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Denúncia | Brasil envia munições para a repressão no Peru: um caso de cumplicidade

No sábado, 14 de janeiro, chegaram ao Peru quase 30 mil cartuchos de gás lacrimogêneo provenientes do Brasil. Foi um pedido feito pela Polícia Nacional do país na cordilheira para fortalecer uma repressão que já cobrou mais de 60 vidas. Um caso de cumplicidade com o governo golpista.

sábado 28 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Um avião Hércules da Força Aérea do Peru aterrisou no dia 14 de janeiro no Peru. A imensa aeronave militar levava no seu porão 28.960 cartuchos de gás lacrimogêneo provenientes do Brasil para fortalecer uma repressão brutal encabeçada pelo governo de Dina Boluarte, que já assassinou mais de 60 manifestantes no convulsionado país. O envio foi despachado a pedido da Polícia Militar pela empresa Cóndor Indústria Química do Brasil. Trata-se de uma carga por quase U$S 500 mil solicitada no fim de dezembro pelo Estado peruano. Tal é o alcance da repressão, ao ponto que as forças de segurança praticamente esgotaram seu gás lacrimogêneo e por isso se fez este pedido de urgência, apoiado na resolução ministerial N 031-2023.

Ainda que a solicitação tenha sido feita nos últimos dias do último ano, ou seja, sob o governo do direitista Jair Bolsonaro, o envio foi despachado já no começo de 2023, ou seja, sob o governo de Lula da Silva que não fez nada para deter uma medida que, evidentemente, reforça a repressão de um governo golpista, assassino e ilegítimo. Um documento confirma que o Estado peruano, através das autoridades da PNP (Polícia Nacional do Peru), solicitou ao governo brasileiro a visita de uma delegação para transportar a venda acordada. A permissão foi garantida e as munições das gás lacrimogênio já são lançadas no Peru.

Esta atitude cúmplice do governo brasileiro com a repressão do governo de Baluarte não é casual. Pelo contrário, é lógica. Como viemos denunciando no Esquerda Diário, tanto o governo de Lula, como o governo de Alberto Fernández e a Frente de Todos, vem levando adiante uma política de cumplicidade mais que eloquente: em primeiro lugar, reconheceram o governo golpista de Boluarte, linha que ratificaram com cerejas no bolo durante a cúpula da Celac, onde vergonhosamente omitiram condenar a repressão no convulsionado país.

O governo brasileiro foi além: durante a cúpula da Celac o chanceler Brasileiro, Mauro Vieira, se reuniu com a sua par peruana, Ana Cecilia Gervasi, onde estreitaram laços ao ponto de acordar, por pedido do Brasil, uma cúpula entre Lula e a golpista Boluarte. Um governo com pretensões progressistas, legitimando na cara dura um governo assassino surgido de um golpe institucional blindado pelas forças repressivas.

Essa denúncia se baseia em preceitos tão básicos que até a Anistia Internacional pediu ao Estado espanhol que deixasse de vender insumos ao governo peruano. Mas Lula atua como cúmplice da repressão assassina.

A atitude de Lula é coerente com a linha de Washington para o Peru, que é a de apoiar o golpe. Após este escândalo ninguém pode sustentear seriamente que nem Lula, nem nenhum governo expressam uma política que defende uma “autonomia regional”: o que existe é alinhamento com o imperialismo yankee.

Lula poderia ter vetado o envio de cartuchos pela empresa Cóndor e não o fez. Depois nenhum funcionário desprevenido destes governos pode perguntar como a direita se fortalece: ela se fortalece com políticas vergonhosas como essa.




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