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Terceirização | Todo apoio à greve de terceirizados da SAFE, essenciais da saúde do RN, pelos seus salários e direitos!

Nesta terça-feira, 14/02, terceirizados da empresa SAFE seguem sem seus salários, vale alimentação e transporte, continuando a greve aprovada semana passada. A empresa SAFE e o Governo do Estado de Fátima Bezerra (PT) são responsáveis pela situação precária dos trabalhadores que receberam o pagamento de novembro em 27 de janeiro e apenas metade do décimo terceiro. É urgente que a população cerque a greve de solidariedade e que cada sindicato, entidade estudantil e movimentos sociais apoiem a luta dos terceirizados da SAFE!

quarta-feira 15 de fevereiro de 2023 | 02:03

As mobilizações em frente ao Hospital Walfredo Gurgel seguem desde a semana passada e os relatos de trabalhadores denunciam em cheio o descaso com os terceirizados que se estende ano após ano no estado. “Pagam um salário minúsculo para um serviço que é essencial”, disse uma das trabalhadoras. “Enquanto meu coração bater eu vou tá fazendo minha parte pelos meus direitos!”, completou outra. Não é novidade que a crise sempre recai sobre as costas da classe trabalhadora e do povo pobre, por isso só a união entre trabalhadores e estudantes é capaz de fazer coro e derrubar todos os ataques, sem nenhuma confiança nas alianças com os patrões e a direita que não querem nada além do lucro com a exploração da nossa força de trabalho, mais profundamente nas mulheres negras que são maioria no trabalho precário e na informalidade.

Nesse sentido, a luta precisa ser independente do governo do estadual de Fátima Bezerra (PT) em aliança com a oligarquia dos Alves, que lava suas mãos, responsabilizando a empresa SAFE pelo não pagamento dos salários, mas que segue sem fazer repasses para a empresa. No Hospital João Machado, também estadual, os terceirizados da empresa Justis estão sem receber salários há quatro meses e o jogo de quem é responsável se repete. Não se trata de entender quem é menos culpado na história, mas de notar a aliança perversa entre o governo da terceirização e as patronais que empregam os trabalhadores, ambos comprometidos com a precarização do trabalho. “Quando eu digo que vou me demitir tem gente que diz ‘Ah, mas pelo menos você tem um emprego’. Tenho um emprego, mas além de não receber quase nada ainda acontece isso”, declarou um dos trabalhadores. Essa é a lógica da terceirização: submeter a classe trabalhadora às condições extenuantes de trabalho enquanto vende a ideia de diminuição do desemprego.

É fundamental lembrar que a nível municipal, a saúde também conta com relatos e episódios absurdos dentro da gestão do prefeito bolsonarista, Álvaro Dias (Republicanos), que desde o ano passado conta com denúncias da situação precária dos hospitais, maternidades e postos de saúde, tendo como notícia mais recente o incêndio na maternidade Araken que colocou em risco a vida de pacientes grávidas, trabalhadores e pacientes na unidade de terapia intensiva.

O relato de uma das terceirizadas aponta a precariedade da vida dos trabalhadores, as péssimas condições de trabalho e de estrutura do hospital:

Trabalhadora: A gente tá em greve por conta do atraso do pagamento, atraso do décimo e a multa do décimo terceiro, atraso do vale alimentação e das passagens que, muitas vezes ou não coloca ou só colocam a metade. Aí então a gente tem que tirar dinheiro do bolso pra vir pro trabalho, pra ir simbora pra casa e a situação de trabalho muito precária, por quê? É, em cada setor é pra ter duas vassouras, uma com pano pra varrer e outra pra lavar os banheiros, se você for em qualquer setor agora, é, o estado dessas vassouras, ou só vai ter uma pra os dois usos, ou simplesmente só vai ter duas em estado precário, e que não faz o devido, é… o devido fazer que é pra fazer. Então o trabalho é muito precário, é… realmente a gente tem alguns materiais mas não, mas são materiais mínimos, não dá pra, concretamente, todo o uso.

ED: Sim, totalmente. E também essa é a situação do hospital de conjunto, né? Dos hospitais estaduais aqui do, de Natal também, né, por causa que a galera denuncia bastante o sucateamento, mas na maternidade municipal teve o foco de incêndio, né, na semana passada também…

Trabalhadora: E aqui, sempre quando chove tem alagamento, lá no primeiro andar.

ED: Não acredito, é mesmo?

Trabalhadora: Sim, sempre é alagamento.

ED: Primeiro andar é ali em cima, né?

Trabalhadora: Isso, mas não é nesse é lá num… num, é porque aqui é o Clóvis Sarinho, é lá no Walfredo mesmo, é no, na parte que é considerada o hospital mesmo, o Walfredo mesmo, porque aqui é o Pronto Socorro Professor Clóvis Sarinho.

ED: Entendi. E você é , é… daqui do pronto socorro?

Trabalhadora: É, (parte inaudível).

ED: Acho que a luta de vocês se combina bastante, né, com os trabalhadores, é… efetivos também, né? O piso da enfermagem também…

Trabalhadora: Sim, é, porque os terceirizados aqui tudinho, não só a higienização, são os terceirizados todos, na cozinha, no a… é…, da cozinha, da manutenção, dos segurança, os segurança são os que mais recebe assim direitinho, porque, né, se eles parar um dia, no outro dia já tá lá na conta. Mas o restante tudinho para, sempre.

ED: Sim, sim. Amanhã começa a paralisação, né? Tipo, pelo piso da enfermagem nacional, inclusive.

Trabalhadora: Isso. Eles são mais fortes.

ED: Cê acha que eles são mais fortes?

Trabalhadora: Eles são mais fortes. Porque eles, se para, eles para geral mesmo. É, fica só, tipo, 10% trabalhando. Eles são muito mais fortes, são muito mais unidos.

ED: E é bastante importante, na verdade, que todas as categorias fossem unidas, né?

Trabalhadora: Isso. Mas infelizmente muita gente tem medo, por conta dos patrões, então, é… os que têm essa vantagem é porque eles são garantidos pelo concurso, né? A gente como é CLT, realmente, é, contrato, acaba, é… muitas pessoas tendo esse medo, né, porque realmente é o único ganha pão que cada um tem, uns pagam o aluguel, serviço…

ED: Sim, totalmente. É bastante importante mesmo… Inclusive a unificação de vocês, é, estarem, porque a assembleia semana passada foi cheia, né?
Trabalhadora: Isso.

ED: Então vocês estarem unificados e tudo mais também é uma força muito grande e bastante inspiradora pra gente também.

Trabalhadora: É verdade.

ED: Enfim… Todo apoio pra greve de vocês!

Trabalhadora: Obrigada!

Por isso que não dá pra confiar nos governos e nos patrões para que sejam arrancadas as reivindicações dos trabalhadores. Só a luta independente pode barrar os ataques, já que a nível nacional o governo Lula-Alckmin já sinalizou que não pretende revogar as reformas trabalhista e da previdência, que atingem em cheio trabalhadores terceirizados. Ao contrário disso, fazem aliança com os ex-aliados do governo Bolsonaro, responsável por aplicarem as reformas, Arthur Lira na câmara dos deputados e Pacheco no Senado.

As centrais sindicais, CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB junto à Unidade Estadual dos Estudantes (UEE), precisam romper sua paralisia e cercar de apoio os trabalhadores terceirizados da saúde, construindo assembleias em cada local de trabalho e estudo para que sejam traçadas estratégias na direção de arrancar as reivindicações dos terceirizados que são essenciais no trabalho da saúde. Hoje mesmo a paralisação dos trabalhadores da enfermagem mostra o caminho nas ruas pelo pagamento do piso, sendo outro setor profundamente atacado pela gestão de Álvaro Dias. Essas lutas não se separam e escancaram o desmonte da saúde que precisa ser tomada nas mãos dos trabalhadores, e para isso, só com a luta independente.

Todo apoio à greve dos terceirizados da SAFE!




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