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Demagogia ambiental | Marina Silva declara seu apoio a Macron na França, que está junto das empresas que mais desmatam a Amazônia

Marina Silva, da Federação PSOL-REDE, declara seu apoio, mais uma vez, à Emmanuel Macron, que concorre à reeleição na França. Isso depois de Macron atacar os direitos dos trabalhadores, instaurar políticas racistas e reprimir brutalmente atos como os dos Coletes Amarelos, deixando centenas de pessoas feridas e mutiladas, para além de ter relações profundas com empresas capitalistas que devastam a natureza e a Amazônia em nosso país.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

quinta-feira 14 de abril de 2022 | Edição do dia

Rumo ao segundo turno das eleições francesas, marcadas por um reacionarismo de ambos os lados, Macron disputa com o candidato de extrema-direita, Marine Le Pen. As eleições ocorrem após um mandato de cinco anos de Macron, um governo neoliberal marcado pela aplicação de ataques aos trabalhadores como a Reforma da Previdência, a securitização nacional repressiva (uma ofensiva governamental autoritária e racista) e a repressão policial ultra violenta aos movimentos sociais e das lutas de classe que correram o país; sem contar com as leis islamofóbicas e a dissolução de movimentos sociais.

O apoio de Marina Silva se mostra ainda mais absurdo diante da demagogia verde de Macron, exposta em suas relações profundas com o mercado financeiro e capitais imperialistas como o Banco Crédite Agricole, BNP Paribas, Guillemette & Cie, Groupe Rougier, Dreyfuss que devastam o meio ambiente, inclusive Amazônia, em nome dos lucros capitalistas.

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Apesar da campanha eleitoral demagógica de Macron, foi ele e seu governo que alimentaram o clima reacionário dos últimos anos e, portanto, abriu ainda mais espaço para a extrema-direita. Nesse sentido, a luta contra a extrema-direita francesa não pode vir sem uma luta independente do macronismo. O caminho é através da luta de classes que mostrou sua potencialidade nos últimos anos no país e que apontava a direção do caminho para batalhar contra os ataques e o governo.

O apoio de Marina Silva a política burguesa de Macron não é de se surpreender, visto que ela encabeça o partido burguês REDE Sustentabilidade aqui no Brasil que é um partido que tem uma política diretamente liberal, à serviço dos lucros capitalistas, não à toa votou vários ataques anti-operários no Congresso, é financiado pelo banco Itaú e é contra o aborto. O partido tem “sustentabilidade” no nome, mas a sustentabilidade é só se for do próprio sistema capitalista e da degradação do meio ambiente.

Macron é um representante da devastação ambiental, e Marina está junto dele. Mas isso também não é de se surpreender visto que a REDE é financiada pela Natura, baseada no extrativismo e mineração dos biomas brasileiros, e que assassina os povos indígenas, quilombolas e originários para a produção desenfreada.

É essa política que o PSOL, através da Federação do PSOL-REDE, agora toma como sua, em uma capitulação histórica e levando à total perda de independência de classe. Junto dessa federação, se adaptam à política petista de conciliação de classes, se diluindo com Geraldo Alckmin. A crise no PSOL não está descolada de uma crise histórica dos partidos amplos pelo mundo. Exemplo disso foi a crise do NPA na própria França, aberta no ano passado, um processo do qual o PSOL também se negou a debater e tirar lições profundas, em que pese as diferenças, mas que servem como uma reflexão também para a esquerda no Brasil.

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A CCR, corrente trotskista irmã do MRT na França e que impulsiona o jornal Révolution Permanente, integrante da Rede Internacional Esquerda Diário, vem batalhando por uma posição de independência de classe na França. Pela organização dos trabalhadores, estudantes e mais oprimidos em cada local de estudo e trabalho, pois o caminho da luta de classes é o único que pode apontar uma saída real para o povo francês. Nesse sentido, assim como em 2017, a saída para as eleições presidenciais não pode ser Le Pen ou Macron. Enquanto ambos os candidatos realizam projetos de ataques diretos às conquistas sociais, é urgente a classe trabalhadora, a esquerda e os movimentos populares franceses prepararem um bloco de resistência que busque vincular os setores em luta para se defenderem e contra-atacarem os ataques que estão por vir, dando continuidade aos importantes processos de luta vistos nesses últimos cinco anos.

Estudantes franceses marcharam aos gritos de "Nem Le Pen, nem Macron!"

Aos militantes do PSOL que não têm acordo com essa política traidora da direção majoritária, chamamos a romper com este partido e batalhar pela construção de um polo de independência de classes nas eleições e na luta de classes que é o que pode verdadeiramente derrotar a extrema-direita de Bolsonaro/Mourão e os ataques no Brasil e internacionalmente.

Editorial MRT | 5 pontos para uma política de independência de classe diante da diluição do PSOL com Alckmin e Marina Silva




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