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UFRGS | As artes precisam de espaço! Todos ao dia 28 por um novo prédio pro Instituto de Artes UFRGS

Estudantes, professores e trabalhadores do Instituto de Artes da UFRGS: venham discutir a necessidade de uma infraestrutura adequada às aulas dos cursos de teatro, artes visuais, música e história da arte! Basta de descaso! Dia 28, às 9h, em frente ao ICBS

Alice CaumoEstudante de Artes Visuais na UFRGS

Giovana PozziEstudante de história na UFRGS

quinta-feira 24 de março de 2022 | Edição do dia

Há anos a reitoria da UFRGS mantém a comunidade universitária do Instituto de Artes em uma situação precária em relação à sua infraestrutura. Na última semana, veio à tona que o reitor interventor Bulhões, em decisão autoritária, passou por cima de um acordo histórico que visava garantir parte do espaço físico do antigo prédio do ICBS para o IA , colocando lá outros setores administrativos da universidade e de instituições privadas. Por isso, está sendo chamada uma reunião aberta de todo Instituto de Artes para o dia 28, às 9h, para a qual convocamos todes estudantes, professores e trabalhadores a estarem presentes!

Historicamente, o Instituto de Artes (IA) da UFRGS é um dos mais precários da universidade e também um dos mais afetados pela crise orçamentária que hoje acomete as universidades federais do país, devido à bola de neve de cortes de verba acumulados desde 2015 nos governos Dilma e que se aprofundam com o governo Bolsonaro, com os mais recentes cortes bilionários que ameaçam de fechamento estas instituições. No prédio, denúncias escandalosas não faltam: de infestações de escorpião amarelo, morcegos e pombas até o teto do último andar que rompe quando chove, criando uma verdadeira cachoeira que escorre escadaria abaixo inundando todos os andares; tudo isso em um prédio que possui diversos instrumentos musicais, como pianos e tambores, aparelhos eletrônicos e fornos de cerâmica caríssimos, além de um acervo de pinturas e outras artes visuais de décadas que formaram (e formam) parte da identidade cultural de nossa cidade e estado. A situação não é diferente no prédio do Departamento de Arte Dramática (DAD), que faz parte do IA: de ausência de acessibilidade (quem usa cadeira de rodas não passa nem da porta de entrada) até janelas que não podem ser abertas pois tem risco de cair na rua, onde passam pessoas. Esse é o cenário de total descaso ao qual empurram os cursos de arte.

Confira os vídeos dos alagamentos no IA aqui!

Essa situação definitivamente não surgiu da noite para o dia, mas é fruto de uma precarização que se arrasta há anos, tornando histórica a demanda por um novo prédio e melhoria na infraestrutura tanto do IA quanto do DAD. Tanto é que pelo menos desde 2009 tramita nas vias institucionais da UFRGS um acordo de intenções que abrigaria o Instituto de Artes no antigo prédio da medicina, que estava ocupado pelo ICBS (Instituto de Ciências Básicas da Saúde), localizado no Campus Centro e perto da FACED. Após este instituto migrar no começo de 2022 para sua nova sede no Campus Saúde e vagar o prédio em questão, ao invés do IA ser realocado para o espaço, o reitor interventor Carlos Bulhões - que foi escolhido a dedo por Bolsonaro e pela direita - ignorou de forma autoritária o acordo.

Mas essa atuação de Bulhões possui uma justificativa por trás. Para além da realocação do Departamento de Atenção à Saúde e a Controladoria para o antigo prédio do ICBS, já em 2021, o interventor se reuniu com o presidente da AMRIGS, associação de médicos do Rio Grande do Sul, uma entidade privada e de peso na capital que em sua composição conta com nomes ligados ao governo Melo, lhe prometendo o antigo prédio do ICBS como sede para um centro cultural da medicina. Ou seja, vemos claramente que a atuação da reitoria de Bulhões, ao passar por cima da reivindicação do Instituto de Artes em torno de uma infraestrutura adequada, possui um propósito mais de fundo: priorizar a negociação com a iniciativa privada em detrimento das demandas dos estudantes, professores e trabalhadores da universidade. Seria cômico se não fosse trágico, mas essa é mais uma prova de que Bulhões atua como correia de transmissão direta da política de precarização, privatização e elitização das universidades públicas levada a frente por Bolsonaro, Mourão, Milton Ribeiro em acordo com Congresso e STF.

Essa política também se expressa na reforma administrativa de Bulhões e no avanço da PROIR de Geraldo Jotz em nossa universidade, que vêm ganhando um papel destacado na intervenção bolsonarista na UFRGS, sendo braço de sustentação da política do interventor e estando a frente de negociações como a ocupação do ICBS por parte da AMRIGS, além da extinção da Colônia de Férias do Campus Litoral Norte e que hoje faz parcerias com instituições privadas como a Unicred, buscando submeter nosso conhecimento e produção de ciência ainda mais à lógica do lucro das grandes empresas.

Para Bulhões e seus capangas é unir o útil ao agradável, afinal a garantia de um prédio minimamente adequado para o Instituto de Artes se choca diretamente com a grave crise orçamentária da universidade, a qual Bulhões descarrega nos setores mais precarizados, cortando da permanência estudantil como vemos hoje com a situação dos restaurantes universitários e com as constantes demissões no quadro de terceirizados da universidade. Além disso, não é de interesse da reitoria interventora colocar as artes em um prédio importante para a UFRGS, com ampla visibilidade no Campus Central, pois sabe que esses cursos são uma pedra no seu sapato, já que nos últimos anos estiveram na linha de frente com os estudantes organizados contra os cortes, ataques, reformas e a própria intervenção.

Frente a essa situação, o Instituto de Artes está chamando um café da manhã e uma reunião do Conselho da Unidade aberta a todes e presencial na próxima segunda-feira, dia 28, às 9h, em frente ao ICBS no Campus Central, para discutirmos a demanda de um novo prédio para as artes e a manobra realizada pelo Bulhões.

Nós da Juventude Faísca Revolucionária, que estamos presentes junto à independentes no Centro Acadêmico Dionísio do teatro UFRGS, entendemos que a luta pelo direito de ocupação do antigo prédio do ICBS por parte de nosso instituto precisa estar localizada na luta intransigente contra a intervenção bolsonarista em nossa universidade que serve de corrente de transmissão dos cortes de Bolsonaro na educação. Mas indo além, é preciso que tenhamos clareza sobre as condições concretas para garantir toda a infraestrutura mínima necessária para nossos cursos, o que significa a necessidade de reformas, contratações e outras medidas. Por isso, lutar pela abertura do livro de contas da universidade é essencial, pois só vemos ataques à permanência estudantil, precarização dos auxílios e do trabalho dos terceirizados, enquanto os altos salários acumulados de Bulhões e da burocracia acadêmica seguem intactos, batalhando também por mais verbas para a educação.

Veja também o mais recente escândalo do MEC: Pastor ligado ao bolsonarista Milton Ribeiro pediu 1kg de ouro para liberar verbas no MEC

Cada uma dessas demandas só podem ser conquistadas através da nossa auto organização em aliança com professores e demais trabalhadores da universidade. É por isso que chamamos todes para a reunião aberta do dia 28, pois é somente através da nossa própria força que arrancaremos a demanda por infraestrutura adequada para nossos cursos, sem nenhuma confiança na reitoria interventora e nem na burocracia acadêmica. Defendemos também que essa reunião garanta voz e voto a todes presentes para que a luta de fato se fortaleça em unidade entre estudantes, professores e trabalhadores do Instituto de Artes, sendo o mais democrática possível. Convidamos também o DCE e demais Centros Acadêmicos a prestarem todo seu apoio e fortalecerem essa batalha. As artes precisam de espaço!

Foto de Ronaldo Bernardi




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