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Igreja e estado, assunto separado: “A pauta do aborto legal é um grande ausente nessas eleições”

Confira declaração da candidata a deputada estadual pelo MRT, Maíra Machado, sobre a corrida eleitoral pelos “votos evangélicos”, em que presidenciáveis vem rifando direitos das mulheres para angariar apoios de setores conservadores e da “bancada da Bíblia”.

terça-feira 23 de agosto de 2022 | Edição do dia

“Nas últimas semanas, tem sido constante o apelo dos candidatos ao ‘voto evangélico’, com direito a oração no gabinete da presidência todas as terças-feiras, cultos no planalto e boom de Michelle Bolsonaro nas redes sociais. O que querem com isso é aprofundar ainda mais a velha relação entre Estado e Igreja. A ampliação da bancada da Bíblia nas últimas décadas (foi de 33 deputados em 1986 para 100 hoje) é a expressão mais cabal de que esse regime degradado tem cada vez mais transformado o estado em um balcão de negócios de pastores e empresários da fé, com cúpulas das igrejas regadas a escândalos de corrupção e que se utilizam da religião de milhares de pessoas para fins econômicos e políticos.

Querem com isso passar suas pautas conservadoras, como por exemplo tentando restringir ainda mais o restrito direito ao aborto nos casos de vítimas de estupro, conforme vimos no escandaloso caso da garota de 10 anos que havia sido estuprada. Buscam responder ao movimento feminista atuando para impedir qualquer avanço das demandas das mulheres, como a educação sexual nas escolas, acesso a contraceptivos e a legalização do aborto.

Aliás, essa pauta do aborto legal, seguro e gratuito é um grande ausente nessas eleições. Não está na boca sequer de Lula e do PT, que se colocam como oposição a Bolsonaro. Pelo contrário, a campanha de Lula já começou também regada de apelos ao conservadorismo e à religião, se colocando como candidato cristão, ressaltando que ‘quem criou a lei que garantiu a existência do Dia de Jesus foi o meu governo’. E sabemos que enquanto o estado estiver atrelado à religião, não conquistaremos pautas tão caras como essa do aborto: um assunto de saúde pública, uma vez que está entre as principais causas de morte materna.

Isso não é uma novidade na política petista. Em 2010, na corrida eleitoral Dilma escreveu a ‘carta ao povo de Deus’, garantindo que não legalizaria o aborto e nem o casamento homoafetivo. Em 13 anos de governo PT, o aborto não foi legalizado. É por isso que a defesa de que o Estado seja Laico não virá de nenhum setor desse regime podre e também não virá da chapa Lula-Alckmin. O PT em seus governos mostrou que sempre esteve disposto a rifar os direitos das mulheres e LGBTQIA+ em nome da governabilidade com os setores mais reacionários das igrejas, como Marco Feliciano da ‘Cura Gay’.

Para enfrentar a extrema-direita e Bolsonaro e garantir as pautas em defesa das mulheres, é preciso defender o estado laico e para isso o caminho precisa ser o da luta de classes, exigindo das centrais sindicais que organizem um plano de lutas contra as reformas, contra os ataques conservadores e pelos direitos das mulheres. Essa luta não será construída em aliança com a direita, banqueiros e empresários, que sempre defenderam o atrelamento da Igreja com o Estado. Nosso feminismo socialista precisa se enfrentar com o Estado capitalista de conjunto e todos os setores do regime que atuam contra o direito aos aborto, como é o autoritarismo judiciário. Essa é a batalha que buscamos expressar nessas eleições.”




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