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Trabalho Informal | Motoristas de aplicativos são a quinta ocupação com maior número de acidentes de trânsito em São Paulo

Obrigados a trabalhar mais de 10 horas diárias, motoristas de aplicativos sofrem acidentes devido à exaustão e perdem tudo, sem nenhum amparo de direitos trabalhistas.

segunda-feira 6 de junho de 2022 | 13:26

Um levantamento feito pela Companhia de Engenharia de Trafego - CET de São Paulo com dados de 2020 mostrou que motorista era a quinta ocupação com o maior registro de acidentes de trânsito numa lista com 40 profissões, com 344 acidentes.Sendo também a sexta em número de mortos em acidentes registrados na cidade.

Entre as maiores causas dos acidentes, estão as jornadas de trabalho exaustivas dos motoristas, que dirigem muitas horas por dia e quase não descansam. Há vários profissionais que emendam dias e noites de trabalho, dormindo algumas poucas horas em postos de gasolina em horários intercalados.

A extensa jornada de trabalho inevitavelmente acarreta em acidentes. Entretanto, para um trabalhador de aplicativo, devido a informalidade, o acidentar-se significa perder o meio de trabalho e a própria renda, sem nenhum tipo de amparo pelas empresas. Ou seja, enquanto estiver se recuperando do acidente estará sem salário, sem conseguir pagar pela comida, aluguel, luz, água, e sem poder pagar o conserto do carro para voltar a trabalhar.

Consequentemente um acidente pode resultar em ainda mais horas trabalhadas. Sem carro e cheio de dívidas, muitos acabam tendo de alugar um carro enquanto pagam o conserto do antigo, levando a jornadas de trabalho de mais de 16 horas para pagar as contas. São inúmeros relatos de motoristas de aplicativo que sobrevivem da solidariedade dos colegas, com rifas organizadas pelos nos grupos de whatsapp enquanto se recuperam de um acidente.

Esta terrível situação é consequência da destruição dos direitos trabalhistas, sendo que nas empresas de aplicativo nem sequer se reconhece um vínculo de trabalho dos motoristas. As empresas ganham rios de dinheiro, cobrando das corridas valores inexplicáveis cuja as regras são veladas pelos segredos dos algoritmos dos aplicativos, quanto os trabalhadores não possuem nenhum direito trabalhistas e arcam com todos os gastos e colocando suas vidas em risco.

As longas jornadas exaustivas que ultrapassam as 8h, e o argumento ideológico reproduzido da “liberdade de fazer seus próprios horários de trabalho” escondem a baixa remuneração dos aplicativos, sem salários fixos que garantam o mínimo de subsistência, com a alta da inflação e dos preços da gasolina.

A situação extrema em que se encontram esses trabalhadores, especialmente aqueles que se acidentam, e o aumento vertiginoso dos acidentes, revelam a necessidade de luta pelo reconhecimento das relações trabalhistas sendo garantido o mínimo previsto pela CLT além de um salário digno. Sendo hoje o salário mínimo estipulado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos) deveria ser de R$ 6.012,18.




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