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Crise Política | Peru: Estudantes da Universidade San Marcos dão refúgio a caravanas vindas dos interiores para Lima

Estudantes da Universidade San Marcos (UNMSN), em Lima, abriram as portas para abrigar centenas de trabalhadores e camponeses peruanos que chegam hoje à capital para o dia de greve geral que vem sendo chamado de “Tomada de Lima”, amanhã (19). O governo golpista de Dina Boluarte e suas forças armadas reprimem os manifestantes em todo o país e busca evitar o estabelecimento de um centro de concentração na capital.

quarta-feira 18 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Diante da convocação de uma greve geral nacional para amanhã (19) e da manifestação na capital convocada como “Tomada de Lima”, milhares de trabalhadores e camponeses de diferentes regiões do Peru se dirigem para Lima em enormes caravanas populares contra o governo golpista de Dina Boluarte, que já assassinou mais de 50 manifestantes.

As manifestações nacionais levantam palavras de ordem pela renúncia do governo golpista de Dina Boluarte, a dissolução do Congresso - visto por amplas massas como corrupto e inimigo dos interesses populares - e por uma Assembleia Constituinte que enterre a Constituição fujimorista.

Na capital, um grande operativo policial vem buscando por meio da violência evitar que as caravanas se instalem nas principais praças públicas como a Manco Capac e San Martín. A UNMSN, porém, é regida por um princípio de autonomia que proíbe a entrada das forças policiais sem autorização da reitoria. Tal situação especial fez com que ali fosse o último refúgio possível, e a solidariedade dos estudantes abriu as portas da Universidade para abrigar centenas de manifestantes até a jornada de amanhã, enquanto Dina Boluarte se mantém reunida com seus ministros no Palácio de Governo.

“Já estamos cansados das matanças, da repressão. Não queremos que a reitoria seja cúmplice, nesse caso, dos assassinatos de povos peruanos”, disse uma estudante. Uma mesa de negociação foi aberta para mediar a situação a pedido dos estudantes e em uma tensa situação que tomou a atenção nacional.

As manifestações ocorrem no país há mais de um mês, e há três dias foi novamente decretado estado de emergência, que desatou uma repressão ainda mais feroz contra aqueles que lutam, mas não parou as caravanas. O golpe parlamentar que colocou Boluarte no poder vinha orquestrado em colaboração do Congresso com o Judiciário e a burguesia nacional e internacional, em uma atuação autoritária e golpista para atropelar o voto popular que havia eleito Pedro Castillo. Ao contrário do que se propaga, este governou a todo momento à serviço das classes dominantes.

Desde o Brasil, expressamos toda solidariedade ao povo peruano em luta e, através de nossa organização irmã no Peru, a CST, levantamos a necessidade de articular espaços de unificação dos diferentes setores em luta a nível nacional, e chamamos à conformação de um comando nacional de luta que permita elaborar e impulsionar um plano de luta orientado à queda de Boluarte e o fim imediato do Estado de Emergência, para avançar na luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana sem cair nas armadilhas dos partidos do regime e da Constituição fujimorista antidemocrática de 1993.




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