Veja declaração da professora Maíra Machado, dirigente do grupo de mulheres Pão e Rosas, rumo ao 8M, frente à escalada da guerra na Ucrânia.
quarta-feira 2 de março de 2022 | Edição do dia
"O movimento de mulheres organizado, as estudantes, jovens, trabalhadoras de diversas categorias, que junto aos nossos companheiros de classe se preparam para tomar às ruas nesse 8M, dia internacional de luta das mulheres, têm uma tarefa primordial em cada ato pelo país e por todo o mundo, que é fazer ecoar o grito de "Não à guerra na Ucrânia: fora as tropas russas de Putin, abaixo a OTAN e o imperialismo!".
Nós, mulheres, que somos a maioria da classe trabalhadora, essa classe que é sem fronteiras, precisamos construir um forte feminismo anti-imperialista, nos posicionando de forma independente nesse conflito entre Rússia, Ucrânia e OTAN, cujo início remonta ao final da Guerra Fria com o triunfo dos Estados Unidos, a dissolução da União Soviética e a restauração capitalista. A agressão militar russa de Putin, que negou o direito dos ucranianos de existir como nação não pode ser entendida como uma “defesa” da Ucrânia contra a ofensiva beligerante do imperialismo estadunidense e da União Europeia. Já os Estados Unidos e a OTAN aproveitam a reacionária invasão russa para justificar o gritante rearmamento do imperialismo europeu e o aumento da militarização imperialista do Leste europeu, que era justamente o que almejavam.
Não podemos aceitar! O movimento de mulheres precisa ser parte de responder os fenômenos da realidade que afeta os trabalhadores em todo o mundo. As mulheres que se ergueram na Primavera Feminista, na Índia com os pink blocks, na Argentina com a Maré Verde, na Polônia pela legalização do aborto, no Brasil contra o golpe institucional, as operárias de Mianmar contra o golpe militar, nas greves internacionais de 2017, e na histórica Revolução Russa, agora precisamos nos levantar em cada parte do mundo, em um só grito, sendo ponta de lança de uma enorme confraternização revolucionária entre os povos da Ucrânia, Rússia e do resto do mundo para pôr um fim à escalada militarista em curso.
As direções do movimento de mulheres, das entidades sindicais e estudantis, aqui no Brasil e internacionalmente, devem levar às ruas a defesa de um grande movimento contra a guerra reacionária, exigindo o fim da invasão russa e contra o intervencionismo imperialista da OTAN, unificando mulheres e trabalhadores em uma só batalha, por todo o mundo.
O 8 de março nasceu internacional e hoje está colocado para todas nós seguir essa tradição dizendo "Pela unidade da classe trabalhadora internacional! Por uma política independente na Ucrânia para enfrentar a ocupação russa e a dominação imperialista!"
Nós do Pão e Rosas, que reivindicamos o feminismo socialista e revolucionário, levaremos com toda força nos bandeiras anti-imperialistas, na batalha por uma Ucrânia independente, operária e socialista."
