×

Equipe de transição | Alckmin convoca o machista e ex-bolsonarista Alexandre Frota para a pasta de Cultura na transição

De caso de estupro admitido na TV ao Escola sem Partido, o golpismo de 2016 e o bolsonarismo, Alexandre Frota (PROS) carrega consigo um dos históricos mais podres da política nacional. Agora, sob convite de Alckmin, passará a integrar a pasta de Cultura da equipe de transição do futuro governo Lula. Mais uma mostra de que o reacionarismo e os ataques capitalistas só serão enfrentados na luta de classes e com independência política.

terça-feira 22 de novembro de 2022 | Edição do dia
Imagem: Marcos Fernandes/ Coligação Muda Brasil (2014)

O futuro vice-presidente e atual líder da Transição, Geraldo Alckmin (PSB), acaba de nomear o famoso machista reacionário Alexandre Frota (PROS) para a pasta de Educação da transição de governo. Mais um nome absurdo, após os liberais privatistas na Economia e os tubarões do ensino privado na Educação, e que avança para “lavar a cara” de uma direita conservadora, inimiga dos trabalhadores, das mulheres e grupos oprimidos.

Sua carreira como figura política começou nos protestos da direita contra o segundo governo Dilma (PT), que gestaram o golpe institucional encabeçado por Eduardo Cunha e que levou ao governo nefasto de Temer e todo o período de contrarreformas anti-operárias agudizado por Bolsonaro, com ataques como as reformas trabalhista e previdenciária, privatizações, avanço do autoritarismo dos poderes de Estado e da presença dos militares na política. Frota integrava o desprezível grupo de direita Revoltados Online, e pessoalmente protocolou, ao lado do próprio Bolsonaro, um pedido de impeachment contra a então presidenta. Mais adiante, em 2018, Bolsonaro agradecia o apoio de Frota à sua candidatura e sugeria seu nome como futuro ministro da Cultura, pasta que em seu governo chegou a ser encabeçada até mesmo por um neonazista.

Seu histórico machista é amplo. Frota é dono de uma das maiores produtoras de filmes pornô e já admitiu ao vivo e em tom de piada ter estuprado uma mãe de santo, tendo em seguida processado figuras do movimento de feminista que denunciaram e repudiaram esse absurdo. Além disso, desde 2017 se colocou ao lado de Bolsonaro em declarações públicas reivindicando a censura artística e a violência contra a mulher. Também é um dos idealizadores do Escola Sem Partido e da reação conservadora contra a educação sexual e a abordagem dos temas sobre opressões na educação, a “ideologia de gênero” que impulsionou a extrema-direita, a censura e o patrulhamento do ensino dentro das escolas, abrindo espaço para o bolsonarismo e figuras esdrúxulas como Damares.

Hoje, Frota paga de progressista e opositor do bolsonarismo, mas junto com todo o golpismo de 2016, que Alckmin, MDB e o judiciário também integram, foram responsáveis diretos pela ascensão do bolsonarismo e por todas as mazelas econômicas e sociais desde Temer. Sua nomeação na equipe de transição segue a política derrotista de frente ampla “em defesa da democracia” contra o bolsonarismo: na prática, o deslocamento à direita por parte do petismo e dos partidos de esquerda, e a abdicação das bandeiras da classe trabalhadora e dos métodos da luta de classes em nome da preservação desse regime degradado. Basta lembrarmos do lamentável “superimpeachment”, que unificou setores da direita à esquerda, com nomes como o de Frota, Joice Hasselman, partidos burgueses como PDT e golpistas como Rede e PSB, além de partidos de esquerda como PSOL, UP, PCB, PSTU e entidades como a UNE.

A saída para derrotarmos os ataques não virá dessa unidade com nossos inimigos, mas sim por meio da força da nossa organização e luta. A frente ampla do futuro governo, hoje representada na transição, não busca desfazer precarização e o autoritarismo incrustados no sistema político brasileiro após o golpe institucional - pelo contrário, promete governar mantendo vivas as reformas antioperárias e enquanto a extrema direita alavanca um programa que toca em temas extremos como golpe militar, negação do racismo, misoginia e discurso anti LGBTQIAP+. Esse é o caminho que parte da esquerda, como a UP e em especial o PSOL, está tomando: compondo a transição e abrindo mão das críticas à chapa Lula-Alckmin, a grande maioria desses atores terminam se comprometendo em não fazer oposição de esquerda a um governo que, diante da crise capitalista, tende a lançar ataques contra as massas trabalhadoras e empobrecidas, pois é isso o que será exigido pelos setores burgueses que, como o próprio Lula enfatiza, são parte do governo.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias