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Eleições 2022 | Milionário, privatista e liberal, Zema é reeleito em 1º turno em Minas Gerais

Com 96% das urnas apuradas em Minas Gerais, se confirma a tendência apresentada pelas pesquisas eleitorais ao longo de todo o processo eleitoral para o governo do estado: reeleição de Romeu Zema (Novo), governador que busca implementar o Regime de Recuperação Fiscal no estado com um programa anti operário e pró empresários.

Lina HamdanMestranda em Artes Visuais na UFMG

segunda-feira 3 de outubro de 2022 | Edição do dia

No segundo maior colégio eleitoral do país, em meio à polarização nacional entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT), as eleições para o governo do estado de Minas Gerais se mostraram com tendências ainda mais à direita, consolidando o enfraquecimento eleitoral no executivo do estado dos partidos tradicionais do pacto constituinte de 88, principalmente o PSDB, mas também o PT que sequer apresentou candidatura ao governo.

Zema (Novo) começou a campanha bastante à frente do segundo colocado nas pesquisas, aparentando grandes chances de ser reeleito no primeiro turno, o que se confirmou na noite de hoje. Com ligações profundas com o empresariado do estado, Zema buscou evitar se ligar diretamente a Bolsonaro, diferentemente de 2018 quando foi eleito surfando na onda bolsonarista "anti política tradicional". Nas ruas, havia inclusive banners de campanha do partido Avante que traziam Lula e Zema juntos.

Zema representa explicitamente os interesses de sua classe, defendendo um estado mínimo e garantindo isenções bilionárias a seus amigos empresários, que em troca financiaram sua campanha, como Salim Mattar da Localiza, num governo que possui profundas ligações com as mineradoras. Em contraste às benesses que deu ao longo de seu governo aos grandes empresários, Zema não pagou os trabalhadores que fizeram a sua campanha ter materiais distribuídos na rua, e não paga o piso aos trabalhadores da educação estaduais.

O segundo colocado, Alexandre Kalil, ficou com 34% dos votos. Apadrinhado por Lula, em nome da conciliação de classes, o também empresário é de um partido do centrão, o PSD, que esteve junto com Bolsonaro em inúmeros ataques à classe trabalhadora, como a reforma da previdência, além de ser um partido que esteve votou pelo golpe institucional de 2016 que tirou Dilma Rousseff (PT).

O resultado dessa disputa é claro: saem fortalecidos os interesses dos grandes empresários e mineradoras, e a classe trabalhadora mineira terá um governo que vai seguir buscando descontar em cima das costas dos setores mais precários e oprimidos as consequências da crise internacional capitalista, com desemprego e inflação nas alturas.

Minas Gerais terá um governador que estará comprometido com os interesses dos capitalistas, das mineradoras e disposto a precarizar e atacar ainda mais a classe trabalhadora do estado, como fizeram tanto Zema quanto Kalil frente às greves de professores estaduais e municipais do início deste ano.

O PSOL obteve menos de 1% dos votos, com Lorene Figueiredo tendo feito uma campanha bastante dissolvida na campanha nacional pela eleição do Lula, fazendo dobradinhas com Kalil em inúmeras oportunidades nos debates eleitorais da TV aberta, trazendo o discurso de conciliação do PT.

Vanessa Portugal (PSTU), assim como Renata Regina (PCB) e Indira Xavier (UP), foram boicotadas dos debates eleitorais.

Faltou uma candidatura de esquerda nos debates que se colocasse expressivamente pela revogação das reformas anti-trabalhadoras, em defesa do meio-ambiente através da defesa da estatização das mineradoras sob gestão operária e controle popular, e que colocasse como urgente a luta por reverter a iminente venda do metrô de BH.

Frente ao resultado eleitoral, Flavia Valle que foi candidata nestas eleições a deputada federal pelo MRT em Minas Gerais declarou: “Para vencer a direita liberal da qual Romeu Zema é representante aqui, assim como a força política bolsonarista que se mantém nacionalmente e no estado, precisamos construir uma força política que a enfrente na luta de classes, com total independência dos patrões, dos quais Alexandre Kalil também é representante”.

Flavia criticou as alianças de Lula e PT com a direita: “Dar os braços à direita e aos empresários, como faz Lula e o PT nacionalmente e em Minas Gerais, nunca significou uma estratégia que pudesse responder aos interesses da classe trabalhadora e do povo pobre e oprimido. As eleições de hoje mostram como, por não enfrentar com independência de classe o reacionarismo bolsonarista, a estratégia histórica do PT só contribui para fortalecer a extrema-direita nacionalmente. Só com independência de classe e organização pela base, com um programa completamente desvinculado aos interesses patronais, unificando as diferentes demandas das categorias de trabalhadores com a dos setores mais oprimidos, particularmente os indígenas, negros, as mulheres e LGBTs, que a gente vai conseguir com muita luta colocar abaixo as reformas que tiraram nossos direitos e congelaram os orçamentos da saúde e da educação.”

E reforçou uma perspectiva que vai para além das eleições: “É preciso construir uma organização política com independência de classe que coloque no centro as nossas necessidades que vão de encontro com os interesses dos patrões, como a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial, abrindo caminho para enfrentar o desemprego que assola o país e rouba o direito da juventude a um futuro. Nós do MRT sempre estivemos na linha de frente contra a ultradireita de Bolsonaro, defensora da política de aumento das mortes de pobres e negros pelas mãos da polícia, do massacre indígena pelas mãos dos latifundiários que guardam a herança escravocrata deste país, pela negação de direitos básicos da mulheres e LGBTs, e ataques aos trabalhadores, assim como estivemos em luta contra a política de Zema no estado, que não paga os trabalhadores e conta com o STF para isso, além de ser um pilar da defesa dos interesses das mineradoras que destroem o meio ambiente e acabam com famílias inteiras com os seus crimes. Sigamos nessa luta, com cada um que se somou à essa campanha em defesa dessas ideias e de colaborar para fortalecer uma perspectiva de luta pela revolução socialista”.




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