×

Eleições | Alejandro Vilca: eleito o primeiro indígena kolla, gari e socialista ao Congresso Nacional argentino

Conforme avança a apuração dos resultados das eleições argentinas na noite deste domingo (14), destaca-se mais uma vez a figura de Alejandro Vilca, o primeiro indígena kolla, gari e socialista eleito ao Congresso Nacional do país, pelo PTS na Frente de Esquerda-Unidade. Os resultados apontam Vilca como um dos três deputados federais eleitos pela província de Jujuy, colocando a esquerda trotskista como segunda força política no distrito da capital San Salvador com quase 30% dos votos, superando a Frente de Todos (peronismo).

segunda-feira 15 de novembro de 2021 | Edição do dia

Conforme avança a apuração dos resultados das eleições argentinas na noite deste domingo (14), destaca-se mais uma vez a figura de Alejandro Vilca, o primeiro indígena kolla, gari e socialista eleito ao Congresso Nacional do país, pelo PTS na Frente de Esquerda-Unidade. Os resultados apontam Vilca como um dos três deputados federais eleitos pela província de Jujuy, colocando a esquerda trotskista como segunda força política no distrito da capital San Salvador com quase 30% dos votos, superando a Frente de Todos (peronismo).

Trata-se de um resultado histórico e inédito para a esquerda trotskista argentina. Nacionalmente, a Frente de Esquerda Unidade se consolida como terceira força nacional, colocando quatro deputados federais no Congresso Nacional.

Vilca é trabalhador de limpeza urbana na capital de sua província, de origem indígena como boa parte da população local, e vem de uma família trabalhadora, tendo de se dedicar a vários empregos durante sua vida para sustentar seus estudos. Certamente, sua origem e trajetória de vida, marcada pela pobreza desde a infância, são parte importante da representação política que alcançou entre a população trabalhadora de Jujuy, assim como seus anos de atuação como representante eleito para a Câmara legislativa da província desde 2017. Mais além disto, é preciso dizer que o alcance de sua campanha se deve ao programa defendido pela FIT-U (a exemplo também das candidaturas de Myriam Bregman e Nicolás del Caño) que extrapola os marcos eleitorais e apresenta um conjunto de medidas para combater os ataques capitalistas em meio à crise econômica, política e social que atravessa a Argentina - um programa de independência de classe para verdadeiramente representar os interesses dos trabalhadores no parlamento, como a proposta de redução das jornadas de trabalho para 6 horas ao dia, 5 dias por semana, para garantir o direito a emprego para todos, trabalhando menos e recebendo um salário mínimo de uma renda básica familiar.

A eleição de Vilca e o desempenho geral da FIT-U, despontando como a terceira força política a nível nacional, são um marco histórico que expressa a disposição existente entre os trabalhadores e a juventude na Argentina em buscar saídas concretas e de fundo para combater os efeitos nefastos dos anos de neoliberalismo representados pela direita macrista da frente Juntos por El Cambio, - e, mais ainda, combater as aberrações de extrema direita na política nacional, como o bolsonarista Javier Milei - sem confiar tampouco nas velhas fórmulas reformistas do peronismo de Kirchner-Fernandez, que ganhou nova roupagem no atual governo da Frente de Todos, disposto a rebaixar seu programa para não perder votos frente a uma importante crise política interna, reprimindo lutadores e a população que luta por moradia como em Guernica, abrindo espaço para a direita e comprometendo-se continuamente com o pagamento religioso da dívida com o imperialismo do FMI, enquanto a população amarga mais de uma centena de milhares de mortos pela pandemia, sérios índices de desemprego e de carestia de vida.

Cada uma das candidaturas da Frente de Esquerda-Unidade, encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS, organização irmã do MRT na Argentina) disputou estas eleições para tornar as representações parlamentares não um fim em si mesmo, mas colocá-las a serviço de denunciar os ataques aos trabalhadores e ao povo pobre, e de impulsionar cada uma das lutas extraparlamentares em defesa dos direitos da nossa classe. Estas ideias agora ganham uma nova voz no Congresso Nacional argentino: um gari indígena no parlamento, a contragosto da direita e do reformismo, para defender que os capitalistas paguem pela crise que criaram.

Uma grande inspiração para todos os setores que, na América Latina e no Brasil, se colocam também em luta, dos indígenas brasileiros contra o Marco Temporal aos garis do Rio de Janeiro em defesa dos seus direitos.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias