Arthur Lira (PP-AL), o atual presidente da Câmara dos Deputados que esteve lado a lado com Bolsonaro para atacar os trabalhadores e promete avançar nas reformas reacionárias, receberá o apoio de deputados das bancadas do PT, PV, PCdoB e PSB. Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que a decisão foi consenso entre os líderes dos partidos. Lopes é o atual líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados.
terça-feira 29 de novembro de 2022 | Edição do dia
Foto: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Arthur Lira que foi quem segurou todos os pedidos de impeachment da esquerda contra Bolsonaro, que garantiu e disse que irá garantir para o próximo mandato, independente de quem fosse eleito, o famigerado orçamento secreto, que lado a lado de Bolsonaro defendeu debate de pacote de destruição ambiental, que buscou preservar Bolsonaro e os militares na CPI da Covid, que em outubro prometeu votar mais reformas ainda este ano como a reforma adinistrativa que ataca os serviços públicos e a tributária. Arthur Lira que articulou PEC para proteger Bolsonaro para garantir sua futura impunidade, este mesmo Arthur Lira agora, em nome da governabilidade recebe o amplo apoio do PT, PV, PCdoB e PSB.
A questão que fica é: vale tudo pela governabilidade? Até manter na presidência da Câmara dos Deputados sob consenso, sem crítica alguma, um deputado reacionário do PP de Alagoas que lado a lado de Bolsonaro atacou os trabalhadores durante a pandemia, que dirigiu a roubalheira das emendas de relator - o famoso e tão falado orçamento secreto - e que apoia todas as contra-reformas que massacram os trabalhadores e a juventude? Onde vão parar essas alianças pela chamada governabilidade? É com Arthur Lira que o petismo pretende combater a extrema direita? Ou Arthur Lira será o elo entre a frente amplíssima e a extrema direita bolsonarista para manter os ataques em curso intactos?
Esse apoio é um sinalizador claro de que o governo Lula pretende manter todas as reformas neoliberais que vêm devastando a vida dos trabalhadores. Além disso, esse nefasto apoio indica pactuação com a extrema-direita e com os protagonistas de um regime político responsável pela ascensão do bolsonarismo, o retorno da interferência dos militares na política e de tudo o que há de mais podre na república.
"Nós decidimos pelo apoio à reeleição do presidente Arthur Lira,compreendendo que nós temos uma agenda de país, de reconstrução do Brasil. O próprio presidente Arthur Lira foi o primeiro a reconhecer a legitimidade das urnas, do voto popular, e nós entendemos que é fundamental essa estabilidade institucional. E que é possível construir um bloco de governo que possa dar ao país, ao presidente Lula, estabilidade, governabilidade e uma base sólida", afirmou Lopes. Trata-se de uma estabilidade institucional a serviço de quem? Com o ultrarreacionário Arthur Lira?
Nós do MRT, que impulsionamos o Esquerda Diário no Brasil, viemos desde o início apontando que o caminho para combater essa extrema direita asquerosa, racista, misógina, lgbtfóbica e xenófoba que está nas ruas com intentos golpistas é a luta de classes e não alianças em frente ampla com os que sempre nos atacaram como Geraldo Alckmin. É preciso uma reorganização da vanguarda de esquerda, muito à esquerda do PT, com independência política do novo governo para defender a independência de classe e ser uma voz radical que não fale em socialismo só em dias de festa, para, ao lado dos e das trabalhadoras, nos organizarmos com nossas lideranças em cada local de estudo, moradia e trabalho, retomando os sindicatos das direções burocráticas, para impor nas ruas um contraponto, e, gritarmos em uma só grande voz, a voz dos entregadores de apps, das mulheres negras superexploradas, da juventude que perdeu o direito de estudar, de todos os trabalhadores empregados e desempregados, efetivos, terceirizados e contratados, de todas as periferias do país onde a fome revira lixões: que os capitalistas paguem pela crise!
