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[VÍDEO] "Os desafios da esquerda socialista diante do governo Lula-Alckmin": Ricardo Antunes, Virgínia Fontes e Marcello Pablito debatem

Redação

[VÍDEO] "Os desafios da esquerda socialista diante do governo Lula-Alckmin": Ricardo Antunes, Virgínia Fontes e Marcello Pablito debatem

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Na última terça-feira (14/03) aconteceu a live de lançamento do livro das Edições Iskra “Esquerda em Debate”. O programa Esquerda em Debate foi um programa com 24 episódios durante o ano de 2022, justamente no período de transição do fim do governo Bolsonaro e especulações de um novo governo Lula-Alckmin, debatendo quais deveriam ser as políticas e as ideias da esquerda que se reivindica socialista e revolucionária. Entre os entrevistados por Diana Assunção estavam Ricardo Antunes, Virgínia Fontes, Vladimir Safatle, Plínio de Arruda Sampaio Jr, Michael Löwy, Lincoln Secco, Isabel Loureiro, Jorge Grespan, Beatriz Abramides, Vera Lúcia, entre outros. A seguir, assistam a live de lançamento do livro com Diana Assunção como mediadora e Marcello Pablito, Virgínia Fontes e Ricardo Antunes.

Trecho da fala de Marcelo Pablito: [...] A ocupação brasileira no Haiti e a terceirização eu acredito que são tabus, justamente do governo do PT, que são difíceis de serem defendidos por aqueles que são os maiores defensores do PT, do governo Lula. Aqui tem uma questão que me parece fundamental, que é, justamente, que essa estratégia de administração do capitalismo, ou seja, ir conduzindo a busca de conquistas parciais por dentro das instituições, ela sempre veio acompanhada de uma chantagem permanente né? Que se potencializou durante o período do governo Bolsonaro, que é a chantagem da governabilidade né? E o medo de uma volta da extrema-direita. E aqui fica a pergunta pra nós né? A gente vai voltar naquela velha armadilha dos primeiros mandatos do PT, que diziam que era um governo em disputa? Sendo que aqueles governos, na verdade, cumpriram o papel de passivizar o movimento de massas, desprepararam a esquerda para fenômenos como foram as Jornadas de Junho de 2013 e inclusive permitiram que a direita se fortalecesse assumindo um discurso antissistema. Bom, uma conclusão que eu acho que é necessária é que essa tal governabilidade no lulismo trouxe as tropas no Haiti pela relação com os militares e pela subordinação do Brasil ao imperialismo, a terceirização pela relação com os empresários, a negação de direitos elementares às mulheres, como o direito ao aborto, pela relação com a bancada evangélica, levou a repressão de junho de 2013, inclusive com o Haddad e o Alckmin juntos, cumprindo esse papel reacionário. A gente precisa se perguntar se a esquerda socialista vai virar defensora do status quo e se a gente aceitar novamente a tese de que tudo que não seja institucional fortalece a extrema-direita, me parece que é um erro categórico entrar nesse caminho.

Trecho da fala de Virgínia Fontes: As burguesias brasileiras, e eu falo no plural a la Florestan Fernandes, jamais limitaram sua atividade ao quadro institucional. Elas atuam, atuavam e continuam atuando, em inúmeros cenários, tanto no jogo parlamentar e a tendência da grande mídia é centrar todos os holofotes no jogo parlamentar e no jogo das institucionalidades digamos mais ou menos evidentes, que foram de fato devastadas por Bolsonaro, porém a atuação burguesa se dá dentro do Estado diretamente nos polos de tomada de decisão que não são, digamos assim, transcritos sob a forma de institucionalidade pela mídia. Alguns chamam isso de lobby, lobby é uma palavra que absolutamente não dá conta, é um tipo de análise liberal, mas, na verdade, a gente vai poder acompanhar esse comitê gestor da burguesia dentro do Estado em posições estratégicas dentro do Estado brasileiro, o que é uma peneira para esses grupos, mas dentro de todos os Estados capitalistas.

Trecho da fala de Ricardo Antunes: Agora como enfrentar então, frente a diferença de 2022 a 2002, a extrema-direita? [...] Eu não acredito que o governo Lula seja um governo que você possa empurrar pra esquerda ou pra direita, o governo Lula está claramente desenhado. Ele assumiu uma vitória, digamos, com a proposta “antifascista” no sentido mais geral, porém claramente convivendo com forças burguesas, prevalentemente neoliberais, e com os grupos dentro do PT que não são neoliberais, mas também não são socialistas radicais. Nós sabemos que há muito tempo o PT não levanta a bandeira do socialismo, não tá no ideário do núcleo dominante do PT. Imaginar lá o Rui Costa e outros falarem alguma coisa nesse sentido não passa né? O que eu imagino do governo da Bahia, do que eu pude acompanhar aqui, em que o Rui Costa era governador, ele jamais falou alguma vez em experiência socialista, isso não passa. Então, como enfrentar a extrema-direita? Pressionando o governo Lula pra ser impiedoso na punição dos fascistas e golpistas, impiedoso! Pressionando o judiciário pra ser impiedoso. E só tem um jeito de derrotar a extrema-direita: auto-organização popular, organização popular através de partidos e sindicatos de classe. Eu não tenho uma visão exclusiva, só os partidos ou só a auto-organização popular. Acho que todas são vitais, um pouco do que eu aprendi com a experiência russa de 1905 e depois de 1917 né?


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