×

UFABC | Chapa 1 vence Pesquisa Consultiva para a Reitoria em 2022 na UFABC

Nesta quarta-feira (23), saiu o resultado das eleições consultivas da reitoria, com 1578 votos válidos a Chapa 1, UFABC Presente, foi eleita como favorita contra 966 dos votos na chapa 2, De Todes para Todes. Com um grande número de abstenções e mais de 100 votos nulos e brancos, agora a Comissão Eleitoral recebe candidaturas nominais para a elaboração da lista tríplice pelo Colégio Eleitoral em sessão do Conselho Universitário.

Jenifer TristanEstudante da UFABC

quinta-feira 24 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

As eleições da Reitoria da UFABC neste ano de 2022 cruzaram uma série de debates fundamentais sobre o destino da educação frente a pandemia do coronavírus, os cortes orçamentários e as ameaças à autonomia universitária, com a nomeação de interventores de diversas universidades federais. Essas eleições também cruzam o debate eleitoral nacional que tem polarizado os locais de estudo e de trabalho, e gerado uma enorme expectativa sobre a possível derrota eleitoral de Bolsonaro, um inimigo declarado da educação.

Todo esse processo de politização da universidade é muito importante para levantar as principais demandas e reivindicações da comunidade acadêmica, poder fazer um balanço crítico desses anos de administração da universidade e do ensino remoto e para abrir reflexões sobre os desafios do movimento estudantil na UFABC e nacionalmente.

A vitória da chapa 1 representa uma continuidade no projeto de uma fração da burocracia acadêmica petista da UFABC, hoje aliada também a Prefeitura de Paulo Serra do PSDB como ficou evidente com o apoio em vídeo publicado, que se apoia também nas burocracias sindicais do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e teve um esforço lamentável e deprimente do Movimento Correnteza, gestão do DCE desde 2019, para ganhar voto entre os estudantes para esse projeto.

A principal justificativa da Correnteza em seu voto aberto foi a “experiência” da atual Reitoria para administrar o seu projeto de universidade. Mas do que isso se trata?

As medidas de encarar a crise orçamentária já existente em 2019 foram se apresentando em doses homeopáticas ao longo daquele ano. Primeiro, surpreendeu os estudantes com as mudanças para a utilização dos Restaurantes Universitários, restringindo o acesso aos alunos especiais e os que não possuíam carteirinha. O que posteriormente tiveram de retroceder. Depois, anunciou-se a mudança de empresa via novo edital que reduz as frotas de ônibus e reduz consideravelmente o acesso à universidade, tanto dos estudantes regulares, quanto dos alunos especiais, sem mencionar seu aprofundamento do afastamento da população que não poderá mais frequentar a Universidade devido a sua localização. Sem contar as suspeitas de motoristas trabalhando acima da jornada de trabalho permitida por lei (mais de 16 horas por dia), as denúncias de demissões do restaurante universitário de trabalhadoras que não concordavam com a gerência, algo histórico de uma universidade que demitiu uma trabalhadora terceirizada transgênera em 2015 após ela se recusar a aceitar a proibição de limpar os banheiros femininos e poder ter seu nome social no crachá.

Isso se combina com a construção de grades que cercam todo o campus de São Bernardo, um sinal bem claro aos interesses desta reitoria que sob todo discurso democrático de inclusão - especialmente pela política de cotas raciais e para população trans - visa restringir o acesso de uma instituição pública.

Os problemas da falta de independência da Correnteza às reitorias ganhou um destaque para a enorme empreitada que tiveram nessa campanha eleitoral com Tours pela Universidade, vídeos, tutoriais, cartas de apoio, e uma série de iniciativas que não sequer cogitadas para apoiar a greve da GM no ano passado, ou mesmo para a convocação dos atos por justiça para Moïse, um jovem negro congolês que se tornou símbolo da cruel reforma trabalhista. Esses problemas têm diversas implicações políticas, programáticas e estratégicas.

A Faísca Revolucionária na UFABC se posicionou a respeito das eleições chamando todes as pessoas estudantes a votarem nulo, expressando um questionamento a ambos os projetos apresentados pelas chapas de manutenção do caráter de classe da universidade, como um espaço de excelência intelectual para manutenção da exploração do trabalho. Essa posição foi um resultado da contribuição enviada para os estudantes sobre os projetos de universidade em disputa, sobre os limites da paridade entre os três setores na Pesquisa de Opinião Não Vinculante que não tem poder decisório (caráter apenas consultivo), e nas reivindicações de um movimento estudantil que queira emergir como um sujeito político independente no cenário nacional para fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

Frente a esse cenário, nós da Faísca Revolucionária chamamos todes estudantes a fazerem uma experiência consciente e crítica da continuidade desse projeto de universidade que convive com a exclusão de milhões de jovens pelo filtro racista do vestibular, o trabalho precário que se aprofundou na pandemia e a falta de democracia das universidades com os conselhos antidemocráticos, onde a maioria da universidade, nós estudantes, temos um papel apenas consultivo.

Chamamos a todos a batalhar por um movimento estudantil combativo, que esteja ao lado dos trabalhadores de dentro e de fora da universidade sem nenhuma confiança nas reitorias e governos capitalistas. Nós nos comprometemos a estar na linha de frente contra qualquer interventor ou tentativa de desrespeitar a autonomia universitária, ainda que seguimos lutando de maneira independente e buscando colocar a UFABC à serviço da classe trabalhadora através de um programa de dissolução da reitoria e dos conselhos antidemocráticos para que os estudantes, professores e trabalhadores decidam sobre os rumos da universidade.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias