Após o anúncio da imposição obrigatória de quadro de funcionamento mínimo aos grevistas da refinaria da multinacional Exxon na França, nesta quarta-feira, a refinaria Total na cidade de Donges se junta à greve que se espalha pelo setor petroquímico há várias semanas.
Revolution PermanenteFrança
quinta-feira 13 de outubro de 2022 | Edição do dia
Desde a manhã desta quarta-feira (12), a refinaria Total em Donges (Loire-Atlantique) aderiu à greve de petroleiros que já dura mais de 20 dias em alguns setores. Esta não é uma refinaria qualquer, mas a segunda mais importante do país em volume de produção.
Na tarde desta terça-feira, a CGT anunciou a extensão da greve do setor petroquímico a esta planta da Total Energies, que era uma das poucas que não havia aderido ao movimento grevista nacional iniciado em 27 de setembro.
Nesta quarta-feira, às cinco da manhã, um piquete de greve recebeu os trabalhadores presentes nas instalações. Segundo fontes sindicais, 80% da equipe de hoje (quinta-feira, 13) aderiu à greve. Os percentuais foram semelhantes na assembleia geral às 13h30, que votou pelo bloqueio da saída de combustível até a troca de equipamentos à noite, que teria que decidir em terceira assembleia geral se vai aderir ou não à greve.
Os grevistas se reúnem hoje em uma assembleia geral para decidir se a refinaria de Donges como um todo entra em greve para interromper a produção.
[DIRECT] Après l'annonce de la réquisition des grévistes d'Exxon, la raffinerie Total de Donges a annoncé qu'elle rejoignait le mouvement hier. Depuis 5h du matin la raffinerie est bloquée et des AGs auront lieu pour décider de la suite de la mobilisation. On est sur place ⤵️ pic.twitter.com/Y7Lu4N1Chu
— Révolution Permanente (@RevPermanente) October 12, 2022
[tradução do tweet: [AO VIVO] Após o anúncio de imposição do quadro mínimo dos grevistas da Exxon, a refinaria Total em Donges anunciou ontem que está se juntando ao movimento. Desde as 5h a refinaria está bloqueada e serão realizadas Assembleias Gerais para decidir sobre a continuidade da mobilização. Estamos no local.]
Como explica David da CGT Total Energies em Donges: “estamos retomando o movimento após uma primeira greve de 72 horas nos dias 27, 28 e 29 de setembro, e nem uma gota de combustível sairá da refinaria”. Enquanto a luta entre a Total e os trabalhadores continua, David confirma que os trabalhadores comentam com ele como "a Total não levou em consideração nenhuma de [suas] reivindicações sobre salários, condições de trabalho ou melhorias, então [entraram] na luta".
Nesse contexto, o anúncio do governo de impor quadro mínimo obrigatório aos trabalhadores da ExxonMobil ontem à tarde, sob pena de prisão dos grevistas que rejeitarem a imposição, foi a faísca que acendeu a greve em Donges: "Atualmente, estamos em greve para apoiar a luta dos companheiros de outras refinarias da Total, mas também da Exxon que estão em greve há 3 semanas. Mas também por causa do anúncio de ontem do governo de impor um quadro mínimo de funcionamento em locais em greve. É uma decisão monstruosa que visa destruir o direito de greve”, explica David.
Em Donges, o mal-estar dos salários aumenta ainda mais os problemas locais. Como Marin, sindicalista da Force Ouvrière e trabalhador da refinaria, nos explicou: “Há alguns meses houve uma greve de 20 dias na refinaria para denunciar os contratos precários, ou seja, trabalhadores temporários ou trabalhadores com contratos indefinidos. Exigimos a efetivação com contratos indefinidos para todos os trabalhadores. Se geramos 30.000 milhões de lucro em 2022, isso não deveria ser tanto. A gestão nos ignorou e não nos ouviu. Tudo é ’trabalhe e morra’, e nada mais. Falam de diálogo social, mas não tem nada disso”.
Diante dos ataques do governo à greve de nacional de petroleiros, a resposta da segunda maior refinaria do país em volume de produção é uma importante demonstração de solidariedade e união. Além disso, a entrada da refinaria de Donges em greve de prorrogável, juntamente com as outras instalações da Total e da Exxon em greve, poderia tornar favoravelmente a correlação de forças a favor dos grevistas. Para decidir o próximo passo, haverá uma próxima assembleia geral ao meio-dia de toda a equipe para decidir o próximo passo da mobilização e a possibilidade de manter a greve no dia seguinte, uma possibilidade que os grevistas defenderam nos piquetes e nos debates posteriores, levando muito a sério a questão da paralisação da produção na refinaria de Donges.