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MRT | Conferência Nacional do MRT discute os desafios da esquerda revolucionária para 2022

No dia 19 de fevereiro, ocorreu a Conferência Nacional do MRT, preparatória do V Congresso do MRT a ocorrer este ano. Com delegados das regionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, entre outros, a conferência debateu sobre a caracterização política da situação no país a partir das tendências internacionais e da conjuntura marcadamente eleitoral que se abre em meio ao governo Bolsonaro-Mourão e da agenda de ataques do golpe institucional. A Conferência teve coordenação de Larissa Ribeiro, metroviária de São Paulo.

domingo 20 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Com abertura de Diana Assunção e Marcelo Tupinambá, dirigentes nacionais do MRT, a Conferência abordou os distintos cenários políticos e os desafios que se colocam neste momento para a esquerda revolucionária. Com a crise econômica fruto das turbulências nas cadeias globais de valor, da desaceleração da China e da recuperação apenas parcial dos EUA, o panorama internacional está tingido de incertezas, que aumentam com as tensões geopolíticas entre a OTAN e a Rússia no tabuleiro da Ucrânia, e a corrida entre Washington e Pequim. Mesmo na América Latina, continente mais afetado pela pandemia, os problemas econômicos vão gerando modificações políticas, enfraquecendo relativamente as figuras políticas da direita e da extrema direita e abrindo um "momento reformista" que não pode corresponder às aspirações de melhoria de vida frente à crise, gerando novos impasses. No Brasil, que vem atravessado no últimos anos por uma situação política reacionária, em meio ao governo Bolsonaro e com duros ataques à nossa classe por parte também do Congresso e do Judiciário, agora pesa fortemente a conjuntura eleitoral, e dentro dela o crescimento da ilusão em amplos setores de que um novo governo Lula, que se prepara para governar em aliança com burgueses e golpistas como Alckmin, poderia representar uma saída.

Sobre isso, Marcello Pablito, dirigente do MRT declarou: “A esquerda revolucionária que quer enfrentar o reacionário governo Bolsonaro e Mourão, além de todas as instituições deste regime do golpe institucional tem um forte desafio neste momento. É preciso colocar como centro a necessidade de organizar a nossa classe e a juventude para enfrentar e derrotar o conjunto dos ataques que se acumularam nos últimos anos, como a reforma trabalhista, a reforma da previdência, o teto de gastos e tantos outros ataques incluindo avanços autoritários neste regime. Bolsonaro e Mourão que representam essa extrema-direita odiosa só poderão ser enfrentados pela auto-organização. Isso passa por rechaçar qualquer tipo de subordinação ao projeto de conciliação de Lula e do PT, que na direção de grandes centrais sindicais como a CUT buscam desviar todo o descontentamento que existe para o terreno eleitoral”. Carolina Cacau, também dirigente do MRT, complementou: “Por isso estamos dialogando com jovens e trabalhadores que querem enfrentar estes ataques mostrando que a política de conciliação de classes do PT não é uma resposta para isso menos ainda por suas alianças com figuras da direita como Geraldo Alckmin que tanto atacou a nossa classe. É impossível enfrentar a extrema direita se aliando com uma parte da direita tradicional e com golpistas”.

Frente à enorme crise do PSOL, que se subordinou politicamente ao PT e se prepara para integrar a coordenação de campanha de Lula, além de entrar em uma Federação com programa e estatuto comuns com a Rede de Marina Silva, partido burguês que apoiou o golpe institucional, debatemos a necessidade de batalhar para fortalecer uma alternativa que possa potencializar a organização da nossa classe para enfrentar todos os ataques e reagrupar a vanguarda de esquerda revolucionária com um programa de independência de classe. Este é um desafio que deve marcar o próximo período.

Nesse sentido, os delegados discutiram seguir iniciativas de reagrupamento da vanguarda como a construção do Polo Socialista e Revolucionário com as propostas que consideramos que permitem que este Polo avance para ter um programa comum de independência de classes e uma forte atuação nos processos de luta embrionários que estão ocorrendo no pais, para que este reagrupamento de setores da vanguarda revolucionária tenha como objetivo central a intervenção na luta de classes. Consideramos desde nossa perspectiva que esta base de atuação comum é parte do que permite que o Polo possa se apresentar como uma alternativa nas eleições, que em nossa visão deve se basear no exemplo da FIT-U na Argentina que apresenta um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Sobre esse tema, Diana Assunção comentou: “A Conferência votou seguir nossas iniciativas de participação na construção do Polo Socialista e Revolucionário assim como consideramos que o Polo deve avançar para ser uma alternativa de independência de classe também nas eleições. Por isso, em resposta à proposta do PSTU de abertura de filiação democrática para as organizações do Polo que não tenham legenda, a Conferência referendou o pedido que já fizemos à Direção Nacional do PSTU de uma reunião para viabilizar essas filiações e seguir os debates. Esperamos poder dar passos efetivos quanto a isso nesta próxima semana”.

Também nesse sentido a Conferência votou potencializar os debates de programa diante da crise no país e, denunciando fortemente o papel das centrais sindicais, que estão em plena campanha eleitoral, seguir chamando a esquerda para uma campanha em comum pela revogação integral da reforma trabalhista e de todas as reformas e privatizações, com exigência às centrais sindicais tendo como símbolo o imigrante refugiado Moïse. Ao mesmo tempo e de imediato, impulsionar uma campanha por um plano emergencial em Petrópolis, defendendo uma reforma urbana radical sob controle dos trabalhadores e moradores da região.

Nas próximas semanas, junto com o grupo de mulheres Pão e Rosas, a Conferência votou batalhar por um 8 de março com eixo na luta contra Bolsonaro, Mourão e Damares, pela revogação integral da reforma trabalhista e todos os ataques do regime golpista, pela legalização do aborto e por Justiça a Moïse; propondo blocos do Polo Socialista e Revolucionário. Também se definiu por concentrar uma ofensiva com o livro "Nós mulheres, o proletariado", em especial em março com a campanha de pré-venda e ao longo dos meses organizando lançamentos. No começo de março também, a Juventude Faísca Revolucionária publicará seu Manifesto Programático fruto das discussões do Encontro Nacional que ocorreu em dezembro, preparando-se para a intervenção nas calouradas defendendo o direito das comunidades universitárias decidirem sobre o retorno presencial diante da pandemia.

A Conferência também decidiu denunciar que o chamado feito pelas centrais sindicais a uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) subordina integralmente as necessidades da nossa classe às promessas eleitorais de Lula e aponta claramente para um ano sem qualquer organização ou atuação da nossa classe para além das eleições. Por isso, queremos batalhar pra construir alas revolucionárias nos sindicatos que exijam que a CUT deixe de sustentar a política de Lula de conciliação de classes, em aliança com Alckmin, e organize uma Conclat que se dê com a participação dos trabalhadores pela base, para impulsionar a organização com independência de classe da luta pela revogação integral da reforma trabalhista e de todos os ataques do regime do golpe, e impor uma saída emergencial contra a fome, o desemprego e os problemas mais sentidos pelas massas trabalhadoras

Sobre as iniciativas do Esquerda Diário e ideológicas, Marcelo Tupinambá comentou: “Como eixos da nossa ofensiva de propaganda, destacamos o curso ’Uma visão marxista do Brasil: política e luta de classes: 1964-2022’ no Campus Virtual, e vamos concentrar forças no projeto Ideias de Esquerda, revalorizando e expandindo o instrumento com uma nova revista e com foco em entrevistar e estabelecer intercâmbio com a intelectualidade de esquerda. O Esquerda Diário, único meio de comunicação de esquerda que deu uma batalha contra o golpismo e pela mobilização independente do PT por parte dos trabalhadores, continua sendo uma ferramenta central que queremos potencializar, e não somente o site, mas também o conjunto das iniciativas audiovisuais e nas redes sociais. É fundamental esse papel que cumpriu o Esquerda Diário justamente porque enfrentou a direita e a extrema-direita lutando contra a política de conciliação de classes do PT, à qual o PSOL se adaptou e também contra as adaptações por exemplo do PSTU e outros setores à Lava Jato”.

Por fim, a Conferência indicou realizar o V Congresso do MRT em junho deste ano.




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