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Mobilização | Paralisar as escolas de SP no dia 16 de março, rumo a mobilização nacional da educação

Para o próximo dia 16 de março a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) aprovou a convocação de um dia de mobilização nacional da educação. Isso se dará em um cenário nacional em que alguns estados e municípios estão com seus professores em luta, com greves, paralisações e manifestações, pela implementação imediata do reajuste previsto no novo piso salarial nacional do magistério.

quarta-feira 9 de março de 2022 | Edição do dia

Além disso, o que encontramos em comum nas várias redes de ensino é o mais profundo avanço dos ataques contra a educação, como a privatização, a implementação do Novo Ensino Médio, que por si só já é um grande absurdo, mas que a implementação vem demonstrando que pode ser ainda pior, e a falta de estrutura, materiais e condições de trabalho para as professoras e professores, enquanto tentam a todo custo diminuir o impacto do ensino remoto precário, que os governos impuseram durante a pandemia.

A Apeoesp, sindicatos dos professores do Estado de São Paulo, aderiu ao chamado para o dia 16 e aprovou em reunião de conselho estadual assembleias regionais e uma paralisação para a data. Frente aos vários níveis de problemas, ataques e caos que encontramos nas escolas estaduais paulistas é mais do que necessário que o sindicato construa a luta de forma efetiva na base da categoria e nas comunidades escolares.

O reajuste do piso salarial do magistério só foi aprovado pelo governo Bolsonaro e Mourão depois de inúmeras tentativas do governo de impedir que o aumento fosse dado na Lei do Piso. Bolsonaro para seguir fazendo campanha eleitoral só aprovou esse reajuste porque repassa a responsabilidade da aplicação para os governos estaduais e municipais. Ou seja, as mobilizações dos docentes para que se implemente a Lei do Piso se volta contra os governadores e prefeitos. No mais, sabemos exatamente qual a visão sobre os educadores que têm Bolsonaro e todo seu governo. Desde o início do seu mandato, os educadores são tidos como inimigos. Seu ódio fica explícito em declarações nojentas, no incentivo escancarado à perseguição de professores, nos cortes orçamentários da educação básica e superior e nas reformas que atingem em cheio a educação.

Assim é com a reforma do Ensino Médio, que embora tenha sido aprovada no governo Temer, de forma acelerada - Bolsonaro e os governadores de conjunto - buscam implementá-la nacionalmente. Uma reforma que em consonância com a reforma trabalhista e da previdência, aprofunda absurdamente a precarização das condições de trabalho docente e reserva para a juventude um futuro de miséria.

No Estado de São Paulo não faltam motivos para paralisarmos as escolas. Doria, que em nada é alternativa a Bolsonaro, e Rossieli acabaram de enviar para a Assembleia Legislativa de SP o projeto que institui uma nova estruturação da carreira docente dos professores da rede estadual. Doria divulgou esse projeto como o maior reajuste salarial da história da educação no estado, mas na prática é mais um grande golpe contra as professoras e professores, já que transforma o salário em subsídio, aumenta a jornada de trabalho e impõem a evolução da carreira por critérios meritocráticos e números de desempenho. Ou seja, aprofunda a precarização do trabalho docente além de avançar a lógica empresarial dentro das escolas e deixar os professores à mercê de direção assediadoras.
Hoje estamos trabalhando com salas lotadas, assédio moral dentro das escolas (principalmente nas escolas de tempo integral), jornadas já bastante extenuantes e com distintas disciplinas, sobrecarregando o preparo dos professores para as aulas também fora das escolas. Também enfrentamos as consequências do ensino remoto fake que Doria e Rossieli implementaram nos dois anos de pandemia, por não ter dado reais condições para que os alunos acompanhassem as aulas e os professores foram submetidos a um regime de trabalho burocráticos bem distantes do pedagógico.
Nessa situação, se detendo apenas ao estado de SP, mas sabendo que esse cenário se assemelha muito aos demais estados e regiões, não resta alternativa que não seja exigir que os sindicatos e entidades da educação construam verdadeiramente o próximo dia 16.

Por isso, é imprescindível as escolas de SP se apoiarem nas mobilizações da educação que já acontecem em algumas regiões do país, como Paraíba, Rio Grande do Norte, Teresina no Piauí, redes municipais de MG e RJ, além do Distrito Federal, para impulsionar a organização do dia de mobilização nacional da educação aqui no estado do governo Doria e do secretário de educação Rossieli Soares, que se orgulham em dizer que são os pioneiros na implementação do Novo Ensino Médio.
A Apeoesp, dirigido pelo PT de Bebel Noronha, precisa convocar reuniões em todas as escolas, divulgar amplamente o chamado para as assembleias regionais, fomentar o debate em todas as comunidades escolares e usar todos os recursos necessários para que no dia 16 os professores se sintam seguros para paralisar suas atividades e lutar com um único punho contra o caos que vivemos nas escolas e por um reajuste real dos nossos salários, não a farsa da nova carreira de Doria. Além disso, brigar pela redução da jornada de trabalho, que da forma que está hoje, leva ao limite o trabalho docente e precariza o ensino, e pela revogação imediata do trator dirigido conjuntamente pelo governo federal e estaduais, chamado Novo da reforma do Ensino Médio.

A Apeoesp já perdeu uma valiosa oportunidade de impulsionar fortemente a mobilização do dia 16, ligando com o chamado do 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, que precede a data da CNTE. Isso numa categoria que tem motivos o suficiente para todos os sindicatos e entidades da educação ligarem as duas datas, já que a maior parte do quadro do magistério é feminina e grande parte dos responsáveis na educação nos lares são as mulheres. Isso porque quer aguardar pacificamente e passivamente as eleições do final do ano, como se os problemas da educação fossem se resolver com uma possível eleição de Lula. Quando na verdade sabemos que durante os governos do PT os professores seguiram em situação precária, assim como as escolas. Não à toa os professores do Rio Grande do Norte, estado governado pelo PT, se viram obrigados a paralisar suas atividades e enfrentar uma greve contra Fátima Bezerra.

A saída para tudo o que enfrentamos no nosso dia a dia está na luta real nas categorias, como a da educação, pela revogação de todas as reformas e ataques aprovados, como a reforma do ensino médio e trabalhista.

Agora é a hora que os sindicatos da educação, esmagadora maioria dirigidos pelo PT e PCdoB, deixem de letargia eleitoral e mobilize os diversos estados e municípios no dia 16, preparando o terrenos para uma greve nacional da educação, que imponha, contra o governo federal e os regionais, o reajuste e aumento real dos salários do magistério, a revogação do novo ensino médio e condições de trabalho às professoras e professores, além da equiparação e incorporação do quadro de apoio das escolas no quadro do magistério, afinal são todos educadores.

Nós do Nossa Classe Educação chamamos a todas professoras e professores para essa luta e construção da paralisação do dia 16 e convidamos também para que estejam ao nosso lado nas ruas no 8M, junto ao Pão e Rosas, para marcharmos contra a guerra na Ucrânia, gritando fora as tropas russas, abaixo a Otan e o imperialismo; e a organizarmos em cada local de trabalho e estudo um 8M contra Bolsonaro, Mourão e Damares.




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