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Eleições 2022 | Por que jamais votar nos bolsonaristas Dantas e Marinho, racistas inimigos dos servidores e dos direitos trabalhistas?

Nas eleições do RN desse ano, Bolsonaro propôs figuras ligadas ao seu governo para disputar o governo do Estado e o Senado, prometendo novos ataques aos trabalhadores.

Marie CastañedaEstudante de Ciências Sociais na UFRN

sábado 1º de outubro de 2022 | Edição do dia

Fábio Dantas (SDD), candidato ao governo do estado apoiado pelo ministro Fábio Faria junto a sua oligarquia nojenta, contra a atual governadora Fátima Bezerra (PT), que lidera a disputa. Na mesma coligação está o ex-ministro de Bolsonaro, Rogério Marinho (PL), relator da reforma trabalhista quando deputado, que compete com Carlos Eduardo Alves (PDT), velho oligarca e ex-prefeito da capital potiguar apoiado pelo PT, e Rafael Motta (PSB) em terceira colocação.

Ambas as candidaturas do bolsonarismo receberam recentemente o apoio do reacionário prefeito da capital potiguar, Álvaro Dias (PSDB). Além desses há a candidatura de Clorisa Linhares (PMN) ao governo, com menor expressão eleitoral, mas que é abertamente bolsonarista e vinculada à cúpula das Igrejas. Um verdadeiro show de horrores da extrema-direita, quem tem ainda o Senador Capitão Styvenson candidato ao governo sem se associar diretamente ao governo, mas todos representantes dos interesses mais nefastos contra os direitos dos trabalhadores e as condições de vida da população potiguar.

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Fábio Dantas (SDD) se esforça por se apresentar como novidade nas eleições. Mas não engana ninguém. Foi vice-governador do governo de Robinson Faria até 2018, que teve uma política privatista, ameaçando privatizar a Potigás e a Cosern, além de propor aumentar alíquota previdenciária dos servidores, os quais tiveram sucessivos atrasos de salário. Foi alvo de uma forte luta dos servidores que barraram o seu “pacote de morte”, que ameaçava retirar adicionais por tempo de serviço, abono especial, previdência complementar e desvincular reajustes de pensões dos índices do INSS. Esse ódio contra os servidores, buscando descarregar a crise nos trabalhadores do estado, segue correndo na veia do seu vice e atual candidato Dantas.

Ele que se esquiva de responsabilidade pela trágica política de Robinson, tem como eixo de sua campanha o “enxugamento” da máquina pública. Ao ser questionado em entrevista ao RN1 se isso significava demissão, se esquivou dizendo que significava “realocar” servidores. Mas fica claro que o que ele planeja vai ser essa mesma receita de fazer com que os professores, a enfermagem e demais servidores do Estado, sofram ainda mais os impactos da crise que se agravou com a pandemia e a guerra na Ucrânia. Foi a política que seu apoiador, Álvaro Dias (PSDB), implementou na prefeitura de Natal, precarizando ainda mais as condições de trabalho da enfermagem que esteve na linha de frente do combate a pandemia.

Seu parceiro de campanha, Rogério Marinho, foi ninguém menos que o relator da odiosa Reforma Trabalhista, portanto um dos agentes diretos da situação de quase 46% dos trabalhadores do estado em situação de informalidade, trabalhando sem nenhuma garantia de direitos, e com o desemprego de 14,1%, 3% superior à média nacional. 1/3 dos empregos privados não tem carteira assinada, o que mostra a liberdade que estão atingindo os patrões em precarizar a força de trabalho. Citado em escândalos de corrupção da Odebrecht, se utilizou da posição no governo Bolsonaro para fazer política clientelista e demagógica no estado. Destinou parte do chamado “orçamento secreto” inclusive para construir um mirante turístico logo ao lado do terreno onde vai construir um condomínio de luxo no condomínio de Monte das Gameleiras.

Além de relator da reforma trabalhista, quando deputado foi entusiasta da proposta de Escola sem partido, que buscava instalar uma maior perseguição contra professores e estudantes, censurando o debate político e proibindo o debate de gênero e sexualidade, o que o projeto chamava de “ideologia de gênero”. A cúpula das Igrejas, que a candidata Clorisa Linhares representa, são marca dessa política reacionária da extrema-direita oligárquica do estado.

Não podemos dar qualquer trégua contra essa extrema-direita potiguar, que mobiliza setores para realizar ações asquerosas em apoio ao presidente, como o dia que Bolsonaro fez uma carreata em Natal batizada de “Cuscuz Clan”. Uma referência ao grupo supremacista branco estadunidense, a Klu Klux Klan, que surgiu após a Guerra Civil dos EUA, como uma reação à força de milhares de negros armados que atuaram na Guerra Civil para abolir a escravidão. Como se não bastasse, fazem um trocadilho com a palavra "cuscuz", justamente pelas atividades de campanha estarem acontecendo em uma capital nordestina. É uma extrema-direita xenófoba, que odeia os trabalhadores nordestinos, chamando de “pau-de-arara”, parte da herança racista da colônia e da escravidão, que serve a que sejam os nordestinos, negras e negros, indígenas, paguem mais duramente a crise capitalista.

Essa extrema-direita seguirá como uma força política e social no estado e no país independente de Bolsonaro ou esses candidatos percam nas urnas. Se apoiam no que tem de mais reacionário da tradição das oligarquias regionais e representam o que há de mais velho na política do estado. Os trabalhadores do RN deram importantes exemplos de luta nos últimos anos, com diversas greves, como a do DETRAN-RN, de professores, da enfermagem, que na semana passada realizaram uma forte manifestação pelo pagamento do piso. É no desenvolvimento e aprofundamento da organização dessa força que temos que apostar para liquidar esses setores.

Ao contrário também do que a política de Fátima Bezerra (PT) tem mostrado, tendo sido parte de aprovar a reforma da previdência, atacar as greves e negar as reivindicações dos trabalhadores nessas lutas. Se aliou nessas eleições com os Alves, tendo candidato a vice e ao Senado, que tampouco são aliados na luta contra a extrema-direita, com Carlos Eduardo diretamente apoiando a eleição de Bolsonaro em 2018. A conciliação com os oligarcas e empresários do estado enfraquece a perspectiva da luta independente dos trabalhadores para varrer a extrema-direita, junto a esses setores, e fortalece a direita no estado. Fátima chegou inclusive a receber durante seu mandato largos elogios do bolsonarista Flávio Rocha, dono da Guararapes, após dar uma série de incentivos fiscais durante a pandemia. Esse mesmo Flávio Rocha esteve com Lula nessa semana, colocando quais seriam as condições para apoiarem um eventual governo seu. Certamente não são condições favoráveis ao conjunto da população.

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Desde o RN é necessário batalhar por uma alternativa independente da conciliação do PT, que combata a paralisia das centrais sindicais da CUT e CTB, assim como da UNE, que dividem a nossa classe, o movimento estudantil, para garantir as alianças do PT com os empresários em todo o país, e aqui não está sendo diferente. Uma alternativa que batalhe por uma perspectiva dos trabalhadores para responder a crise capitalista, enfrentando o lucro dos capitalistas e das oligarquias. Que defenda o reajuste automático dos salários conforme a inflação, redução da jornada de trabalho para 6h e emprego com direito para todos, efetivando cada informal ou terceirizado sem necessidade de concurso. Junto disso, revogar toda a reforma trabalhista, da previdência, a lei do teto de gastos, levantando o não pagamento da dívida pública. Por uma reforma agrária radical que exproprie as terras das oligarquias, colocadas sob gestão operária e popular, com demarcação das terras dos povos indígenas.

Expropriação das indústrias e empresas de Flávio Rocha sob controle operário e popular. Medidas estas que poderão ganhar força através de uma grande mobilização nos locais de trabalho, estudo, moradia e no campo, por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que coloque a possibilidade de amplas maiorias populares decidirem sobre o destino do país, e não os militares e juízes autoritários, acabando com os seus privilégios, assim como negócios fisiológicos dentro do estado, colocando fim nos tribunais militares, ao artigo 142 e punição aos torturadores, assim como a elegibilidade e revogabilidade dos juízes do STF.




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