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Em menos de um ano após o caso estarrecedor de médico anestesista que estuprou paciente sedada que fazia cesariana, novamente outro anestesista é preso no Rio de Janeiro após violentar duas pacientes.

terça-feira 17 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Andres Eduardo Onate Carrillo, de 32 anos, que atuava como médico anestesista, foi preso após investigações apontarem que Andres estuprou duas pacientes durante procedimentos cirúrgicos. O criminoso estuprador ainda gravou a violência enquanto as mulheres estavam desacordadas. As vítimas se reconheceram nos vídeos, ambas não tinham ciência do ocorrido.

Os casos ocorreram em dois hospitais públicos do Rio de Janeiro em 2020 e 2021. O primeiro foi no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, durante uma cirurgia de laqueadura. E o segundo no complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, da UFRJ, durante um procedimento para retirada de útero.

Além dos casos revoltantes, o estuprador é investigado desde dezembro de 2022, após informações do Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil (Sercopi) da Polícia Federal que revelaram mais de 20 mil arquivos de pornografia infantil em seu computador.

Esse é mais um caso absurdo que demonstra que a segurança das mulheres não está garantida nem mesmo quando se submetem a cirurgias. Esse é retrato de um país onde quatro mulheres por dia são vítimas de feminicídio e 135 sofrem estupros, sendo este último dado apenas 10% do que realmente acontece, segundo o Atlas da Violência (Ipea/FBSP) de 2018. Esta situação de violência às mulheres foi continuamente legitimada por quatro anos com Bolsonaro na presidência, que fortaleceu sua base machista e misógina a avançar contra as mulheres, com o apoio do Congresso e STF. Os diferentes atores de um mesmo regime degradado, juntos para impor ainda mais uma vida de miséria, controle, opressão e exploração para as mulheres; violência patriarcal que já é inerente a esse sistema.

Não podemos ter nenhuma confiança de que o judiciário irá fazer justiça por essas mulheres e todas as vítimas desse estuprador, pois é o mesmo judiciario que diz ter “estupro culposo” como foi com o caso de Mari Ferrer, ou que impede uma criança de 11 anos, que foi vítima de estupro, pudesse ter o direito ao aborto garantido.

Tampouco podemos depositar esperanças no governo Lula-Alckmin, que apesar de sua demagogia já governou o país por anos, o que não transformou em nada o cenário de 97% das cidades brasileiras sem casas-abrigo para vítimas de violência e que tem como prática, anterior e atual, utilizar os direitos dos setores oprimidos como moeda de troca com a direita e a extrema-direita, como fica evidente com a própria composição ministerial.

O único caminho para enfrentar o machismo e o patriarcado é o da nossa luta organizada, aliada aos trabalhadores e todos os setores oprimidos para construir uma resposta contundente a essa e todas as violências. Neste 8 de março, chamamos todes, todas e todos a construir fortes manifestações em todo o país em defesa do direito ao aborto e pela revogação das reformas que atingem com mais força as mulheres.

Leia também: Construir um forte 8 de março nos locais de estudo e trabalho, independente dos governos e patrões




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