Os professores da rede estadual do Rio Grande do Norte decidiram em assembleia deflagrar greve nesta terça-feira (15) em rejeição à proposta do Governo de Fátima Bezerra (PT) de implementação do pagamento do reajuste de 33,24% sobre o piso nacional da categoria.
quarta-feira 16 de fevereiro de 2022 | Edição do dia
Depois de pelo menos dois anos de congelamento do piso por parte de Bolsonaro, precarizando as condições de vida dos professores, foi sancionado o aumento do piso para esse ano. O início do ano letivo estava marcado para começar também na terça-feira, mas os professores contestam a proposta de Fátima que não garante a correção integral do piso no estado.
A categoria, que conta com 15 mil servidores, considera insuficiente e indefensável a proposta de escalonamento da implementação do reajuste. Os professores irão se reunir em assembleia na próxima quinta-feira (17) para avaliar o andamento das negociações e a continuidade da greve.
A grande maioria das escolas não tiveram aulas nesse primeiro dia de retorno, mostrando a força da categoria. Ao mesmo tempo, professores temporários, que não tem direito a sindicalização, foram obrigados a dar aulas nesse dia, expressando como o governo do estado usa da divisão da categoria para tentar enfraquecer a greve.
A proposta do Governo, oficializada e detalhada por meio de documento, consiste no seguinte:
1 – Aplicar os 33,24% a partir de janeiro para os que ganham menos que R$3.845,63, proporcional a 30 horas
2 – Aplicar, a partir de janeiro, entre 0,1% e 33,24% para quem ganha menos que R$3.843,63
Aplicar em março os 13% para todos que não receberam em janeiro
Complementar em dezembro os 33,24%, entre 0% a 17,91%, dependendo da parcela recebida no mês de janeiro ou março
O governo afirma garantir o reajuste ainda em 2022, no entanto, o SINTE-RN, sindicato dos professores, afirma que o segundo ponto está condicionado à aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU) e Tribunal Regional Eleitoral (TRE), devido à legislação eleitoral que proíbe alterações salariais nos três meses antes e posteriores às eleições.
Essa condição da aprovação pelos órgãos da justiça coloca em risco a implementação do reajuste ainda em 2022, por isso os professores exigem uma proposta que dê garantia para que o reajuste seja implementado integralmente neste ano.
Nós do Esquerda Diário nos colocamos em total apoio a essa luta, em defesa do direito dos professores, contra a política reacionária de Bolsonaro e do Congresso, que aprofundar os cortes na educação, congelam o salário dos professores e outros servidores, pra seguir garantindo os lucros dos capitalistas. Repudiamos as calúnias da direita, como do apresentador Cyro Robson, do programa policial Patrulha Cidade, que atacou a greve de professores fazendo demagogia em defesa da educação das crianças. Essa direita reacionária não tem nenhum interesse em uma educação de qualidade, pois está junto em defender as reformas que precarizam o trabalho do professor e as escolas.
Mas também contra o governo Fátima, que faz demagogia em defesa da reposição dos salários, mas engana os professores com uma proposta que sequer tem garantia de ser efetivada, e mantém as escolas sucateadas em meio ao retorno presencial.
É fundamental que todos os setores da esquerda, PSTU, PSOL e UP, que se colocam contra a conciliação do PT com a direita, cerquem de solidariedade aos professores estaduais, exigindo que a CUT e a CTB unifiquem a luta dos servidores ao do conjunto dos trabalhadores para lutar pela revogação da Reforma do Ensino Médio, a PEC do Teto de Gastos, junto à reforma trabalhista e demais reformas e privatizações do regime do golpe, tal como a reforma da previdência de Fátima Bezerra. É necessário impor o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal e o pagamento da dívida pública, que rouba dinheiro da educação e dos servidores para pagar os lucros do capital financeiro
