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Unicamp planeja demissão de 330 terceirizadas do R.U: é preciso organizar a luta por nenhuma família na rua

Mais de 300 trabalhadoras terceirizadas Funcamp, que é a Fundação de Desenvolvimento da Unicamp, do Restaurante Universitário da Unicamp podem sofrer demissão nas próximas semanas, com a troca de licitação da empresa responsável por sua gestão. A nova licitação da empresa não só torna imprevisível a recontratação das trabalhadoras, abrindo espaço para o desemprego, como também, a depender da arbitrariedade da nova empresa, rebaixa os direitos trabalhistas que podem ser retirados ou uma eventual redução de salário em decorrência da troca de pessoal. São 330 famílias que correm o risco de serem lançadas à rua ou terem suas vidas ainda mais precarizadas, em meio ao governo Bolsonaro, à fome e à inflação.

quarta-feira 13 de julho de 2022 | Edição do dia

Isto reflete principalmente numa precarização e exploração ainda maior desse setor-chave para o funcionamento da universidade, que se expôs ao longo de toda a pandemia, responsável pelo fornecimento da alimentação à grande parte do campus e aos trabalhadores dos hospitais, lembrando que há muitos anos são estas trabalhadoras sujeitas a cargas de trabalho exaustivas fruto da terceirização. Desde o início do ano, sua sobrecarga aumentou, diante das demandas vindas dos protocolos sanitários no retorno.

Além desse escandaloso e aberto ataque à seguridade de empregos, a Unicamp já decidiu sobre a contratação da nova empresa que tomará controle da gestão por via de um pregão eletrônico DGA (n°269/2022), assinado no dia 13 de junho, sendo vencedora a EIRELI Soluções Serviços Terceirizados, reconhecida por fazer parte de uma série de processos irregulares, que resultou inclusive numa penalidade sanitário no estado do Rio de Janeiro. Segundo o Conselho Regional de Nutrição do Rio de Janeiro e da Comissão da Divisão de Alimentação da Superintendência de Contratos e Convênios, havia irregularidades na cozinha industrial da empresa. Os técnicos que fizeram a averiguação reconheceram falhas graves no estado de conservação da área onde se preparavam os alimentos que seguiam para os servidores e presos. Esta denúncia também foi realizada em ofício escrito pelo Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, que exige a suspensão contratual da empresa, em função da penalidade sofrida com duração de seis meses, para a conclusão do certame que a empossaria na gestão do Restaurante Universitário.
Assim, essa medida pode significar uma significativa queda da qualidade dos serviços prestados com relação ao oferecimento da alimentação no campus, o que vai prejudicar diretamente os estudantes que usam o restaurante diariamente, como os bolsistas, precarizando, portanto, um dos pilares da permanência universitária.

Lembremos que essas trabalhadoras já haviam sofrido semelhante ameaça de demissão em massa em 2019, e já relataram para o Esquerda Diário diversos casos sobre suas condições de trabalho. Naquele momento, enquanto a Reitoria de Knobel fazia um amplo movimento para defender a ciência e a “universidade pública, gratuita e de qualidade”, por outro lado já planejava como demitir as trabalhadoras ligadas a Funcamp, empresa que realiza o intermédio de contratos terceirizados para a Unicamp. Ou seja, para a reitoria essa trabalhadoras não são consideradas como parte da comunidade, e isso é expresso no Conselho Universitário, instância anti-democrática que não possui representação dos terceirizados. Embora sejam o motor de funcionamento do campus, a burocracia acadêmica e administrativa toma as decisões sobre suas vidas sem qualquer tipo de consulta, por meio de uma estrutura de poder totalmente antidemocrática, a saber, na qual nem os alunos têm proporcional participação.

Com em 2019, em que houve uma importante disposição de luta dos estudantes em defesa dos empregos das terceirizadas do bandejão, o que resultou num processo autoritário da Funcamp ao demitir politicamente Sidney, um dos cipeiros que denunciou duramente o tratamento da universidade com a categoria terceirizada, mais uma vez demonstrando que é preciso organizar nossa luta para barrar esse ataque.

Nós da Faísca Revolucionária e do Esquerda Diário expressamos toda a nossa solidariedade a essas famílias que têm seu futuro ameaçado pela universidade, junto à Funcamp, e chamamos o DCE e as demais entidades de estudantes, junto aos sindicatos de trabalhadores, a organizarmos a luta contra essa demissão massiva que pode significar em perdas estruturais tanto para os serviços do bandejão que afetam toda a universidade, assim como para a vida destas trabalhadoras.

Lutar pela manutenção dos empregos, sem qualquer demissão, retirada de direito ou corte de salários. Mas, além disso, lutar abertamente em nome da efetivação imediata de todas as trabalhadoras sem a necessidade de concurso público, pelo fim da terceirização que divide os trabalhadores a serviço de aumentar a exploração e que incorre numa constante submissão às empresas que visam somente o lucro, precarizando os serviços.




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