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Declaração do MRT | Não é natural, é o capitalismo! Diante da tragédia em São Paulo só a classe trabalhadora pode impor um programa que ataque pela raiz essa situação

Diante do desastre capitalista que resultou em dezenas de mortes nas fortes chuvas no litoral de São Paulo declaramos toda nossa solidariedade às vítimas. Mas também apontamos a demagogia dos governos, que não garantem as medidas elementares de prevenção de tragédias anunciadas como essa, nem contra a fome, a pobreza e a falta de moradias, demagogia sustentada pela grande mídia. Por isso só a nossa classe pode impor um programa de emergência que seja uma saída de fundo, com um plano de obras públicas sob controle dos trabalhadores para garantir moradias dignas, seguras e pôr fim à especulação imobiliária.

sexta-feira 24 de fevereiro de 2023 | Edição do dia
Foto: Reprodução/Twitter

As fortes chuvas, a inundação, os desabamentos e deslizamentos, tragédia que já tirou a vida de quase 50 pessoas no litoral paulista e mais de 40 desaparecidos, não parece estar no fim. Estão estampados nas capas de todos os grandes jornais e em todas as mídias burguesas, que conseguem com um nível de cinismo insuperável criticar os governos por não cumprirem medidas preventivas de uma tragédia que se repete todos os anos no Brasil. Além de São Sebastião, Ubatuba, Bertioga e Ilhabela, agora também a cidade de Mauá está sendo duramente atingida e na Zona Oeste de São Paulo parte dos moradores da favela São Remo e do Riacho Doce perderam tudo o que tinham

Vimos recentemente inúmeras mortes em fortes chuvas, enchentes, desabamentos e deslizamentos em Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e agora São Paulo, o que deixa claro que é uma rotina que os governos, capitalistas e especuladores imobiliários estão dispostos a bancar todos os anos. Fazem isso tudo em nome da ganância, lucros e manutenção da pobreza, empurrando os trabalhadores e povo pobre para morar em áreas de risco, sem saneamento básico e com moradias precárias, que colocam em risco a vida de famílias inteiras, mantendo um estado de coisas que arranca vidas.

As fortes chuvas e a crise ambiental, agravada no Brasil nos últimos anos pelo governo Bolsonaro em nome do agronegócio e do garimpo ilegal, é parte da irracionalidade capitalista, que vem alcançando patamares cada vez mais escandalosos, e afeta mais direta e profundamente a vida da população trabalhadora, pobre e negra Também a especulação imobiliária, que empurra bairros e famílias inteiras para construírem suas moradias de forma precária em áreas de risco especialmente em morros, enquanto constróem dezenas de casas, condomínios e prédios de luxo, muitas vezes em obras e empreendimentos de grande impacto ambiental.

Em São Paulo o reacionário governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, aliado de Bolsonaro, disse lamentar as mortes ao lado de Lula, e que tomará as medidas necessárias para socorrer as vítimas da tragédia em São Sebastião, Bertioga, Ilhabela e Ubatuba, mas uma de suas primeiras medidas como governador do estado foi mais uma vez subordinar a Secretaria do Meio Ambiente às pastas de Obras, Transporte e Logística, como já tinha feito o PSDB em gestões passadas, e assim garantir que os próximos anos continuem sendo de destruição e que os desastres naturais sigam matando crianças, idosos e famílias inteiras. A verdade é que a cada ano vemos as mesmas tragédias se repetindo e os governadores de distintos partidos fazendo medidas de contenção da crise enquanto seguem políticas que sustentam as condições que permitem que os fenômenos da natureza se transformem em tragédias capitalistas, sem nem sequer usar o total das verbas destinadas para o monitoramento de encostas, prevenção de enchentes e contenção de deslizamentos. Por isso, todo o discurso de “unidade nacional” com Lula e Tarcísio supostamente unidos pelo bem da população é uma grande falácia.

Como se não bastasse essa situação, donos de grandes redes de supermercado, restaurantes e empresários, aumentam de forma criminosa o preço dos alimentos e da água, para lucrar com o desespero e com a tristeza da população atingida, que segue sem casa, comida e com medo de novas chuvas. Por isso é urgente garantir toda e qualquer medida imediata para o resgate e socorro emergencial nos bairros afetados, bem como socializar as moradias desocupadas e hotéis em áreas seguras, para que nenhuma família fique em desalento e siga em risco. A medida determinada por Fernando Haddad, Ministro da Fazenda do PT, de reconduzir cargas apreendidas pela Polícia Federal aos moradores de São Sebastião e Ubatuba não garante remédios, alimentos, roupas e água para todos os atingidos, além de não inibir a atuação dos que querem lucrar com a fome e desabrigo. Por isso é preciso confiscar o estoque de alimentos das grandes redes de supermercado para garantir a alimentação de todos emergencialmente rumo à luta pela expropriação das fábricas que engarrafam água potável. Além disso, para toda a população atingida é preciso exigir licença remunerada do trabalho para reorganizar suas vidas e atendimento médico pleno e irrestrito.

Precisamos de uma resposta unificada que venha da classe trabalhadora e de suas organizações para a catástrofe que vive as regiões atingidas pelas chuvas. As centrais sindicais e os sindicatos, principalmente CUT e CTB, que seguem dirigindo grande parte dos sindicalizados do país, devem encabeçar uma ampla mobilização de solidariedade e arrecadação de alimentos, convocando a classe trabalhadora a se colocar na linha de frente em defesa da população, com comitês de distribuição de alimentos organizados pelos sindicatos.

Também é urgente debater e construir em cada local de trabalho mobilizações em torno da exigência ao governo federal de Lula e a Tarcísio de Freitas um plano de obras públicas para a construção de novas moradias seguras, plano de saneamento básico, e a prevenção de enchentes, monitoramento das áreas afetadas e as que sofrem possibilidade de inundação, para que os moradores atingidos e os que ainda estão em risco não voltem a sofrer e a conviver com a morte. Uma medida dessa, que deve ser gerida pelos trabalhadores com controle da população, poderia gerar milhares de empregos. Confiscar os bens e as fortunas dos empresários e do agronegócio que roubam os recursos das nossas florestas em prol de seus lucros.

Um plano de obras públicas que coloque de pé uma uma reforma urbana radical só pode ser conquistado com nossa mobilização, se enfrentando com os lucros capitalistas, começando com os que lucram com a especulação imobiliária. Começando pela expropriação dos imóveis desocupados, que só servem à especulação imobiliária e das grandes mansões que empurram a população pobre para os morros e áreas de risco. Assim como mais contratação e o fornecimento de todo o necessário para garantir os serviços públicos emergências e atender as necessidades da população afetada pela tragédia em São Paulo, como hospitais, restaurantes comunitários, estabelecimento de serviços de eletricidade, água e esgoto, gás encanado, escolas e creches para as crianças.

Nós do MRT colocamos o Esquerda Diário e todas as nossas forças a serviço dessa perspectiva. E consideramos que lutando por esse plano de emergência podemos mover as forças para batalhar pela taxação das grandes fortunas e imóveis milionários, além do não pagamento da dívida pública ilegítima e fraudulenta, garantida com a manutenção de todas as reformas anti operárias dos últimos anos como a da previdência e a reforma trabalhista, que devem ser integralmente revogadas. Demandas essas que só vamos conquistar com nossa luta e não esperando qualquer governo. Por isso, devemos nos unificar em solidariedade aos atingidos e familiares dos mortos nas chuvas de São Paulo.




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