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Assembleia de discentes da pós-graduação da UFCG deliberam organizar a luta contra os ataques de Bolsonaro.

Kleiton NogueiraDoutorando em Ciências Sociais (PPGCS-UFCG)

Cristhenes SilvaDoutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais na UFCG (PPGCS-UFCG)

sábado 10 de dezembro de 2022 | Edição do dia

No dia 8 de dezembro de 2022, às 10 horas, discentes dos programas de pós-graduação em Ciências Sociais; Engenharia de Alimentos e Engenharia Agrícola, da Universidade Federal de Campina Grande, reuniram-se remotamente em assembleia extraordinária e unificada para debater o mais recente golpe deferido pelo governo Bolsonaro à educação: rapina dos recursos financeiros para pagamento das bolsas da CAPES.

A escala do Governo Bolsonaro contra a educação pública brasileira se aprofunda com o mais recente golpe deferido contra os pesquisadores e pesquisadores do país. Como se já não bastassem os quatro anos de constantes ataques, acusações falsas de balbúrdia (http://www.esquerdadiario.com.br/spip.php?page=gacetilla-articulo&id_article=28618 ) às instituições de ensino superior do país, e dos constantes escândalos de corrupção envolvendo a pasta da educação ( http://www.esquerdadiario.com.br/Escandalo-no-MEC), no apagar das luzes do mandato de Bolsonaro, o ministério da economia realizou o congelamento de recursos que seriam destinados à educação, impactando em um verdadeiro calote contra os estudantes de graduação e pós-graduação (https://www.esquerdadiario.com.br/MEC-bolsonarista-planeja-calote-em-milhares-de-residentes-e-bolsistas-da-Capes).

Não é nenhuma novidade que o governo Bolsonaro é um declarado inimigo do conhecimento científico. A própria condução da gestão da pandemia de Covid-19 é um reflexo concreto do obscurantismo que permeia o governo. No caso da educação pública, o custeio das universidades só fez despencar , com um sucateamento intenso das estruturas físicas, da qualidade de vida dos estudantes e professores, impossibilitando a realização da pesquisa, do ensino e da extensão.

Essa situação se agravou quando o governo, por intermédio do Decreto n° 11.269, de 30 de novembro de 2022 realizou bloqueio de recursos públicos em distintas áreas, dentre elas a educação, afetando mais de 14 mil estudantes residentes de hospitais federais, e cerca de 200 mil bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Tal ação impossibilitou que a CAPES repassasse os recursos aos bolsistas, deixando milhares de estudantes em situação crítica ao não receberam os valores referentes as bolsas de novembro e dezembro.

É importante chamar atenção ao fato de que essa é a única fonte de renda para milhares de pesquisadores do Brasil e, daqueles que estão realizando pesquisas fora do país. O congelamento orçamentário e o não repasse das bolsas praticamente mata a pesquisa científica brasileira por não permitir a mínima dignidade desses pesquisadores, que mesmo diante de bolsas defasadas, contribuem com o desenvolvimento de conhecimento científico em distintas áreas, além de cumprirem com as exigências da CAPES referente a prazos, publicações e participações em eventos acadêmicos

Diante dessa situação, no dia 8 de dezembro de 2022, às 10 horas, discentes dos programas de pós-graduação em Ciências Sociais; Engenharia de Alimentos e Engenharia Agrícola, da Universidade Federal de Campina Grande, reuniram-se remotamente em assembleia extraordinária e unificada para debater o mais recente golpe deferido pelo governo Bolsonaro à educação: rapina dos recursos financeiros para pagamento das bolsas da CAPES.

Entre os principais pontos debatidos na assembleia destaca-se o fato de que o ataque que o governo Bolsonaro realiza não impacta apenas os pós-graduandos, mas a universidade pública de um modo geral, sendo um golpe sistemático que implode as instituições de ensino, dificultando a permanência de estudantes da graduação e pós-graduação, além da própria manutenção das universidades mediante a ausência de recursos para o pagamento de terceirizados.

Também foi refletido que para além da luta econômica, a luta política se faz necessária tendo em vista o grau de descaso, não apenas o governo Bolsonaro, mas dos distintos governos para com a educação, no caso da pós-graduação é sintomático o fato de que desde 2013 as bolsas são corroídas pela inflação, sem nenhum reajuste.

Desse ponto de vista, os participantes da assembleia extraordinária da UFCG, após um leque de discussões e falas sobre a situação do congelamento orçamentário, resolveram deliberar as seguintes ações:

i. Diálogo com as mídias alternativas e tradicionais para a externalização das perdas que o ensino público tem sofrido no Brasil com os ataques do governo Bolsonaro;

ii. Estabelecimento de contato com todos os setores estudantis, docente, dos profissionais efetivos e terceirizados, de modo a explanar a situação referente ao não repasses de recursos a CAPES;

iii. Estabelecimento de contato com lideranças locais que possuem voz na mídia e em espaços políticos da cidade de Campina Grande;

iv. Fomentação de um ato unificado a ser realizado no dia 12 de dezembro de 2022, às 10 horas na Universidade Federal de Campina Grande (campus sede);

v. Promoção de uma aula pública sobre a temática do ataque do governo Bolsonaro à educação

Mesmo com as recentes notas emitidas pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) ( https://www.instagram.com/p/Cl66rQWOncJ/ ) sobre a liberação de recursos para o pagamento das bolsas, os discentes que participaram da assembleia decidiram continuar com o ato, por não se tratar apenas de uma luta econômica, mas também política, no qual nenhuma confiança pode ser tida nas promessas do governo Bolsonaro. É importante relembrar os posicionamentos do presidente durante sua administração e até mesmo durante sua campanha para reeleição, ele deixa claro em ações políticas, que a educação e a ciência não são importantes para seu modo de fazer política. Isso está demostrado em todos os cortes realizados e o obscurantismo dado a ciência, dentro e fora do contexto de pandemia. A luta contra o governo Bolsonaro não pode ser vista como apenas uma luta corporativista, mas unificada, tendo nas classes trabalhadoras e nos despossuídos, a independência de classe necessária para as reais transformações na sociedade brasileira.




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