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Rodoviários | Desmonte da Carris por Melo causa acidente com ônibus sem freio em Porto Alegre

Na última segunda-feira (13), um ônibus sem freio da companhia Carris colidiu com outro na Perimetral, em Porto Alegre, ferindo uma passageira que teve de ir de ambulância ao HPS. Uma tragédia anunciada pelos próprios rodoviários, diante do enorme desmonte da empresa promovido pela prefeitura de Melo (MDB) no interesse dos empresários do transporte. Leia esta e outras denúncias de rodoviários na matéria.

quinta-feira 16 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Nas últimas semanas, repercutimos aqui no Esquerda Diário a denúncia de um motorista da companhia Carris Porto-Alegrense sobre o descaso da prefeitura de Melo (MDB) com o transporte público da capital gaúcha e o desmonte proposital de uma empresa pública de 150 anos para garantir os interesses dos barões do transporte privado. Melo e seus diretores na Carris prontamente impuseram uma represália ao trabalhador, mas não foram capazes de varrer a sujeira para debaixo do tapete até o final. Nesta segunda (13), dois ônibus da companhia colidiram em um acidente grave na Avenida Perimetral por falta de freio, reflexo direto da política da prefeitura na direção da Carris.

O acidente se deu entre os ônibus 871 e 791. Uma passageira ficou ferida e teve de ser conduzida por ambulância ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).

Rodoviários da Carris relatam que, dias antes do acidente, já haviam reclamações sobre falhas no sistema de freio do 791, chegando ao ponto de trabalhadores já terem se recusado a sair com o veículo. Denunciam também que há coação da diretoria da empresa para que operem as frotas mesmo com claros sinais de defeito, sob pena de represálias e demissões. Procurado pelo Esquerda Diário, o motorista envolvido não quis se pronunciar.

Os interesses privatistas estão tornando um risco mortal viajar nos ônibus da Companhia Carris durante a administração de Melo, com as claras evidências que vêm surgindo de uma verdadeira sabotagem da empresa para que assim convença a população que o melhor é vender tudo ou entregar as linhas de uma empresa que por muitos anos foi a melhor do ramo na América Latina.

E não para por aí. Fontes de dentro da companhia relatam que os dois veículos envolvidos no acidente não foram recolhidos ao órgão municipal de trânsito (EPTC), como deve ser em casos de acidente com vítima. Os mesmos veículos já estariam sendo alterados pela própria oficina da empresa, sob orientação da diretoria. Vão corrigir as falhas do freio e jogar a culpa no motorista?

A situação se agrava com a revelação dos rodoviários de que a oficina da Carris não teria mais mecânicos concursados ou sequer com formação adequada, pois estariam remanejando trabalhadores de outros setores e inclusive menores aprendizes para lá, onde a direção da empresa vem levando adiante um verdadeiro processo de maquiagem e gambiarra com a frota. Um dos menores aprendizes, em relato a um repórter do Esquerda Diário que não se identificou, deu a seguinte afirmação: “a gente faz de tudo na oficina, até mesmo motor! Mas meu trabalho preferido é fazer freios, pois é muito fácil”. Não temos mecânicos em nossa redação, mas acreditamos que não fácil produzir um freio de ônibus, equipamento que pesa toneladas. Não é preciso cavar muito para se deparar com o nível de absurdo levado adiante por Melo, colocando em risco a vida de rodoviários, usuários do transporte público e a população em geral.

Melo nunca escondeu que sua política para a cidade é de submissão total aos interesses nefastos dos empresários que mandam nela. Enquanto houver capitalistas interessados em lucrar com o transporte, a Carris estará ameaçada e a lógica do transporte público de Porto Alegre será servir exclusivamente ao lucro, e não às necessidades da população. Por isso a necessidade de lutarmos para que sejam os trabalhadores e usuários que controlem um transporte 100% Carris, pois são os que melhor conhecem todas as necessidades das garagens, dos carros, das linhas e do serviço de conjunto. É preciso varrer Melo, seus CCs e a ATP de Porto Alegre para dar aos trabalhadores o que é dos trabalhadores e fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise que eles mesmos criaram.




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