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Pronunciamento | Antes de ir embora para os EUA, Bolsonaro discursa reafirmando seu reacionarismo

Bolsonaro fez seu último pronunciamento antes de deixar o Brasil rumo aos EUA na tarde desta sexta, por transmissão na internet.

sexta-feira 30 de dezembro de 2022 | Edição do dia

Bolsonaro fez seu último pronunciamento antes de deixar o Brasil rumo aos EUA na tarde desta sexta, por transmissão na internet.

Bolsonaro afirmou que queria fazer uma espécie de balanço de seu governo, onde de início tenta, do alto de sua asquerosa capacidade de mentir, se colocar como uma vítima que sofreu perseguições da mídia e de processos que supostamente haviam ferido a liberdade de expressão. Chega a citar que foi proibido a falar sobre a Covid e lamenta agora e cinicamente a morte de mais 600 mil pessoas, que na realidade foram vítimas de seu negacionismo e descaso durante a pandemia, e ainda diz “nós compramos mais de 500 milhões de doses, tomou quem quis”.

Fez também uma “prestação de contas” onde apresentou uma lista de feitos, entre eles, as privatizações de estatais como a Eletrobras, o decreto de porte de armas, afirmando que “levamos a paz para o campo”. Mencionou o apoio ao agronegócio, afirmando que o setor é “praticamente independente hoje em dia e que precisava de um governo que não atrapalhasse”. Nessa prestação de contas tenta mostrar as credenciais a setores patronais que lucraram com seu governo: os herdeiros das criminosas privatizações, o ambiental e socialmente danoso agronegócio que o apoia e a seus apoiadores armamentistas.

Poderíamos listar um sem fim de omissões em seu discurso mas vale destacar uma omissão que junta essa preocupação com agronegócio e armas: foi no governo de Bolsonaro onde ocorreu o maior número de conflitos e assassinatos no campo da história do Brasil, segundo levantamento anual da Comissão Pastoral da Terra, e onde o desmatamento da Amazônia aumentou em 59,5% segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Bolsonaro também destacou a revogação das normas regulamentadoras (NR) que “levavam pânico ao empresariado e ao homem do campo”. Ou seja tudo que é NR que garantia no papel segurança no trabalho (sendo que o Brasil antes de Bolsonaro já tinha o infeliz posto de segundo país com mais acidentes de trabalho no mundo) foi para a lata do lixo, bem como todos limites aos lucros do agronegócio liberando toda e qualquer substância carcinogênica e tóxica no campo. E disse ainda que foi feito um resgate do patriotismo e do respeito à família: “nada de querer mexer na questão da tradição familiar nas escolas”.Reafirmando seu compromisso reacionário com sua ideologia machista e homofóbica.

Além disso, Bolsonaro também comentou sobre o “momento político atual”, com um discurso ambíguo e alimentando sua base de apoiadores mais dura em relação ao questionamento do resultado das eleições, dizendo em determinados momentos que a campanha foi imparcial, legitimando as manifestações bolsonaristas que ocorreram e que permanecem nos acampamentos em frente aos quartéis. Mas apesar de legitimar os atos, buscou se separar de ações violentas e potencialmente assassinas como a do bolsonarista que tentou explodir o aeroporto de Brasília na última semana.

Ao mesmo tempo, disse que é preciso respeitar as “leis e as constituições”, indicando que se por um lado quer manter sua base de apoiadores mais dura acesa, por outro haverá uma oposição por dentro do regime, no parlamento que “volta mais conservador e mais de direita” em 2023.

Depois de fazer essas afirmações, Bolsonaro pegou um avião oficial e fugiu aos EUA onde é possível que se encontre ou mesmo se hospede no resort do reacionário Donald Trump. Essa fuga o livra de ter que passar a faixa ao presidente eleito Lula e também responde a possíveis receios de ações judiciais contra ele. É possível, que mesmo a distância tente continuar liderando essa oposição como tenta já indicar em seu discurso.

Esse pronunciamento mostra o que viemos denunciando pela via do Esquerda Diário: o bolsonarismo após as eleições segue fortalecido politicamente, enraizado nas instituições do regime, e socialmente, organizando manifestações e ações golpistas. O que demonstra que para derrotar a extrema-direita precisamos construir uma força política a partir da base, que organize a classe trabalhadora, as mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAP+ e a juventude de forma independente de qualquer ala da burguesia, inclusive do governo eleito, exigindo que as centrais rompam sua política interessada ao governo e organize um plano de lutas para derrotar e revogar todas as reformas.




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