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França | Grande encontro em Paris de trabalhadores em luta pela greve geral contra a reforma da previdência

Enquanto vários setores renovam a greve por quatro dias e as direções sindicais seguem sem aprofundar a luta, uma rede de trabalhadores de diferentes setores organizaram uma reunião para permitir com que se desenvolva a reivindicação de uma greve geral.

sexta-feira 17 de março de 2023 | Edição do dia

[ Esse evento e o texto a seguir se deram antes de Macron impor por decreto a impopular reforma da previdência, em meio a mobilizações de rechaço, como a dos coletores de lixo.

Saiba mais: Provocação: Macron aprovou a odiada reforma da previdência por decreto e arrisca incendiar o país ]

Ao menos 600 trabalhadores de refinarias, dos aeroportos, ferroviários, coletores de lixo e estudantes estiveram presentes em Paris, em um encontro convocado pela Rede pela Greve Geral. Outras 900 pessoas acompanharam a reunião ao vivo por transmissão online. O objetivo da reunião foi responder “à urgência de generalizar a greve renovável de petroleiros das refinarias, empresas energéticas, estivadores ou ferroviários” e convencer amplamente à necessidade ir além do que as direções das centrais sindicais, nucleadas na Intersindical, propõem para o movimento

No encontro se viveu um grande clima de luta, com presença de representantes dos setores que mantém as greves contra o governo Emmanuel Macron. Têm claro que o presidente francês não pensa em aceitar um retrocesso no parlamento que leve à queda do projeto de reforma da previdência, para isso busca acordos com diversos setores da direita a fim de conseguir os votos para aprovar seu projeto. Também sabem que as direções sindicais persistem em sua estratégia de pressão, sem chamar nunca à generalização das greves que continuam em vários setores, como as empresas energéticas, os ferroviários, as refinarias ou os coletores de lixo.

O encontro se constituiu como um importante lugar de um debate aberto sobre a situação do movimento contra a reforma da previdência. A discussão foi centrada em como superar o impasse que a Intersindical conduz o movimento.

Diante disso, a Rede pela Greve Geral, que se formou no final de janeiro a partir de uma declaração assinada por 300 representantes sindicais e lideranças políticas, busca impulsionar uma política alternativa à das direções sindicais.

Entre os coordenadores do encontro estava Alexis Antonioli, trabalhador de refinaria membro da CGT (Confederação Geral do Trabalho) de Normandia, também Anasse Kazib, ferroviário membro do sindicato de Sud Rail Le Bourget. Diante de uma lei que também golpeará com toda força os trabalhadores “sem documentos” (imigrantes), em meio à luta contra a reforma de Asilo e Imigração que propõe o governo, Mariama Sidibe, do coletivo sem documento 75, foi parte dos coordenadores representando esse setor. Por fim, o filósofo Frédéric Lordon completou a mesa.

Um dos primeiros a falar foi Julien, um coletor de lixo, que foi recebido com aplausos e cantos de apoio. Os trabalhadores da coleta estão em greve na capital francesa, demonstrando que são um setor chave.

Djamila, da CGT de Argedis, falou sobre a luta de outro setor muito importante, as trabalhadoras do serviço das estações. “O 7 de março foi atendido pelos grevistas do setor de serviço precarizadas das estações, e no 8 de março renovaram o movimento, com dezenas de estações fechadas”, afirmou.

Por sua vez, Adrien Cornet, trabalhador da refinaria da empresa Total em Grandpuits e membro do Revolution Permanent, deixou claro que a luta deve incluir mais demandas. “Tem que ampliar a greve, tem que fazer greve por todos os lados, essa deve ser a estratégia, e para isso é necessário ligar a luta pelas aposentadorias à luta pelos salários”, afirmou Adrien.

Os estudantes também estiveram presentes. Tanto universitários como secundaristas se somaram à luta contra a reforma da previdência. Ariane Serge, estudante da Faculdade Paris 1 e integrante da agrupação Le Poing Levé, afirmou “temos uma oportunidade de ganhar e conseguir muito mais que a retirada da reforma: baixar a idade de aposentadoria, o aumento dos salários, a revogação da reforma da migração”.

No encontro também tomaram a palavra Anasse Kassib, ferroviário membro do sindicato de Sud Rail Le Bourget e o filósofo Frédéric Lordon, entre outros.

A reunião finalizou com propostas de ação, em primeiro lugar uma convocatória para novas adesões à Rede pela Greve Geral que vai se reunir no próximo fim de semana para debater a situação do movimento. Se decidiu participar da manifestação do dia 16 em frente à Assembleia Nacional e não deixar que a Intersindical faça apenas uma “ação simbólica”.

O encontro serviu para coordenar as iniciativas de greves que surgem desde às bases, mas também para defender uma perspectiva diferente à estratégia proposta pelas direções sindicais, agrupadas na Intersindical, que buscam apenas pressionar o governo para conseguir alguma modificação na modificação na reforma da previdência. Os próximos dias e semanas serão decisivos, tanto para o governo como para a luta dos trabalhadores, a construção de uma greve de massas é uma perspectiva mais que possível.




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