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Catar 2022 | "É parte natural da vida", disse CEO da Copa acobertando morte de trabalhadores

Presidente-executivo da Copa do Mundo no Catar, despreza a morte de um trabalhador. Ao contrário da subnotificação dos dados oficiais, segundo o The Guardian mais de 6.500 trabalhadores imigrantes morreram no ano de construção e preparação da Copa. Um absurdo tremendo, mortes que nada tem de “natural”, o nome disso é exploração do trabalho, que em sua maioria são de imigrantes africanos - uma das marcas do mundial e dos lucros bilionários da FIFA.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

sexta-feira 9 de dezembro de 2022 | Edição do dia

Nasser Al Khater, presidente-executivo da Copa do Mundo de 2022, confirmou ao jornal Reuters que um trabalhador morreu, mas não deu mais detalhes. Ele ofereceu suas condolências à família e disse que "a morte é uma parte natural da vida". O Ministério das Relações Exteriores das Filipinas confirmou em comunicado que um de seus cidadãos morreu enquanto trabalhava em um resort ao sul da capital Doha. Ele disse que sua embaixada estava "trabalhando com as autoridades legais para averiguar mais detalhes de sua morte".

No entanto, desde o início do mundial vêm sendo denunciadas violações dos direitos humanos escandalosas no país. Pelo menos 6.500 trabalhadores morreram desde que começaram os preparativos para o mundial, sob um regime de trabalho análogo a escravidão gerando um escândalo internacional. A extrema exploração do trabalho, seja nas redes hoteleiras, ou na construção civil, em sua maioria de imigrantes africanos, é uma das marcas do mundial e dos lucros da FIFA junto de gigantes monopólios e empresários. Essa é a mercantilização do esporte e exploração do trabalho no capitalismo.

As mortes de trabalhadores imigrantes foram um dos principais assuntos ao longo da preparação. O comitê organizador do Mundial afirmou que 37 operários envolvidos nas obras dos estádios morreram, apenas três por motivos diretamente relacionados ao trabalho que estavam fazendo. As mortes são através de múltiplas lesões contundentes devido a uma queda de altura; sufocamento por enforcamento; causa indeterminada da morte por decomposição devido a altas temperaturas. Mas entre as causas, de longe as mais comuns são as chamadas "mortes naturais", muitas vezes atribuídas a insuficiência cardíaca ou respiratória aguda.

Al Khater, inclusive, criticou os jornalistas que o questionaram sobre o acontecido:

“Estamos no meio de uma Copa do Mundo e estamos tendo uma Copa do Mundo de sucesso e é disso que você quer falar agora?”, respondeu Al Khater. “A morte é parte natural da vida, seja no trabalho ou quando você está dormindo. Um trabalhador morreu. Nossas condolências à família, mas é estranho que isso seja algo em que você queira focar na sua primeira pergunta. A morte de trabalhadores foi um grande assunto durante a Copa do Mundo. Tudo que foi dito e tudo que foi refletido sobre as mortes de trabalhadores têm sido absolutamente falso”.

Todos os olhos se voltam ao Catar, hoje o mundial marca o início das quartas de final. Vivemos um mundo atravessado por uma crise econômica e seus desdobramentos políticos e sociais, o esporte não fica de fora dessas contradições internacionais que atingem com mais força a população trabalhadora, mais pobre e oprimida. Vibramos a cada a cada gol, mas não podemos deixar de apontar as contradições e cada manifestação política que se expressa na Copa.

A FIFA, Al Khater e o regime autoritário do Catar, que governam com leis medievais que punem com prisão a homossexualidade, partidos políticos e os sindicatos também são proibidos. Querem levar a frente um torneio onde não haja questionamentos políticos, batalhando ao máximo para atender os lucros dos capitalistas. Censuram os jogadores de manifestarem, mas não conseguem calar a paixão dos povos pelo futebol e os ares da luta de classes que estremecem em cada canto contra os governos autoritários, exploração e opressão imperialista.




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