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JUNHO DE 2013 | Há cinco anos, jornadas de junho derrubavam o aumento da tarifa de Haddad e Alckmin

Hoje faz 5 anos que, obrigados pela força das manifestações de um junho ainda presente, Haddad (PT) e Alckmin (PSDB) se viam obrigados a revogar o aumento da tarifa de ônibus e metrô em São Paulo.

Douglas SilvaProfessor de Sociologia

terça-feira 19 de junho de 2018 | Edição do dia

Foto: Folhapress

As manifestações protagonizadas por aquela juventude que, conseguindo seu primeiro emprego nos governos Lula, ainda se viam numa situação de baixos salários e um elevado nível de rotatividade, causaram um terremoto que abalou as estruturas de norte a sul do país. Junho de 2013 nascia de uma série de questões que vinham se acumulando de forma molecular pronto para explodir.

Se, no início, essa juventude entre 18 e 28 anos - mais de 60% da composição dos protestos - encabeçava as manifestações, ela logo se mesclava com a periferia e assalariados médio urbanos. Os trabalhadores estavam nas ruas e, diferente do que balbuciam alguns doutores do alto de seus gabinetes acadêmicos, as pautas progressistas, mesmo que desorganizadas, eram o centro das reivindicações de quem saía às ruas em um junho regado a violência policial, nada parecido com a champanhe e patos que desfilaram tempos depois na mesma avenida paulista e em outros cantos do país.

As manifestações que explodiram contra o aumento da tarifa, tão sentida por essa juventude, seguiram ganhando novas pautas a cada passo. A revolta contra os gastos com a Copa das Confederações e do Mundo, a qualidade dos diversos serviços públicos como saúde e educação, eram materializadas em cartazes e faixas nas mãos dos manifestantes.

Estava provado que o Brasil não seria mais o mesmo depois de 2013. A juventude tão acostumada a ouvir que era o futuro do país, decidiu tomar as rédeas e marcar seu lugar na história brasileira e mundial.

Agora, 5 anos nos separam daquelas jornadas de junho. Muita coisa aconteceu. Várias leituras sobre 2013 se encontram e desencontram, mas a de que nada mais seria o mesmo é unânime.

A crise orgânica se aprofundou, os caminhos à direita e à esquerda, numa crise social, política e econômica, se desenhava num junho que nunca poderá ser entendido sem levar em conta a crise de 2008 e a falência dos governos pós neoliberais na América Latina, em especial as promessas de um governo de conciliação de classes que, no Brasil, não conseguiu responder a junho assim como não poderá nunca responder aos problemas estruturais do capitalismo.

Talvez a grande questão das jornadas de 2013 é que, mesmo após 5 anos, junho ainda se faz presente. Junho ainda pulsa naqueles que desbancaram Datena ao vivo na sua própria enquete, naquela juventude que não bebia champanhe, mas aguentava firme os olhos lacrimejando com o spray de pimenta dos cães de guarda soltos sem coleiras nas ruas das cidades.




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