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7 de setembro | Bolsonaro faz discurso reacionário, disciplinado ao regime e às regras eleitorais em Brasília

Estando atrás em todas as pesquisas de voto, Bolsonaro tratou de melhorar seu cacife eleitoral discursando a um público numeroso na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O conteúdo reacionário coexistiu com um discurso essencialmente domesticado às regras eleitorais.

quarta-feira 7 de setembro de 2022 | Edição do dia

Estando atrás em todas as pesquisas de voto, Bolsonaro tratou de melhorar seu cacife eleitoral discursando a um público numeroso na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Não fez falas inflamadas, à maneira do 7 de setembro de 2021. Adotando a sugestão de sua equipe de campanha, Bolsonaro assumiu um discurso disciplinado à pressão do regime político, moderando o tom e sem fazer ameaças diretas às instituições, com quem compartilha a unidade nos ataques econômicos aos trabalhadores, mas com quem tem atritos políticos.

Como mostra a última pesquisa do IPEC, Bolsonaro fica atrás de Lula, 44% a 31%. Lula aparece na frente de Bolsonaro na maioria dos estados, incluindo São Paulo (44% a 28%) e Minas Gerais (46% a 30%).

Assim, Bolsonaro tem pressa em se reposicionar.

O discurso foi feito depois do desfile dos militares, sob a vista dos generais apoiadores de Bolsonaro. As Forças Armadas, que se tornaram um ator político central dominando ministérios e secretárias, com múltiplos privilégios num país que passa fome, mostraram abertamente que não possuem qualquer "ala democrática", vinculando a celebração do bicentenário ao apoio à extrema direita.

Bolsonaro fez um discurso a partir do ângulo do candidato. Com o conteúdo reacionário, anticomunista e machista, enalteceu os lemas clássicos da extrema direita (Pátria, Deus, Família) apelando aos eleitores presentes. Comparou mulheres com princesas, e cantou ao lado de Michelle Bolsonaro o inapresentável mote "imbrochável". Apostou na estratégia ultraconservadora de 2018, com seus rompantes anticomunistas, cinicamente contra a corrupção, e antipetista.

Esse conteúdo reacionário coexistiu com um discurso essencialmente domesticado às regras eleitorais. Não questionou os procedimentos eleitorais e as urnas, como havia feito na reunião com os embaixadores. No conjunto, apresentou um discurso moderado por trás da promessa de manter todos os poderes dentro das linhas da Constituição.

Tentou falar a mulheres e evangélicos, em especial. Para isso, deu destaque para Michelle Bolsonaro, portavoz da campanha para a tentativa de colher votos no público feminino (para além do evangélico). Ao lado de empresários aliados que financiaram a reacionária jornada, Bolsonaro mencionou diretamente o dia da eleição, 2 de outubro. Pediu para seus apoiadores votarem e mudarem a opinião de quem tem preferências diferentes.

"A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-lo do que é melhor para o nosso Brasil". "Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem. O povo sabe o que quer", disse Bolsonaro, agitando o antipetismo.

Em alusão às instituições compartilham autoritarismo com o governo, como o STF, Bolsonaro afirmou que, caso seja reeleito, levará para "dentro" das quatro linhas da Constituição "todos aqueles que ousam ficar fora delas". "Podem ter certeza, é obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Com uma reeleição nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora delas", declarou.

Os movimentos políticos do 7 de Setembro são liderados por 2 grupos-chave para Bolsonaro: os ruralistas e os evangélicos. Simbolicamente, o Movimento Brasil Verde e Amarelo, ligado ao agronegócio, levou tratores à capital federal para demonstrar apoio ao presidente de extrema direita. Já no Rio, líderes religiosos estarão à frente da organização do ato em Copacabana, como os pastores Silas Malafaia e Sóstenes Cavalcante.

A grande imprensa comemora o tom disciplinado de Bolsonaro, e não tem nenhum problema com a defesa das reformas ultraliberais que levaram o país à miséria, à fome, ao atraso, à dependência. Pelo contrário, as bandeiras do ultraliberalismo e do conservadorismo precisam ser combatidas na luta de classes, unificando os trabalhadores, para revogar todos os ajustes econômicos.

Nada disso será feito pela campanha do PT. Lula e Alckmin pretendem governar mantendo a aliança que se conformou no dia 11. Ao lado da grande burguesia não irão reverter as privatizações e reformas que ajudaram a aumentar os lucros do grande patronato. Por isso, querem uma eleição afastada de qualquer “turbulência” na luta de classes, preparando sua forma de governar em aliança com aqueles que são parte importante dos setores que levaram Bolsonaro ao poder, o que só irá significar consequências nefastas para os trabalhadores e povo pobre, mesmo em um eventual novo governo Lula. São Lula e Alckmin dando o recado de que vão governar para a burguesia, mantendo a obra econômica do golpe institucional.

As burocracias sindicais (CUT, CTB, Força Sindical, UGT) e dos movimentos sociais se adequam completamente à "paz social" em benefício das eleições e da transição pacífica. Sequer convocaram uma jornada de contra-atos que desse ao 7 de setembro um caráter combativo contra os atos reacionários dos empresários e da extrema direita.

Contra Bolsonaro, nenhuma aliança com a direita e os patrões: unifiquemos os trabalhadores para enfrentar na luta o governo, os militares e todas reformas ultraliberais.

Por isso é necessário combater a extrema direita com a mais ampla independência de classe, e um programa anticapitalista para que não sejam os trabalhadores e o povo pobre que arquem os custos dessa crise. É necessário defender a revogação de todas as privatizações e reformas, em primeiro lugar da reforma trabalhista, abolindo qualquer tipo de flexibilização laboral e lutando por plenos direitos trabalhistas. Isso deve estar ligado à construção de uma grande batalha pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, com 30 horas semanais para enfrentar a precarização e o desemprego, na perspectiva da divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados, e da sua unificação. Trabalho digno para todos: basta de naturalização da precarização do trabalho, devemos atacar o fundamento dos lucros dos capitalistas.




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