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Transporte público | Melo quer liquidar de vez a Carris: somente a unidade entre rodoviários e usuários pode barrar esse ataque

Não é nenhuma novidade que Sebastião Melo (MDB) é um representante da política bolsonarista em Porto Alegre. Agora, Melo prepara uma nova ofensiva contra a Carris. Dia 21 de novembro, foi publicado no Diário Oficial da cidade um edital para a concessão total da empresa. Trata-se de uma nova consulta para venda da empresa conforme os termos apresentados anteriormente.

quarta-feira 30 de novembro de 2022 | Edição do dia

Não é nenhuma novidade que Sebastião Melo (MDB) é um representante da política bolsonarista em Porto Alegre. Além de ser um seguidor da política privatista de Paulo Guedes, sua base na Câmara de Vereadores aprovou uma moção em tom golpista contra o resultado das eleições. Com essa base reacionária que Melo contou para aprovar privatização da Carris, assim como aprovou a extinção dos cobradores, atacar isenções, ao mesmo tempo que despeja milhões nos cofres das empresas privadas do transporte.

Agora, Melo prepara uma nova ofensiva contra a Carris. Dia 21 de novembro, foi publicado no Diário Oficial da cidade um edital para a concessão total da empresa. Trata-se de uma nova consulta para venda da empresa conforme os termos apresentados anteriormente.

Em maio desse ano, o valor anunciado foi de R$ 125,8 milhões, em 168 parcelas de R$ 689,8 mil e com uma entrada de R$ 10 milhões. Assim, Melo pretende entregar de vez para seus amigos empresários as 21 linhas que a empresa centenária ainda opera. Porém, o plano de Melo na prática é ainda mais rebaixado, anunciando a entrega gratuita de quase todas as linhas da empresa.

Nessa semana, támbém, Melo anunciou uma mudança no COMTU (Conselho Municipal de Transportes Urbanos). A intenção de Melo é aumentar o poder o executivo para definir o valor da passagem. Historicamente o COMTU é tomado, majoritariamente, por interesses patronais, aumentando a passagem para ampliar o lucro de um punhado de empresários. Melo segue com sua demogagia, afirmando que precisa atacar os rodoviáiros para não aumentar o valor da passagem. A verdade é que os ataques seguiram, cortou isenções, atacou o meio-passe estudantil, o valor da passagem continua um absurdo, os empresários cortaram linhas, o transporte público continua sucateado e os empresários são os únicos que ganham com a política de Melo. A luta contra os ataques aos rodoviários e contra o aumento da passagem é uma só.

Os trabalhadores da Carris, em 2021, deram um importante exemplo com uma forte greve contra a privatização da empresa e a extinção dos cobradores, luta na qual o Esquerda Diário e a Juventude Faísca Revolucionária esteve lado a lado com os rodoviários. Mesmo com o sindicato traindo a categoria e atuando de acordo com o interesse de Melo e dos empresários, esses rodoviários mostraram o caminho. E Melo e sua diretoria da Carris, para conseguir emplacar seus objetivos, persegue os trabalhadores da empresa, fazendo todo tipo de chantagem e ameaça para que se demitam sem nenhum direito. Veja a denúncia que um rodoviário enviou ao Esquerda Diário:

"São perseguições das mais variadas para minar a ficha e gerar uma demissão por justa causa. Estão cobrando avarias já existentes nos ônibus dos motoristas. Os ônibus, agora sem cobrador, indo pra garagem abrem as janelas, se o motorista não fechar antes de entrar toma uma advertência. Eu tomei uma advertência porque não quis assinar uma convocação para trabalhar no primeiro turno das eleições, mesmo sendo minha folga, além da advertência me descontaram um ticket um dia trabalhado mais um dia referente ao meu repouso. Nossa escala sai quase meia noite para o outro dia. Carros sucateados sem freio. Tudo pro trabalhador desistir e pedir as contas. É um clima estressante. E como não estão comprando peças, falta muito ônibus, por consequência, faltam horários e, os que rodam, rodam muito lotados. Ontem eu levei 296 pessoas e devo ter deixado umas 100 na parada porque não teve os dois horários da minha frente."

Esse método de perseguições é ainda mais frequente nas empresas privadas. Aliás, são essas relações de trabalho que Melo e os empresários do transporte desejam para os rodoviários. Privatizando a Carris, atacam um setor importante da vanguarda da categoria que contavam com direitos muito importantes como a estabilidade no trabalho. Agora, querem abrir caminho para todo tipo de abuso, como ocorreu nas empresas privadas, por exemplo, na pandemia, onde os patrões demitiram, cortaram salários, vale alimentação e todo tipo de abuso.

O regime de trabalho que Melo e a patronal querem para os rodoviários é o da reforma trabalhista, trabalhando 12 horas, com contratos temporários, podendo demitir sem pagar qualquer direito. Aliás, foi isso que esses empresários fizeram nas garagens das empresas privadas durante a pandemia, aplicaram o regime de trabalho defendido por Bolsonaro na reforma trabalhista, da previdência, da terceirização e tantos outros ataques. Esses mesmos ataques que Lula e seu vice Alckmin já deixaram bem claro durante as negociações do governo de transição que conta com todo tipo de inimigo dos trabalhadores, que não irão revogar. Contra as superjornadas de trabalho e as demissões, é necessário organizar os trabalhadores pela base para lutar pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial, dividindo as horas entre empregados e desempregados.

Foto: Foto: Mariana Alves/JC




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