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FRIO EM SÃO PAULO E UMA REFORMA URBANA RADICAL | O frio na capital paulista e a necessidade de uma reforma urbana radical

Pessoas morrem de frio nas noites de São Paulo, enquanto existem 1800 mansões na capital. Essas pessoas tem cor e classe social. O capitalismo que pode desenvolver altas tecnologias como o 5g não consegue garantir nem sequer uma demanda tão elementar que é não morrer de frio no inverno. Por isso necessitamos de uma reforma urbana radical.

terça-feira 13 de julho de 2021 | Edição do dia

No país estruturado em base a escravidão e que com um governo de extrema direita como Bolsonaro que chega ao absurdo de afirmar que nosso blacks são ninhos de baratas, a condição das negras e negros se torna cada vez mais drastica, seja casos de injuria ou casos pontuais, seja sua forma mais estrutural, o racismo está intríssico ao cotidiano.

Se por um lado, no cenário mais nacional vimos na chacina do jacarezinho a concretude da brutalidade policial, onde a polícia civil, no caso cumpriu o papel de reprimir e oprimir a população pobre e trabalhadora, por outro com a chegada do inverno, a falta de condições de combate ao frio atinge a população negra profundamente.

Pegando a capital paulista, por exemplo, São Paulo teve sua noite mais fria em 5 anos neste início de inverno e na mesma noite 12 pessoas em situação de rua morreram, tudo indica que mediante ao frio, somados a outros fatores que este setor da população está exposto. Uma contradição do Estado que tanto lucra em relação aos demais estados brasileiros, nos ramos de indústria e capital financeiro, e que tem a capital com mais pessoas em situação de rua, chegando a terrível situação de morrerem de frio. Mas essa é a verdadeira cara do capitalismo, para uns luxo e lucro, para outros, em grande parte negros e nordestinos, o frio.

Atualmente, são 24.344 pessoas em condição de rua em São Paulo, majoritariamente composta por homens (85%) e negros (70%), ou seja, os negros são destinados à miséria nesse sistema capitalista. Esse contingente está vulnerável a uma serie de acontecimentos degradantes, como o frio extenuante que na selva de concreto e aço se intensifica.

Ver também: Que reforma urbana defendemos para São Paulo?

São Paulo possui também cerca de 1800 mansões, que ocupam uma área que poderia abrigar mais de cem mil famílias. A conta aqui é simples. Considerando as mansões e os prédios desocupados sobretudo no centro da cidade, toda a população de rua e de área de risco poderia ter moradias dignas.

Sendo assim, esse problema não é resolvido até o final com simplesmente cobertores e sacos térmicos, como afirma João Doria (PSDB), o mesmo que ataca a classe trabalhadora e os pobres. João Doria tem a cara de pau de falar um absurdo deste, porque protege o lucro de seus aliados empresários que vivem da especulação imobiliária, e é claro, como um racista declarado, pouco se importa com a vida dos negros. É necessário questionar a distribuição não só de renda, como também de área urbana e rural, que no Brasil é majoritariamente controlada por grandes latifundiários e banqueiros.

Nossa luta deve ser para que toda a população tenha moradia digna e não apenas que poucos proprietários, como em São Paulo que 16 mil proprietários tenham 50% do solo urbano. Para os negros que sofrem com os resquícios da escravidão que podemos sentir nas peles todos os dias e que vivem brutalmente a precarização do trabalho por causa do racismo, é necessário encabeçar uma luta contra as más condições de vida e contra os ricos.

Por isso, defendemos um plano de nacionalização do solo urbano, para que ele não seja de pessoas físicas ou jurídicas, onde os trabalhadores e a população passariam a gerir seu uso e concessão. Além disso, seria necessário colocar a disposição para pessoas sem moradia todos os imóveis vagos e as mansões, como uma primeira medida para acabar com iniciar o processo de segregação do espaço urbano e se chocar com os interesses do mercado imobiliário. Por fim, seria necessário também expropriar proprietários de vários imóveis de acordo com a necessidade das famílias em condição de rua ou sem teto. Só um programa de reforma urbana radical pode acabar com uma demanda tão elementar que é não morrer de frio nas noites de São Paulo




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