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Greve dos garis | Paes é hipócrita, para garis fala que falta verba mas sobram gastos exorbitantes

Greve dos Garis contra a precarização do plano de saúde e a absurda proposta da prefeitura de aumento de ridículos 2,35% é encarada como se para ela faltassem verbas. Mas o que não falta no governo Paes são gastos exorbitantes. É pura hiprocisia e descaso com os trabalhadores do Município do Rio de Janeiro.

domingo 27 de março de 2022 | Edição do dia

Em meio ao abandono do governo Paes com os garis da Comlurb, propostas de mais obras que favorecem grandes burgueses ligado ao seu governo estão a caminho e para elas não falta nenhum dinheiro. Os garis, que já carregam um acúmulo de descasos que incluem falta de EPIs (luvas, máscaras, etc, salários defasados a pelo menos 4 anos, além de assédio moral e perseguição de funcionários que são lideranças na categoria. Os garis sofreram e ainda sofrem com a mudança de plano de saúde arbitrária e de pior qualidade, mudança ocorrida ano passado no auge da pandemia, dificultando os cuidados da saúde dos trabalhadores tendo como destaque o triste falecimento de uma liderança dos garis, Ionéia Pacheco Moreira por piora de seu quadro de saúde. Ela, funcionária e lutadora pelos direitos da categoria, sua ausência já causa um enorme impacto em todo o movimento de luta por direitos no setor.

Sobretudo, na questão salarial, é nesse ponto que as contradições do governo Paes se tornam mais escancaradas. Quando se trata dos garis alega falta de verbas e orçamento apertado enquanto grandes obras estão se estendendo por anos e novos projetos com gastos astronômicos foram aprovados e/ou se encontram no processo de licitação, direcionados quase sempre aos transportes públicos na qual o prefeito, tal como Crivella antes dele, tem profundos acordos nebulosos, como já denunciado em gestões passadas. Mas o duplo discurso de Paes não toca só o transporte público inclui também outros setores.

Primeiramente, o problemático projeto dos BRTs que desde o início não consegue cumprir a promessa de uma mobilidade com uma qualidade mínima para a população da cidade, esta que desde sempre sofre com lotações dos ônibus, ar condicionado sempre em mal funcionamento ou que não dá vasão perante o clima quente que é característico do Rio de Janeiro. Os constantes reajustes nas tarifas que, apesar do congelamento durante a pandemia, seu valor atual de R$4,05 por viagem faz uma grande diferença no orçamento dos trabalhadores da classe operária, que com salário mínimo de R$1.212,00 ainda precisam cumprir com seus gastos domésticos com alimentação, educação e saúde.

Desse modo, as obras do Terminal de Deodoro do BRT Transbrasil se perpetuam com atrasos acumulando 6 anos para sua entrega final. Com prazo de finalização para 2023, a obra tem como objetivo ligar os corredores Deodoro – Recreio com os do BRT Transolímpico (Alvorada - Santa Cruz). Enquanto Eduardo Paes afirma que as melhorias virão com o tempo, e devido ao histórico conhecido sobre o dia-a-dia do transporte público, sabemos que pode demorar muito mais do que o esperado – se realmente acontecer – e assim
passageiros continuam viajando pendurados com portas abertas e cada vez com menos ônibus disponíveis para aumentar o lucro das empresas ao custo do sufoco da populaçao. Logo, a pouca segurança que já era visível agora é inexistente, com diversos relatos de quedas de passageiros durante os vários trajetos.

Em destaque para o corredor Transoeste do BRT, mais um projeto de reformas foi aprovada sobre o montante de cerca de R$135 milhões (detalhes do despacho da obra na imagem logo abaixo) onde todo a faixa exclusiva Alvorada – Santa Cruz será reconstruída. Essa é mais uma prova de como a verba pública é sequestrada para medidas que visam favorecimento de grandes burgueses das empreiteiras, refazendo a custo de muitos milhões uma obra já (mal)-feita. Para esses empresários há centenas de milhões de reais, para os trabalhadores de um setor essencial da cidade como os garis, as propostas de reajuste salarial são miseráveis.

Imagem comprovando os gastos exorbitantes

Em seguida, temos outra obra aprovada e já em andamento que contempla os arredores da Refinaria de petróleo Refit, na altura do Caju pela Avenida Brasil. Não é de hoje que Eduardo Paes prioriza obras que visam o transporte público para os empresários, ali reside um alinhamento com o projeto neoliberal de Rio de Janeiro que o prefeito representa e sempre representou.

Por fim, Paes planeja mais um mimo para com os donos do dinheiro desta vez numa perspectiva turística que visa reformas direcionados ao bairro da Glória, na zona sul. Com o programa Dias de Glória, o secretário de turismo Bruno Kazuhiro quer melhorias estruturais nos arredores da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), buscando valorizar a cara universidade privada e a especulação imobiliária na região próxima ao antigo hotel Glíra.

O secretário de turismo ainda tem a indecência de afirmar que esse projeto para especulação imobiliária e para grandes empresários do turismo seria para “melhoria da qualidade de vida do carioca”:

Precisamos aproveitar esse momento de reorganização do Rio de Janeiro, de retomada da autoestima do carioca, para pensarmos em projetos que requalificam áreas, reconhecem vocações turísticas e garantem mais qualidade de vida aos cariocas. A Glória tem tudo para voltar, literalmente, aos seus dias de glória e chamar a atenção dos nossos visitantes, fazendo com que eles fiquem por mais tempo e voltem mais vezes à nossa cidade. Além disso, este conjunto de ações e o incremento do turismo, somados, também provocam maior desenvolvimento econômico da área, com a criação de novos empregos e geração de renda” – Bruno Kazuhiro, Secretário de Turismo.

Em resumo, construir totens, estátuas, placas e demais elementos visuais é sempre mais simples do que melhorias sistemáticas em todas as questões trabalhistas de profundo sucateamento e desfavorecimento, na maioria das categorias de base, essenciais para a cidade.

Apoiar a luta dos garis para fortalecer a luta de todos trabalhadores da cidade

Apesar do ataque de Paes e do judiciário que decidiram arbitrariamente tornar a greve ilegal, os garis decidiram manter a greve que inicia às 00:00h dessa segunda-feira, como consequência da não concordância dos garis com o ínfimo reajuste de 2,35% dos salários oferecido pela Prefeitura do Rio. O Esquerda Diário irá fazer cobertura da greve. A vitória dos garis seria uma vitória para todos trabalhadores cariocas, não somente por enfraquecer Paes e seu projeto neoliberal mas também para fortalecer cada categoria a lutar por seus direitos, pela sua recuperação salarial diante da inflação.

Os garis precisam do apoio de todas categorias e precisam conseguir impor a seu sindicato uma forte greve, passando por cima do alinhamento de sua direção burocrática e pró-governo que sempre visa os interesses dos governos e empresários e não dos trabalhadores.

O Esquerda Diário junto do Movimento Revolucionário de Trabalhadores – MRT colocará todos seus esforços para apoiar, difundir, contribuir a que a luta dos garis seja vitoriosa e que traga um alento para toda a situação de abandono e descaso para os profissionais de limpeza urbana e demais serviços cruciais da Comlurb. A luta de uma categoria estratégica pode fortalecer todos trabalhadores em uma perpectiva da luta de classes contra governos e patrões.




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