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ELEIÇÕES DO CONGRESSO 2021 | Bolsonaro planeja cautelosamente sua reforma ministerial para não ficar refém do centrão

Bolsonaro emplacou seus presidentes no Congresso liberando bilhões em emendas e prometendo uma reforma ministerial. Mas o grande vencedor em ambos os pleitos foi o centrão, e o Planalto precisa cumprir sua palavra pisando em ovos, ou pode ser traído e se tornar refém.

MaréProfessora designada na rede estadual de MG

quarta-feira 3 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Montagem de Márcio Marinho, deputado federal pelo Republicanos - BA (foto de Câmara dos Deputados) e Eduardo Gomes, senador pelo MDB - TO (foto de Marcos de Oliveira/Agência Senado)

O presidente Jair Bolsonaro conseguiu emplacar seus candidatos para a presidência da Câmara de Deputados e do Senado - uma "vitória de Pirro", que tende a custar mais caro do que os R$3 bilhões liberados às vésperas das eleições em emendas parlamentares. Com o grande vencedor de ambos os pleitos tendo sido o famigerado centrão, fisiológico e pragmático por definição e até a medula, nada garante ao Planalto qualquer lealdade. Para garantir um bom trânsito nas casas, Bolsonaro precisa cumprir com a promessa da Reforma Ministerial.

A presidência da república agora terá que encontrar a justa medida entre entregar cargos nos ministérios para conseguir a aprovação de suas pautas e cobrar a aprovação das suas pautas como critério para entregar cargos nos ministérios. Tarefa nada fácil quando se lida com os vencedores não só das eleições do Congresso, mas também das eleições municipais de 2020, justo o centrão que vive de se sair bem, se aliando a "quem dá mais".

Bolsonaro foi aconselhado a aplicar uma reforma a conta gotas: indicar agora Márcio Marinho (Republicanos - BA), da bancada evangélica, para a pasta da Cidadania; e Eduardo Gomes (MDB - TO), líder do governo no Congresso, para o Desenvolvimento Regional. Ambas as indicações seriam uma espécie de "agradecimento", já que o Republicanos apoiou Arthur Lira após o oferecimento de cargos na máquina federal e o MDB de Simone Tebet abriu mão de apoiar a própria senadora, abrindo espaço para o apoio velado da legenda a Rodrigo Pacheco.

O Ministério da Cidadania é responsável pelo auxílio emergencial e pelo Bolsa Família, ambas políticas caras para a popularidade de Bolsonaro, e hoje é chefiado por demista Onyx Lorenzoni, que deve ser transferido a Secretaria-Geral do governo federal. Com isso, a Subchefia Para Assuntos Jurídicos da Secretaria tende a ser vinculada diretamente ao gabinete presidencial.

Já o ministério do Desenvolvimento Regional é caro ao Senado, já o peso da política coronelista dos membros dessa instituição está diretamente relacionado à barganha de projetos para seus respectivos estados.

Se de fato fizer uma reforma cautelosa, Bolsonaro deve voltar a embaralhar os cargos nos ministérios a partir do segundo trimestre do ano, mediante avanço da reforma administrativa de Paulo Guedes.

O que prima é o bom e velho presidencialismo de coalizão, que inclusive no âmbito da presidência da Câmara já envolveu idas e vindas de Lira, terminando por garantir para o PT um lugar sob um mísero raio de sol. O PT, que por via da CUT chegou a chamar um dia de lutas para eleger Baleia Rossi, abaixa toda a sua guarda para ter um lugar no regime em degradação. O PSOL, embora tenha bastante menos capacidade que o PT para tal, demonstra que busca aprender a administrar, e não combater, o regime golpista.

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