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Crise no PSOL | MES ou Resistência: quem é mais funcional à política da maioria do PSOL?

A maioria do PSOL vem levando o partido para uma crise histórica, será parte do comitê de campanha de Lula-Alckmin e ao mesmo tempo se unificará em federação com a Rede, partido de Marina Silva e apoiado pelo Itaú. Diante disso, MES e Resistência estão polemizando sobre quem é mais funcional à política da maioria do partido, que se prepara para ser parte de um eventual governo do PT com Alckmin. Mas a verdade é que cada qual ao seu modo, as duas organizações são completamente funcionais à política da maioria.

segunda-feira 18 de abril de 2022 | Edição do dia

É no mínimo chocante que os que dizem defender o socialismo vão militar lado a lado com Marina Silva que apoia Macron na França e façam campanha com Alckmin que é um espancador de lutadores, como vimos nas manifestações de junho de 2013. Essa política é levada à frente pela maioria do PSOL, composta por organizações como Primavera Socialista de Juliano Medeiros e Revolução Solidária de Guilherme Boulos.

Mas para além do direitismo da maioria é fundamental entender com qual política as forças internas do PSOL vem atuando, como o MES e a Resistência, que agora debatem sobre quem é mais funcional à maioria do PSOL, quando as duas vieram atuando submetidas à essa política e cada vez mais afastadas de qualquer perspectiva de independência de classe.

Federação com o partido burguês de Marina Silva: O voto do MES e a abstenção da Resistência

A Federação da Rede com PSOL é um passo decisivo para a bancarrota do PSOL enquanto uma organização de esquerda. Funcionará como partido único e com o mesmo programa - que diga-se de passagem é burguês e liberal - por 4 anos com um partido que é burguês, de direita, votou pela reforma da previdência, a favor do golpe institucional de 2016, é contra o direito ao aborto e tem como sua principal representante Marina Silva, apoiadora de ninguém menos que o direitista Emmanuel Macron na França.

Sobre essa política da maioria do partido, o MES não só votou a favor nas instâncias internas do PSOL, como defende a federação como a única saída frente à cláusula de barreira e com o argumento que isso pode permitir uma suposta oposição de esquerda - segundo o MES, a Rede com Heloísa Helena, famosa por impulsionar com bispos campanha anti-aborto, está à esquerda do PT, e já promete encabeçar a campanha dela - contra o eventual governo Lula-Alckmin. O que fazem é uma série de abstrações para pintar a Rede de esquerda, omitindo que a Rede não foi oposição nem ao Bolsonaro, já que votou um de seus principais ataques aos trabalhadores que é a reforma da previdência, que dirá de Lula-Alckmin e vão colocar sua militância e deputadas feministas para fazer campanha para a anti-aborto Heloísa Helena.

Mas a Resistência, que critica o MES pela federação, o faz não porque tem apreço pela independência de classe e acredita que o PSOL não deve estar aliado com partidos burgueses, o problema é que a Federação é com a Rede que se divide entre o Lula-Alckmin e o apoio à Ciro, como afirmou Valerio Arcary, apenas por esse motivo é que se abstiveram na votação, deixando o caminho ainda mais livre para a política da maioria ser aprovada.

E depois de aprovada a federação, o que vai fazer a Resistência, senão atuar também junto com os direitistas da Rede com o adesivo do Lula-Alckmin colado no peito? Portanto, a política trágica da maioria do PSOL não só venceu como não encontrou por parte dessas organizações nenhum empecilho para ser aprovada, seja diretamente sendo apoiada pelo MES, seja contando apenas com a abstenção formal da Resistência como contraposto.

O “Lula sim e Alckmin também” da Resistência e o “dever moral” do MES

Valério Arcary, da Resistência, vem teorizando sobre a “correlação de forças” da situação atual para tentar justificar o apoio à chapa Lula-Alckmin da sua corrente, mas já é clara a crise que há com o voto em Alckmin, que é uma política tão de direita que tem crises até em setores da base petista, que levou Haddad e outras referências à sair contra as críticas. Arcary faz isso sem mencionar que essa correlação de forças que levou Bolsonaro ao poder tem como componente muito importante a política que teve o PT como ator central, abrindo espaço aos setores reacionários que deram o golpe de 2016 e que por sua vez pavimentou o caminho para Bolsonaro. Além disso, com a esquerda submetida aos caminhos de Lula com Alckmin, a correlação de forças não é mais favorável, pelo contrário, busca minar as perspectivas de surgir uma alternativa independente dos trabalhadores.

Diante disso, a política levada a frente pela Resistência é “Lula Sim, Alckmin Não” e “exigem”, segundo eles, um Lula com programa de esquerda e anticapitalista. Uma política que é apenas para retórica, porque sabemos que o que teremos nessas eleições será "Lula sim, Alckmin também", e que o programa do PT com Lula novamente não vai ter nada de anticapitalista, pelo contrário, o PT atua para enriquecer os banqueiros e empresários, fortalecendo o agronegócio, as igrejas e as polícias, e agora será ainda mais, porque estará lado a lado com um dos maiores representantes do neoliberalismo no Brasil, agradando os democratas norte-americanos.

Já o MES, que veio colocando que o PSOL deveria ter candidaturas independentes, já não se fala mais nisso no caso da candidatura à presidência de Glauber Braga e agora já formula que "apoiar Lula [com Alckmin] é uma obrigação moral e política básica porque será um voto a favor de um regime democrático versus um projeto contrarrevolucionário”, e que não há nenhum problema no voto nessa chapa no primeiro turno, o único problema, por ora, é entrar no governo. Portanto, o “PSOL independente” ficou no discurso, e também estão submetidos e são parte de fortalecer essa política da maioria do PSOL que com voto, retirada de candidatura e comitê de campanha, vai se preparando para sua participação ativa num possível governo Lula-Alckmin.

O que importa para as duas correntes é o vale tudo eleitoral, com Lula-Alckmin e com a Rede o cálculo é quem mais vai conseguir ter seu espaço institucional no regime, já que o combate a Bolsonaro nunca é no terreno da luta de classes, essa não vem ganhando uma vírgula nas polêmicas entre as organizações, mas apenas no âmbito parlamentar e institucional. Enquanto isso, no Brasil governado por Bolsonaro, a classe trabalhadora sangra com reformas e ataques que aprofundam a miséria social e que Lula deixa claro que não vai ao menos revogar se for presidente.

O caminho que a maioria do PSOL, junto com MES e Resistência, vem trilhando é o de tentar impedir qualquer possibilidade de surgir uma alternativa de independência de classe para os trabalhadores no país, aos militantes sinceros que não querem ser parte dessa derrocada, chamamos a romper com esse partido e construir um Polo de independência de classe que busque reagrupar a esquerda revolucionária brasileira. É com essa perspectiva que atuamos no Polo Socialista e Revolucionário, defendendo que esse reagrupamento possa servir para fortalecer cada luta que é sufocada pelas burocracias sindicais e busque levantar um programa para que sejam os capitalistas que paguem pela crise. O tempo urge.

Chamado: Aos militantes do PSOL: É preciso romper com o PSOL e sua política de apoio a uma chapa Lula-Alckmin




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