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UFRN | Pelo reajuste das bolsas e permanência plena, organizar a luta na UFRN sem confiar na reitoria e nos governos

Na segunda-feira, dia 13 de março, cerca de 250 estudantes bolsistas e não bolsistas participaram de um ato em defesa do pagamento e reajuste de todas as bolsas, essenciais para garantir a permanência estudantil. Nenhum estudante consegue estudar sem seu direito à moradia, alimentação e locomoção garantidos.

Éri MahinEstudante de Ciências Sociais da UFRN e militante da Faísca Revolucionária

Marina EstrelaEstudante de Letras da UFRN e militante da Faísca Revolucionária

Yasmim SantosEstudante do IFRN e militante do Pão e Rosas

sexta-feira 17 de março de 2023 | Edição do dia

Foi anunciado pelo governo Lula-Alckmin um reajuste das bolsas de R$400,00 para R$700,00. O reajuste não foi um presente de bom grado do governo encabeçado pelo inimigo histórico da educação, ladrão de merenda e espancador de professor, Alckmin, mas sim conquista da luta estudantil que tem mostrado disposição de luta contra os cortes na educação iniciados no governo Dilma, mas aprofundados a partir do golpe de 2016 por Temer e depois com Bolsonaro, passando pela aprovação do Teto de Gastos e início da formulação da Reforma do Ensino Médio, por exemplo, fortemente enfrentada pelas ocupações estudantis que deram exemplo de força e disposição de luta. Com medo da resposta dos estudantes caso não concedesse o aumento, o governo anunciou um reajuste aliviante para aqueles que dependem dessas bolsas, mas ainda insuficiente e defasado quando comparado ao aumento da inflação nos últimos anos.

Além de defasado, o reajuste nem mesmo contemplou todas as bolsas, na UFRN as bolsas de auxílio (moradia, alimentação, transporte, óculos…) e de apoio técnico se mantêm em R$400,00, além de algumas outras bolsas que ainda se encontram atrasadas, como as do PET, e sem reajuste apesar de terem sido teoricamente contempladas pela promessa de Lula-Alckmin.

Diante desse cenário, na segunda-feira, dia 13 de março, cerca de 250 estudantes bolsistas e não bolsistas participaram de um ato em defesa do pagamento e reajuste de todas as bolsas, essenciais para garantir a permanência estudantil. Nenhum estudante consegue estudar sem seu direito à moradia, alimentação e locomoção garantidos.

Após a mobilização dos estudantes pelo reajuste das bolsas, a UFRN solta uma nota sem nenhuma previsão de aumento com a justificativa da falta de orçamento devido aos cortes na educação. Entretanto, a reitoria não consegue justificar por que seus salários e regalias são exuberantes e sem prejuízo pelos cortes, enquanto estudantes precisam sobreviver com ínfimos 400 reais. Ou ainda ter que pagar R$8,00 para poder comer no restaurante universitário, um dos mais caros do país, que na prática leva a que a maioria de estudantes tenha que estudar de barriga vazia. No final do ano passado essa mesma reitoria deixou bolsistas passando fome com o direito a apenas uma refeição por dia, ao mesmo tempo que também atrasava os salários de trabalhadores terceirizados em 2 meses, que inclusive deram uma importante demonstração de luta paralisando e conquistando suas demandas. Esse é o papel que cumpre, descontando a crise nas costas dos estudantes e trabalhadores e querendo manter a universidade restrita para poucos, inclusive aumentando espaço para projetos que beneficiam a iniciativa privada.

Além dos ataques da reitoria, a luta dos bolsistas desponta numa conjuntura de ataques à educação em que os professores estaduais perduram na greve pelo pagamento do piso negado por Fátima Bezerra (PT) e avança o projeto de precarização do Ensino Médio, que o governo Lula-Alckmin já prometeu não revogar. Isso porque o MEC de Camilo Santana (PT) está junto com os idealizadores desse Novo Ensino Médio, inclusive com secretários como Karine Santos, servidora de confiança do ex-ministro Weintraub, Denise Pires, ex-reitora da UFRJ defensora do Future-se, e outros neoliberais da educação. Não há espaço para ilusões nos governos reformistas e de frente amplíssima, os quais se colocam a serviço dos interesses capitalistas e deixam em último plano as reivindicações da classe trabalhadora e de seus filhos estudantes.

Por isso não podemos ter nenhuma confiança nos governos e na reitoria que atuam na contramão da permanência na universidade. Nossa luta precisa ser independente e organizada desde as bases ao lado dos trabalhadores, defendendo o reajuste das bolsas de acordo com a inflação, assim como a sua ampliação para toda demanda, contra qualquer contrapartida de trabalho para permanecer na universidade. Pela redução do preço do RU a preço acessível a todos, com gratuidade para ampla demanda, ligada a efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso, pois não podemos aceitar que nossa comida e o funcionamento da universidade se dê em base a trabalho semi-escravo. E que seja impulso a uma mobilização nacional pela recomposição do orçamento da educação, o fim do teto de gastos que usa o dinheiro da classe trabalhadora para a dívida pública, pela revogação integral de todas as reformas incluindo a do novo EM.

É necessário exigir da UNE (dirigida majoritariamente pela UJS, pela Juventude do PT e pelo Levante), hoje parte do governo, realizando a cerimônia de posse do ministro Camilo Santana (PT), e por isso são responsáveis por descomprimir a força dos estudantes na luta pelo reajuste das bolsas e contra a precarização do trabalho pela terceirização, que organize pela base de cada universidade, escola e IF essa luta. Isso significa exigir que rompa com a política levada adiante após o golpe institucional de se apoiar nas milhares de entidades que dirigem nacionalmente para impedir que sejam ferramenta de organização da disposição de luta dos estudantes, como nas ocupações de escola, no Tsunami da Educação e outros processos, e que impedia a aliança entre a juventude e os trabalhadores na luta contra as reformas trabalhista e da previdência.

Antes do ato, o DCE dirigido pelo Juntos (PSOL) e pela Correnteza (UP), priorizou organizar três reuniões com a reitoria, sem qualquer chamado a organização dos estudantes, apostando mais no diálogo com o reitor que nos ataca do que na força dos estudantes. Semelhante política leva a que o PSOL faça parte do novo governo, e que a UP defenda que as mobilizações sirvam apenas para apoiar que a Frente Ampla tome medidas “populares”. Nossa força não pode ficar restrita ao que permite a reitoria e a Frente Ampla, como a direção majoritária da UNE quer impor, e que as correntes que se dizem oposição de esquerda, como Correnteza, UJC, Juntos, se adaptam. Nesse sentido, é urgente que nossa principal entidade estudantil dentro da UFRN, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) convoque uma assembleia geral para que es estudantes bolsistas e não bolsistas tenham o espaço para decidir que rumo seguir para arrancar com nossas próprias forças nossos direitos.




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