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Denúncia | A farsa da recuperação que não recupera e a produção de estatísticas na educação do RS

Primeiro dia na escola este ano. Reunião com todos os professores. Novas orientações da Seduc, o governo do estado nos coage a passar de ano alunos que pouco frequentaram ou que nunca vieram às aulas, tudo para produzir estatísticas melhores para a educação e fazer propaganda depois, sem investimento algum.

segunda-feira 6 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Foto de Gustavo Mansur (SEDUC)

O aluno tem baixo desempenho? Não frequenta as aulas? É preciso saber o por quê e garantir seu direito à educação de qualidade. Como? Com equipes dedicadas exclusivamente a isso nas escolas, equipes que farão uma pesquisa de campo e, se preciso, irão conhecer as famílias e entender o que se passa com cada criança, para garantir que o estado dê conta inclusive de alimentá-las. Equipes de pedagogos e professores de diferentes áreas, pagos para exercer esta função em colaboração com os professores que estão em sala de aula e que encaminhariam estes casos.

A evasão escolar e o baixo rendimento de alunos e alunas não é culpa das professoras e professores que dão tudo de si para atender salas cada vez mais lotadas sem tempo para dedicar a atenção adequada para cada estudante. Se houvessem salas com 15 alunos e professores remunerados com mais carga horária para o trabalho pedagógico, que é um trabalho invisível e pouquíssimo remunerado; com equipes como as mencionadas acima para ir atrás de cada aluno infrequente ou com algum problema cognitivo; se o estado efetivasse funcionários suficientes para todas as funções necessárias para garantir o direito à educação pública de qualidade, somente aí poderia cobrar o rendimento que está cobrando sem que tudo seja uma tremenda mentira, uma tremenda farsa, um faz de conta para a produção de estatísticas para angariar mais recursos do governo federal ou se vangloriar depois em ano eleitoral com propaganda política. Em um Estado dirigido pela burguesia ajoelhada para o Regime de Recuperação Fiscal jamais se conquistará a garantia do direito à educação pública de qualidade. É preciso uma ruptura com esse Estado dos ricos.

Participe campanha pela revogação integral da Reforma do Ensino Médio!

Nós trabalhadores e trabalhadoras da educação estamos fartos dessas cobranças que jogam toda a responsabilidade sobre a frequência e rendimento dos alunos sobre nossas costas. A evasão escolar é fruto de uma profunda crise social derivada de uma crise econômica que nós não criamos, mas que nos obrigam a pagar por ela. Nós pagamos com a perda dos nossos direitos históricos como o plano de carreira que nos foi tirado, nossos alunos pagam com a precarização cada vez maior das escolas e com um sistema que quer passar todos sem aprendizado algum, somente pelas estatísticas. O governo Leite (PSDB) com a secretária Raquel Teixeira utiliza todo um discurso pretensamente progressista afirmando que rodar é um retrocesso, porém, esse discurso não passa de uma máscara, pois a contrapartida é garantir que uma camada dos estudantes simplesmente passe sem esforço algum e sem sequer ter frequentado as aulas, o que gera um tremendo desconforto para professores e professoras que estão diariamente empenhados pela aprendizagem, pensando no futuro dos jovens estudantes que passam pela escola. Essa situação gera também uma desmoralização ainda maior da categoria que passa a ver alunos que antes se esforçavam perderem o sentido de seguirem se esforçando pela aprendizagem, já que irão passar de uma maneira ou de outra. O futuro que este modelo educacional prepara para a juventude é o da uberização.

Passar ou rodar de ano há muito tempo não deveria mais ser uma ameaça para obrigar pelo medo o estudo dos jovens. Com tempo hábil e bem remunerados professores e equipes pedagógicas (que pouquíssimo são encontradas hoje nas escolas do RS) não se preocupariam com passar ou rodar, pois estariam todos envolvidos em grandiosos projetos que geram engajamento dos alunos e das comunidades pela aprendizagem. Porém para isso é preciso investir de verdade em educação e não apenas fazer de conta e exigir dos profissionais da educação a produção de estatísticas mentirosas. Uma educação que gere engajamento só pode ser possível com a auto organização dos trabalhadores em educação e das comunidades. Os governos neoliberais e burgueses não têm interesse algum que nossa classe trabalhadora tenha acesso a educação de qualidade.

Esse debate da organização de nossa categoria não pode ficar por fora de estar ao lado dos estudantes, para assim impor um forte plano de luta rumo a revogação integral da Reforma do Ensino Médio, bem como de todas as reformas que atacam os trabalhadores como a trabalhista e da previdência. Em última instância para conquistar a educação pública que nossos filhos e filhas precisam é necessário unificar forças e exigir das organizações sindicais como o CPERS, aqui no RS, e das centrais sindicais como a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, que rompam com sua política de passividade que vem negociando nossos direitos com os articuladores de tais ataques, como, por exemplo, o reacionário vice-presidente Geraldo Alckmin, que recentemente declarou “Acho correta", sobre Reforma do Ensino Médio de Temer, garantindo que também não será revogada”. Devemos avançar rumo a revogação do teto de gastos, esse que restringe ainda mais os recursos para a educação, impondo assim que sejam os ricos que paguem pela crise que criaram, confiscando seus bens e recursos para garantir não apenas educação, mas emprego para todos, saneamento básico e saúde. Nossas vidas valem mais que os lucros deles e somente a nossa organização e mobilização independente de governos, inclusive do governo Lula/Alckmin, pode batalhar por uma transformação radical das regras do jogo político e econômico no nosso país. Que os ricos capitalistas paguem pela crise que criaram!

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