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Pão e Rosas | VEM AÍ: Encontro Comunista do Pão e Rosas “Feminismo socialista, antirracismo e revolução”

No próximo dia 25 de Março, ocorrerá em diversos estados e regiões do país o Encontro Comunista do Pão e Rosas, reunindo trabalhadoras e estudantes para discutir nosso "Feminismo socialista, antirracismo e revolução". Conheça e participe.

sexta-feira 17 de março de 2023 | Edição do dia

"Cuidado com as mulheres quando se sentem enojadas de tudo o que as rodeia e se levantam contra o velho mundo. Nesse dia nascerá o novo mundo", disse Louise Michel, combatente da grande Comuna de Paris de 1871, evento prestes a fazer aniversário neste fim de semana diante de uma França em ebulição contra a Reforma da Previdência de Macron. Com essas palavras, está expresso o potencial revolucionário da luta das mulheres quando se entrelaça à força operária e encontra uma estratégia capaz de atacar pela raiz as bases da sociedade capitalista. É essa perspectiva que queremos discutir no Encontro Comunista do grupo internacional de mulheres e LGBTs Pão e Rosas no próximo dia 25, que se dará de forma interestadual. Nosso objetivo é traduzir para os dias de hoje os desafios das mulheres que almejam por fim à exploração e opressão contra as mulheres, negros, indígenas e LGBTs na realidade brasileira e internacional e discutir como nos organizar à altura deles.

Tratando-se do país com maior população negra fora da África, sabemos que raça, classe e gênero se imbricam de um modo potente não somente para garantir os lucros da burguesia, que usa também a violência policial para reprimir os negros, mas que essa imbricação pode abrir caminho à luta de classes em sua forma mais aguda, com as mulheres negras na linha de frente. Por isso, com referentes como Carolina Cacau, Letícia Parks e Odete Assis, organizadoras do livro "Mulheres negras e marxismo", nosso feminismo é antirracista.

Para expressar essa força, no Encontro Comunista do Pão e Rosas, reuniremos em diversos estados professoras, metroviárias, jovens estudantes, terceirizadas, trabalhadoras domésticas, trabalhadoras das universidades e várias outras categorias para debater nossos desafios por um feminismo e antirracismo socialistas. São mulheres que nos seus locais de trabalho e estudo batalham cotidianamente contra todos os ataques dos patrões e governos, disputando sindicatos e entidades estudantis pela base e ligando a luta das mulheres às lutas da classe trabalhadora.

São as professoras que neste momento enfrentam a Reforma do Ensino Médio que precariza ainda mais a educação, como fazem em diversos estados nossas companheiras professoras Maíra Machado, Flávia Valle, Flávia Telles e Marcella Campos. São metroviárias que lutam por transporte de qualidade aos trabalhadores e à população, contra os ataques e avanços privatistas de Tarcísio em São Paulo e também contra a privatização autorizada por Lula-Alckmin no metrô de BH, com Fernanda Peluci, diretora do Sindicato dos metroviários de São Paulo. São estudantes comunistas que estão junto às terceirizadas pelo fim do trabalho precário e por universidades a serviço da classe trabalhadora e da população, organizando "tours comunistas", como Érika Thuanny, Camila Begiato, Ana Carolina Toussaint, Maria Fernanda Macedo, Luiza Eineck, Giovana Pozzi e Juliana Begiato. São centenas de mulheres que tomam sempre a linha de frente de cada luta, nas ideias e na prática. Nosso feminismo é pela auto-organização e batalha pela hegemonia operária.

Não poderia ser diferente: as mulheres cada vez mais fazem parte dos centros nevrálgicos de produção e circulação no capitalismo, sem os quais nossa sociedade não funciona, além de seguirem garantindo majoritariamente o trabalho doméstico nos lares. Podemos ser impulsionadoras de alguns dos capítulos mais agudos da luta de classes do país e do mundo, potencializando a unidade da classe trabalhadora e a aliança com a juventude e com todos os oprimidos. Nosso Encontro aposta nessa perspectiva. A serviço disso, está também Patrícia Galvão como diretora da Secretaria de Mulheres do Sintusp.

As trabalhadoras francesas que se enfrentam com a Reforma da Previdência de Macron, assim como as peruanas indígenas que lutam contra o governo golpista de Dina Boluarte mostram o caminho. Como Pão e Rosas, estamos internacionalmente intervindo nesses países. Na França, batalhamos por uma greve geral para derrubar a reforma, imposta de forma autoritária por Macron, e também conquistar reajuste de salários, sempre pela unidade entre efetivos e precários. Tomamos as ruas e locais de trabalho junto a milhões, batalhando por uma estratégia para vencer contra as burocracias sindicais, na linha de frente contra a repressão policial e paralisando alguns dos postos estratégicos nas refinarias. No Peru, Dina Boluarte conta com o reconhecimento de Biden, mas também de Lula, que autorizou o envio de munições para a repressão. Nós, por nossa vez, estamos junto às mulheres indígenas que enfrentam a repressão. Defendemos nosso feminismo socialista nesses países e na Argentina, nos Estados Unidos, na Alemanha, no México, no Chile e mais. Por isso, nosso Encontro contará com participações de outros cantos do mundo e com companheiras, como Marie Castaneda e Lina Hamdan, que vieram tomando a frente da seção internacional do Esquerda Diário. Nosso feminismo é internacionalista e anti-imperialista.

No Brasil, o bolsonarismo significou uma resposta ao fenômeno internacional de mulheres que se expressou após Junho de 2013, como nas jovens meninas que ocuparam suas escolas. Bolsonaro emergiu como representação da defesa e do fortalecimento dos valores mais conservadores em nossa sociedade. O direito ao aborto foi negado orgulhosamente para crianças de 12 anos, vítimas de estupro. Nós do Pão e Rosas fomos linha de frente do combate à extrema direita, sem conciliação com as instituições que o levaram ao poder. Pois, por outro lado, o que expressa o feminismo (neo)liberal da Globo que invade as novelas? Ou do STF? Esse feminismo liberal é uma expressão distorcida da força da luta internacional das mulheres, buscando demagogicamente canalizá-la para o interior das instituições que nos últimos anos articularam o golpe institucional para avançar contra os direitos das mulheres. Nosso feminismo é socialista, não liberal.

A terceirização, que tem sido a porta de entrada para o trabalho escravo no Brasil, representa o signo do trabalho precário que atinge em cheio as mulheres e os negros e tem se intensificado nos últimos anos após o golpe. Foi potencializada pela reforma trabalhista e por todas as reformas, que Lula já garantiu que não vai revogar, bem como não vai legalizar o aborto. Não existe igualdade salarial entre homens e mulheres sem enfrentar a burguesia que se beneficiou dos últimos anos para avançar contra nossos direitos. Foi sem confiança alguma no Estado que com companheiras como Valéria Muller, Grazi Rodrigues, Cris Santos, Rita Cardia, Tassia Arcênio, Lara Zaramella, Juliane Santos e Júlia Santana, interviemos nas reuniões de construção do 8 de Março batalhando por um programa para que os capitalistas paguem pela crise. Também por isso, terceirizadas como Andreia Pires serão parte do nosso Encontro. Nosso feminismo é classista.

Chamamos o Encontro Comunista do Pão e Rosas para nos organizar contra o trabalho precário que assola as mulheres, em maioria negras, confiando somente nas nossas forças.

Da Comuna de Paris, passando pela grande Revolução Russa e atravessando todo o século, vemos que as mulheres podem ser as protagonistas, junto à classe trabalhadora, na luta pelo comunismo, que parta da planificação democrática das necessidades sociais e alcance uma sociedade de abundância plena, em harmonia com a natureza, sem classes e sem Estado. Inspiradas em Marx, Engels, Lenin, Trótski e Rosa Luxemburgo, nossa luta é para que a exploração e a opressão sejam artefatos de museu. Para contribuir com essas ideias, Diana Assunção e Josefina Martinez estão trazendo ao Brasil a maior compilação de clássicos do marxismo sobre gênero já editada em língua portuguesa, com o livro "Mulheres, Revolução e Socialismo", além de o Pão e Rosas impulsionar o Podcast Feminismo e Marxismo. As Edições Iskra contam com Natália Angyalossy e Vanessa Dias à frente. Nosso feminismo é marxista.

Venha ao Encontro Comunista do Pão e Rosas no próximo dia 25!

Inscreva-se neste link!




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