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Temer decide manter Moraes a seu lado e dá episódio como superado

terça-feira 27 de setembro de 2016 | Edição do dia

A Secretaria de Imprensa informou nesta terça-feira (27) que o presidente da República Michel Temer conversou por telefone com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ainda nesta segunda-feira e ouviu as explicações do ministro sobre recentes declarações envolvendo a operação Lava Jato. Segundo a assessoria de Temer, após a conversa entre os dois, "o presidente considerou o episódio superado".

No domingo (25), em encontro com representantes do Movimento Brasil Livre (MBL), em Ribeirão Preto, no interior, cidade administrada Palocci em dois mandatos, Moraes sugeriu que esta semana haveria nova fase da Lava Jato.

Na segunda, a Polícia Federal deflagrou a 35ª fase da operação e prendeu o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda Antonio Palocci, do PT, sob suspeita de favorecer a Odebrecht durante os governos petistas.

As declarações de Moraes geraram repercussão negativa para o governo nesta segunda. Na avaliação dos parlamentares que fazem oposição ao governo Temer, por exemplo, o ministro da Justiça antecipou a operação ao cumprir uma agenda no fim de semana e passou a mensagem de que o governo peemedebista está interferindo nas investigações.

A fala do ministro-repressor "pegou mal" entre os principais assessores de Temer porque, na avaliação deles, "deu a impressão" de que o governo monitora a Lava Jato e a utiliza politicamente.

Desde maio, três ministros de Temer deixaram o governo por episódios relacionados à Lava Jato.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), investigado na operação, por exemplo, comandava o Ministério do Planejamento e pediu exoneração após o jornal “Folha de S.Paulo” divulgar uma conversa dele com Sérgio Machado na qual o peemedebista sugeria um “pacto” contra a operação.

Além dele, o então ministro da Transparência, Fabiano Silveira, também deixou o cargo em maio após se revelar uma conversa na qual ele criticava a condução das investigações da Lava Jato pelo Ministério Público Federal.

Outro ministro a cair foi Henrique Alves (PMDB-RN), ex-titular do Turismo. O peemedebista, investigado na Lava Jato e citado em delação premiada, resolveu pedir exoneração após receber a informação de que investigadores haviam descoberto uma conta secreta dele na Suíça.

Pelas relações de Alexandre de Moraes com a polícia e o Ministério Público, não é impossível que o ministro-repressor soubesse da nova operação da PF. Esta é provavelmente a mesma razão pela qual Temer achou mais vantajoso mantê-lo ao lado de si, do que como adversário. Além disso, a perda do quarto ministro pela Lava Jato seria um revés importante ao governo, que já colhe descrédito internacional desde a China até os EUA, e está em vias que buscar impor reformas draconianas contra os trabalhadores. Estancar qualquer sangria é a palavra de ordem dos golpistas, em conluio com o judiciário e a Procuradoria.

O presidente golpista continua com sua linha de blindar seus aliados para manter até o fim a defesa de que o governo não possui acesso às informação da Lava Jato e a mesma não está sendo utilizada politicamente em prol do governo golpista. Moraes desmentiu essa narrativa, mas é um "aliado fundamental" que mantém com o PSDB e com as esferas judiciais. Apesar das intenções, dificilmente poderá reparar o dano.




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