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#AnasseSorbonne | França: Após ameaças da extrema-direita, Anasse Kazib reúne mais de 500 pessoas em frente à Sorbonne

Após os ataques racistas e xenófobos de um pequeno grupo de extrema-direita que queria impedir Anasse Kazib, pré-candidato às eleições presidenciais francesas pela organização Révolution Permanente (da mesma rede internacional Esquerda Diário), de falar na universidade Sorbonne em Paris, mais de 500 jovens e trabalhadores vão ao encontro na frente da faculdade para se solidarizar ao militante operário e trotskista.

Lina HamdanMestranda em Artes Visuais na UFMG

quarta-feira 9 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Coletivos anti-racistas, jornalistas, deputados, figuras de movimentos sociais, estudantes, trabalhadores de diferentes categorias. Centenas estiveram presentes essa noite (09 de fevereiro) em apoio a Anasse Kazib contra os ataques xenófobos e racistas da extrema-direita que queria impedir o pré-candidato de origem imigrante de falar na mais importante universidade da França, a Sorbonne.

Seus apoiadores e camaradas de organização que estudam na Sorbonne o propuseram para participar de um ciclo de conferências sobre as eleições presidenciais nesta universidade para que ele pudesse apresentar suas ideias e seu programa, algo realizado também por outros candidatos.

Mas não é só a extrema-direita que se assusta com a candidatura de um operário trotskista vindo dos bairros populares da periferia da capital francesa. Segundo os organizadores do encontro, a presidência da universidade não quis oferecer uma sala maior, condizente com o número de pessoas que se encontravam à porta da Sorbonne porque "Anasse Kazib não é um candidato como os outros". Por isso, a conferência foi realizada em frente à faculdade.

Não vamos ganhar a presidência, mas com essa campanha vamos construir um bloco revolucionário para os próximos anos - Anasse Kazib

Mas particularmente o fato de um operário revolucionário de origem imigrante ter a palavra na Sorbonne é um sinal muito agressivo para a extrema-direita. Contra os "fachos" é preciso fazer frente única. A presença de mais de 500 pessoas na frente da universidade para apoiar Anasse na noite de hoje é uma demonstração dessa unidade.

O encontro começou com os presentes cantando: "Fora fachos de nossos bairros, sem bairros para fachos!" e com Anasse dizendo: "Vamos entrar com dois pés na porta nas eleições presidenciais, e isso dá medo neles. Porque vamos falar do racismo de Estado, da autodeterminação das pessoas LGBTQI, das violências contra as mulheres. E isso bota medo neles."

"Não há futuro no capitalismo para essa juventude que tem que enfrentar fila para conseguir ter comida nos centros de ajuda alimentar. Não há transição ecológica enquanto houver empresas multinacionais como a Total que exploram nos países africanos e sem uma política internacionalista e anti-imperialista." - Anasse Kazib

Diversos apoiadores em solidariedade à Anasse contra os ataques racistas e islamofóbicos tomaram a palavra. Yousef Brakni, militante dos bairros populares, de origem imigrante, disse: "A extrema-direita tem medo que a gente se organize, que a gente crie movimentos de massas. Frente às suas ameaças, é preciso um apoio incondicional a Anasse Kazib"

Recentemente o ministro da educação do governo francês fez um colóquio extremamente reacionário na mesma universidade, se colocando contra a geração de juventude que se ergue em defesa do clima, contra o racismo, o machismo e a lgbtfobia. E há pouco o governo Macron também anunciou seus planos de acabar com a universidade gratuita. As classes dominantes preparam seus ataques, o que na França imperialista significa atacar em particular a população racializada de origem imigrante. Na noite de hoje, na figura de Anasse, a seção francesa da organização Fração Trotskista, da qual o Movimento Revolucionário de Trabalhadores é parte no Brasil, apresentou um contra-projeto à dominação da burguesia imperialista francesa. Um contra-projeto de aliança da juventude com a classe operária.

"A extrema-direita tem medo que a gente se organize, que a gente crie movimentos de massas. Frente às suas ameaças, é preciso um apoio incondicional a Anasse Kazib" - Yousef Brakni

Apoiadora da campanha de Anasse, Sasha Yaropolskaya, militante transfeminista e refugiada política russa, abriu a conferência: "Me choca que Anasse seja invisibilizado por todas as mídias enquanto todos os outros candidatos em particular Éric Zemmour (extrema-direita) que defende um projeto de expurgação étnica são super medializados."

Assa Traoré, militante anti-racista e dirigente do movimento por verdade e justiça por Adama Traoré, também esteve presente: "Não vamos deixar espaço para eles e seus discursos racistas. Vamos tomar os espaços públicos e continuar a exigir justiça."

Anasse Kazib e sua organização, Révolution Permanente, estão junto a apoiadores na "saga" exigida pela lei francesa para que as pequenas organizações ou pessoas individualmente possam se candidatar à presidência. A lei exige 500 assinaturas de prefeitos que sofrem enorme pressão política já que suas assinaturas são públicas. Essa pressão aumenta ainda mais quando se trata de um candidato operário, de origem árabe, com um programa comunista de ruptura com o capitalismo.

"A barreira de 500 assinaturas é profundamente antidemocrática. Os prefeitos sofrem pressão política. A mídia se recusa a dar espaço para nós. Os bancos se recusam a abrir nossas contas de campanha. Precisamos do apoio massivo de vocês para poder sermos candidato." - Anasse Kazib

Em sua fala na reunião de hoje, Anasse contou que antes de se tornar militante revolucionário, em 2012 havia votado no Hollande (Partido Socialista) contra Sarkozy (Republicanos). Para o pré-candidato de 35 anos, essa esquerda institucional traiu as classes populares e a classe trabalhadora que passaram a se sentir enojadas da política.

É representando esses setores que estiveram à frente de diferentes processos de luta de classes nos últimos anos no país que Anasse está em campanha: "Vamos enviar uma mensagem muito clara: a sociedade funciona graças à classe trabalhadora. Os patrões vivem do nosso suor e da nossa precariedade. Portanto, é preciso expropriá-los, deve caber aos trabalhadores a decisão". E afirma: "Se vemos uma escalada da extrema-direita e mesmo do governo Macron, sabemos que isso é uma resposta a cinco anos de explosivas lutas de classes"

"O que a burguesia não suporta é ver a juventude e os bairros populares na linha de frente no terreno da luta de classes. Durante essa campanha queremos reunir a população dos bairros populares, as famílias das vítimas da violência policial, os imigrantes ilegais (sem-documento), as lutas lgbts e feministas. Decidimos lançar esse coquetel explosivo nas eleições presidenciais. Eles querem silenciar nossas lutas, nós vamos impô-la com dois pés na porta." - Anasse Kazib

Anasse terminou sua fala chamando todos a participar da campanha: "Precisamos de vocês. Para fazer ser escutado um programa que fala da liberação da Palestina, do fim das bases militares, da expropriação dos patrões, da divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados. Este é só o começo, camaradas. Continuemos o combate!"




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