reforçam a necessidade do movimento de mulheres se organizar junto às centrais sindicais e as organizações de esquerda para tomar às ruas, e em cada local de estudo e trabalho construir pela base a organização das trabalhadoras e os trabalhadores para lutar contra feminicídio e a violência de gênero, pelo aborto legal, seguro e gratuito garantido 100% pelo SUS, assim como pela separação da Igreja e do Estado.

Basta de culto religioso na política! Educação sexual nas escolas e contraceptivos para todes. Pela livre expressão de gênero e sexualidade, e pelo direito a infância! Essas batalhas não estão descoladas da luta pela revogação integral de todas as reformas, a começar pela Trabalhista e da Previdência, e privatizações que atacam ainda mais as mulheres e os oprimidos.

Isso tudo também é parte da luta por um novo mundo que jogue de vez na lata de lixo da história toda forma opressão e exploração que o capitalismo e seus governos têm a nos oferecer, assim como suas Damares e Bolsonaros. Jamais abaixaremos nossas bandeiras, não avançaremos por via da conciliação de classes com os inimigos das mulheres, e somente a unidade dos trabalhadores e oprimidos pode gerar a força que é capaz de lutar não somente pelo pão, mas também pelas rosas.




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