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ATENTADOS NA FRANÇA | Hollande defende um giro na segurança reivindicado por Sarkozy e Le Pen

Um discurso marcial. “França esta em guerra” lançou François Hollande frente aos parlamentares reunidos no Congresso em Versalhes. Uma “República totalmente segura”. Esse é o projeto para transformar a república burguesa em um estado de emergência permanente.

terça-feira 17 de novembro de 2015 | 23:37

Em suas proposições sobre segurança interior e a política externa, Hollande não duvidou um momento sequer em tomar como suas as “soluções” anunciadas pela direita e inclusive pela extrema direita, para tratar de manter o marco de uma frágil unidade nacional, que existe de alguma maneira, desde quinta-feira. É como se nas reuniões que se realizaram no domingo no palácio do Eliseu estes líderes dos partidos direitistas lhe tivessem ditado o seu discurso.

Hollande também anunciou que enviará ao parlamento esta quarta um projeto de lei para “prolongar o estado de emergência por 3 meses”, para “adaptar seu conteúdo às tecnologias e às ameaças em evolução”. Por outro lado, declarou que a França deverá “intensificar suas operações na Síria” e continuar “ações no curso das próximas semanas”.

O palácio do Eliseu demanda também uma reunião do Conselho de Segurança da ONU “tao logo quando possível para adotar uma resolução que marque uma vontade comum de lutar contra o terrorismo”. Hollande, neste quadro, não descartou uma grande coalizão com a Rússia e os EUA para combater o Estado Islâmico. Ele deseja, finalmente, revisar a constituição para “atuar nesta guerra contra o terrorismo” e possibilitar a privação de nacionalidade para os binacionais.

Hollande anunciou também o fortalecimento substancial dos meios de que dispõem a justiça e as forças de segurança. Por sua vez, declarou que as “sanções serão significativamente agravadas”, ao anunciar um reexame das condições nas quais a polícia pode utilizar as armas de fogo em legítima defesa. E consequentemente se somam 5000 novos postos de agente de polícia que deverão ser criados até 2017, no final do quinquênio do governo. O ministério da justiça também será reforçado, com 2500 postos, e as fronteiras com 1000. Estes novos efetivos serão financiados pela Lei de Finanças de 2016 já que, para o presidente, o “pacto de segurança está por cima do pacto de estabilidade (econômica)”.

A modificação proposta da constituição, assim como o conjunto das medidas anunciadas, pretendem “normalizar” o “estado de exceção” paralelamente a uma restrição sem precedentes das liberdades. Nenhuma dessas medidas, é claro, vai resolver a questão do desemprego, da miséria social, e a ausência de horizonte nos bairros populares que alimentam o clima de insatisfação e radicalização de camadas da juventude e conduz à doutrinação do ISIS, ou outra organização, com as fatais consequências que conhecemos. Os eixos propostos por Hollande reforçam, pelo contrário, a escalada imperialista que a França leva adiante na África e no Oriente Médio, e só pode conduzir ao aprofundamento das guerras nas quais Hollande e a direita de Sarkozy nos embarcaram.

Na conclusão de seu discurso, Hollande lançou uma metáfora militarista com acentos próprios de George W. Bush: “Os bárbaros que atacaram a França, nunca conseguirão ferir a alma francesa”.

A deriva autoritária, militarista e liberticida conduzida por Hollande, é mais perigosa para a população, e nesse sentido as organizações do mundo do trabalho devem lutar contra a mesma. Uma coisa é clara: as novas leis que os parlamentares se apressam em votar serão tão ineficientes como as precedentes (adotadas logo após o massacre do Charlie Hebdo e do Hiper Cacher de Vincennes que se seguiram ao assassinato de Mohamed Merah) para por fim às ameaças terroristas. Elas, pelo contrário, serão postas contra os imigrantes, contra os nossos camaradas trabalhadores sem documentação, contra todos os militantes sindicais, ecologistas, partidos de “extrema esquerda”, e contra todos os que enfrentem o giro autoritário do governo.




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