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Apagões | Zero Hora dá justificativas patéticas para fracasso na privatização da CEEE

O jornal Zero Hora foi árduo defensor da privatização da CEEE. Agora que dezenas de milhares estão sem luz após um temporal, jorram reclamações do serviço e a tarifa está ainda mais cara, parece que a família Sirotsky e seus funcionários não querem assumir a paternidade do filho feio. Segura que o filho é teu, RBS!

quinta-feira 10 de março de 2022 | Edição do dia

Em poucos meses de gestão, já é nítido o fracasso na privatização da CEEE. Em 7 de março, mais de 120 mil clientes estavam sem luz após o temporal de domingo. Três dias depois, ainda 57 mil clientes alegavam falta de luz. DMAE reclamou dos serviços da nova gestão da CEEE privatizada e disse que “nunca tínhamos ficado tanto tempo esperando”.

Chovem reclamações da nova gestão e a Agergs, que regula serviços públicos no estado, já apontou descumprimento de prazos para detalhar reestabelecimento de energia por parte da privatizada. Em suma, a privatização da CEEE, promovida por Leite, aprovada pela ALRS, incentivada pelo RRF do governo Bolsonaro, avalizada pela justiça e tão propagandeada pelo jornaleco da RBS, se mostrou uma grande e desastrosa furada. Quem paga a conta somos nós…

Mas mais patético ainda são as tentativas dos jornalistas liberais da ZH em tentar remediar a pataquada. O problema da privatização é tão escancarado que a ZH teve que criticar esse modelo de privatização em especial, para não assumir o enorme fracasso da privatização como política pública em geral. Paulo Germano disse em sua coluna que o problema foi que a Equatorial prometeu fazer investimentos, mas não fez, e sugeriu à empresa “se emendar” (seja lá o que isso significa) ou que o governo estadual reabra novo edital de privatização. A única parte que Germano parece acertar é o final, onde diz: “Erro, mesmo, é as coisas seguirem assim.” De fato, Germano, erro mesmo é as coisas seguirem assim, com um serviço essencial nas mãos de empresários capitalistas que só querem lucro e o jornal de vocês chegarem em tantas pessoas. O problema é o capitalismo, estúpido!

Giane Guerra foi além no malabarismo retórico e disse que o problema foi “privatizar serviço essencial sem concorrência”. Ou seja, após defenderem com unhas e dentes a privatização e saudar a compra da CEEE pela Equatorial pela bagatela miserável de R$ 100 mil, a galera fala que o problema é a ausência de concorrência... Suas propostas são como o Barão de Münchausen, que escapa da areia movediça puxando os próprios cabelos. Os liberais da ZH querem concorrência onde não há e rezam a cartilha liberal do livre-mercado em meio a um setor monopolizado por um punhado de capitalistas que fazem o que querem. É a velha propaganda liberal que tenta engambelar alguns incautos. Mas a realidade é que um ramo monopolizado como o da energia, em meio a uma crise capitalista que vem afetando fortemente o Brasil e o Rio Grande do Sul, só pode gerar essa situação de apagões, tarifas caras e péssimos serviços. O drama do apagão no Amapá parece não ter existido para essa gente.

Por isso a necessidade de reestatizar a CEEE e colocá-la sob controle dos próprios trabalhadores em aliança com o usuários, que sabem melhor do que ninguém as necessidades da cidade. Combinado a isso, é fundamental uma reforma urbana radical em Porto Alegre e na zona metropolitana, para garantir energia elétrica segura, água e saneamento básico a todas as pessoas, bem como moradia aos que perderam suas moradias. Basta de todo ano faltar água e luz nas casas dos trabalhadores e basta de gente sem casa. Um plano de obras públicas nesse sentido pode ajudar a atacar o enorme desemprego da cidade, que hoje afeta centenas de milhares, e avançar numa reforma urbana radical que garantisse moradia e direitos a todos.




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