O Metrô de SP assinou um convênio milionário com a polícia militar para substituir trabalhadores do Metrô por policiais nas estações. Ao mesmo tempo que vem cortando milhares de postos e aumentando a sobrecarga de trabalho no metrô, o Estado reage aos problemas sociais da fome, desemprego, miséria e falta de perspectivas da juventude - que ele mesmo alimenta - com mais militarização e repressão.
sábado 22 de outubro de 2022 | Edição do dia
Foto: ULISSES OLIVEIRA/R7
O convênio firmado no dia 28 de setembro entre o Metrô de São Paulo e a Polícia Militar prevê por volta de 180 policiais para atuarem nas estações a um custo de R $1,4 milhão por mês. Os PMs começaram a atuar nesta quinta (20), nas estações das linhas 01 azul, 02 verde, 03 vermelha e 15 monotrilho.
O tucano Garcia, para não contratar mais funcionários e seguir com o desmonte privatizador do metrô, prefere gastar milhões por mês com hora extra de policiais do que contratar novos funcionários efetivos, mantendo a precarização dos serviços prestados e a falta de funcionários.
A atuação de policiais armados dentro das estações que são espaços confinados e de grande aglomeração de pessoas também compromete gravemente a segurança operacional e o risco de ferimentos e morte. A CIPA da linha 03 vermelha já aprovou uma resolução contra o convênio com a PM e recomendando a contratação de novos funcionários.
Enquanto a imprensa faz uma campanha ressaltando o aumento de casos de furtos, assaltos e violência dentro do Metrô, que são consequências do desemprego, da alta inflação acumulada e da miséria social, a resposta do governo de São Paulo comandado pelo tucano Rodrigo Garcia e da companhia é incrementar o aparato repressivo e criminalizar os pobres e a juventude para esconder a responsabilidade do próprio estado pela desigualdade social e a miséria crescente.
Durante a pandemia, a população mais pobre amargou uma inflação de 16,8% puxada pela alta dos alimentos e combustíveis, inclusive gás de cozinha. Desemprego e desalento também cresceram, e a informalidade mais ainda.
Os ataques aos direitos sociais promovidos pelo governo Bolsonaro principalmente com as reformas da previdência e trabalhista, mas também com a lei do teto de gastos que retirou montantes milionários da educação, da saúde e do saneamento básico, precarizou profundamente a vida da população e os capitalistas aproveitaram o período da pandemia para acelerar seus planos de ataques resultando num quadro trágico para a população pobre e os trabalhadores enquanto aumentou o número de milionários no país e a concentração de renda atingiu índices inéditos.
A política de Garcia aqui em São Paulo, avalista e entusiasta dos ataques bolsonaristas à população pobre, vai no mesmo sentido. E para garantir que esses objetivos se concretizem, precisa lançar mão cada vez mais dos instrumentos de repressão como a polícia.
É inevitável que as consequências sociais dessas políticas atravessem o metrô, que é um transporte de massas imprescindível.
Por esses motivos, os metroviários devem rechaçar a substituição dos trabalhadores por PMs nas estações e, para fortalecer as nossas lutas e de toda a classe, precisam adotar uma posição de classe frente aos problemas sociais que atingem a maior parte da população, partindo de defender condições de trabalho e de vida, em detrimento dos lucros capitalistas.
É necessário denunciar a responsabilidade do Estado e de seus patrões capitalistas frente aos ataques ao povo pobre, e defender antes de tudo a revogação das reformas e da lei do teto de gastos. Denunciar categoricamente toda repressão policial e estatal contra o povo pobre que é um mecanismo para disciplinar os explorados e impedir que lutem por suas reivindicações. Para combater a inflação, exigir o congelamento dos preços dos alimentos e combustíveis, assim como o reajuste automático de salários de acordo com os índices de inflação para combater a corrosão dos salários. Contra a precarização do trabalho, devemos levar como bandeira a luta pela efetivação de todos os terceirizados, e nas empresas públicas sem exigir concurso de quem já está trabalhando, pois isso significaria demissão em massa. Para combater o desemprego, precisamos exigir a proibição de qualquer demissão e a redução da jornada de trabalho para 30 horas sem diminuição dos salários.
Para libertarmos os sindicatos e as organizações dos trabalhadores das mão das direções burocráticas como é a CUT/PT e a CTB/PCdoB, que vem desmobilizando a classe e deixando passar uma série de ataques sem luta, é preciso denunciar fortemente esse papel traidor das direções e exigir que coloquem em marcha um verdadeiro plano de luta da classe de conjunto baseado nesses pontos de programa que expôs aqui.
Um programa desse tipo, que erguesse em alto e bom som as demandas de toda a classe, seria capaz de conquistar corações e mentes dos trabalhadores das mais diversas categorias para a ideia de uma luta unificada contra os ataques. Os metroviários precisam aliar a luta pelas demandas mais sentidas pela população a luta contra a privatização e os ataques aos nossos direitos mostrando para os demais trabalhadores que temos inimigos comuns e assim fortalecer as lutas de conjunto de nossa classe rompendo com a divisão que os capitalistas impõem a nós que só nos enfraquece.
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