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Eleições 2022 | Lula diz não ter queixas das forças armadas, herdeira da ditadura militar

Em entrevista ao UOL, Lula não poupou elogio aos militares, dizendo que estes não apoiariam uma tentativa de golpe de Bolsonaro caso este perca as eleições.

quarta-feira 27 de julho de 2022 | Edição do dia

Lula não poupou elogios às forças armadas em entrevista dada ao portal UOL nesta quarta-feira. O contexto do comentário de Lula foi a comemoração do 7 de setembro, para o qual Bolsonaro prepara mais uma de suas motociatas da morte em defesa de pautas anti democráticas como o voto impresso e a defesa da ditadura militar. Na entrevista, Lula diz que "os militares são mais responsáveis" que Bolsonaro:

"Eu convivi com os militares e eu posso dizer que não tenho queixa das forças armadas. Nem da Marinha, nem do Exército, nem da Aeronáutica. Eu mantive 8 anos de convivência da forma mais digna possível."

Lula prossegue nos elogios descrevendo a colaboração dos militares, herdeiros da ditadura, durante seu governo:

"Eles nunca me criaram nenhum problema, eles me ajudaram naquilo que era possível ajudar. Quando cheguei na presidência em 2003, o exército liberava os soldados às 11:30 porque não tinha dinheiro para dar o almoço. Eu não só garanti o almoço como garanti um curso para o soldado fazer no Senai."

Em seguida Lula enumera algumas iniciativas durante seu governo para equipar o exército militarmente:

"O avião presidencial era uma sucata. Chamava Sucatão, os outros eram sucatinha. Eu peguei 20 e poucos aviões da Rio - Sul e dei para aeronáutica." (...) "Eu falei vamos comprar um navio decente."

Em seu discurso, Lula tentar dizer que os militares e o alto comando do Exército não apoiam Bolsonaro do mesmo jeito que os militares reformados que fazem parte da mais alta cúpula do governo Bolsonaro. Com isso, Lula oferece dá as mãos às Forças Armadas que são herdeiras da ditadura, oferecendo junto o mesmo acordo selado pelo PT desde a redemocratização: nenhuma punição para os torturadores e criminosos da ditadura, que ganharam anistia.

É confiando que as Forças Armadas aceitarão novamente este trato, que Lula pretende governar da mesma forma como foram os 8 anos de seu governo. Foi assim que os militares assumiram protagonismo, por exemplo, na invasão do Haiti - chamada de "missão de Paz" pela ONU - e, com toda a aparelhagem fornecida pelo governo Lula, colocaram em prática a opressão país.

Também não houve "nenhuma queixa" do exército quando, durante o governo Dilma, o exército ocupou o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, entre 2014 e 2015, dando inveja à política repressiva da extrema direita praticada até então contra o povo pobre e os negros no Rio de Janeiro.

As forças armadas, instituições viúvas da ditadura, foram e continuarão sendo base de apoio do bolsonarismo e da extrema-direita; e a política de conciliação de classes Petista representada na chapa Lula-Alckmin é incapaz de combater as chagas do autoritarismo presentes até hoje no regime político brasileiro. Figuras como Mourão, Heleno, Villas-Boas, só se fortaleceram com os acordos selados durante os governo petistas, e muitos destes estavam na linha de comando das Forças Armadas durante os governos Lula e Dilma.

Por isso, não se combate Bolsonaro, a extrema-direita e os militares junto com Geraldo Alckmin, a direita e os patrões. Ao contrário, é preciso tirar lições concluindo que a conciliação de classes abriu caminho para que a extrema direita pudesse desfilar livremente e falar abertamente em golpe militar sem pagar nada por isso - pelo contrário, lhes está sendo oferecido o perdão pelas mãos de Lula. É preciso construir uma força que trave um combate efetivo contra os defensores da ditadura militar, regime de torturas, mentiras, corrupção e ataques aos trabalhadores, com independência da direita e dos capitalistas.




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